máscaras

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A sala pequena tinha uma tonalidade de lilás bem claro em sua iluminação. Teoricamente, deveria ser vermelho. Mas Jiang Cheng sabia trocar os pequenos cristais nas janelas, então uma penumbra roxa tocava todos os poucos móveis. Uma cadeira, uma cama, uma penteadeira. E a chave sobre a última.
Ele demorou enquanto se encarava no espelho. A máscara escura como lava endurecida tinha que o cobrir bem. Não podia arriscar ser conhecido em um lugar como aquele. Ainda mais em roupas tão reveladoras, com um tecido tão sensual quanto era o cetim violeta que cobria praticamente só metade do seu corpo. E tinha certeza absoluta que conseguia se disfarçar excelentemente pela seita. A estalagem tinha uma impressão formal e séria demais, mal imaginavam que sob aquele teto sóbrio aconteciam tantas orgias. Não entendam mal, ele não precisava daquele dinheiro. Era o líder, claro que não precisava. Mas a sensação de estar fazendo algo tão errado era incomparável, e por mais que fingisse que teve vergonha quando o irmão deu aquela ideia, estava feliz de ter aceitado. Só não admitiria, é claro. Tinha uma reputação a zelar. Perdido nos próprios pensamentos, quase não ouviu a porta bater. Ele se virou, e lá estava o cliente.
O coração dele falhou algumas batidas. A pessoa usava máscara também, mas a postura não escondia nada. Nem precisou olhar em seus olhos claros pra ter certeza de quem era.

- Boa noite.

Foi só o que Lan Xichen disse. Ele usava vestes escuras, o braço atrás das costas. Se curvou brevemente e deu un passo mais perto. Jiang Cheng recuou.

- Como você...

- Vamos conversar.

Ele sentou na cama, repentinamente esperando a surpresa de que as vestes de dormir não fossem tão reveladoras assim.

- Não estamos em Yunmeng. Eu tomei cuidado, usei talismãs. Ninguém me conhece aqui. Como você... Como chegou aqui?

- Tenho as minhas fontes. Mas vim procurando os seus serviços. Estamos disfarçados, é como... Eu não conto se você não contar.

A expressão de Cheng mudou rapidamente, entre triste, confuso e surpreso. Mas seria estúpido de perder aquela chance, queria fazê-lo desde que a guerra tinha começado. Agora seria perfeito. Como um contrato silencioso, eles se encararam por breves segundos antes do menor puxá-lo pra perto e se sentar no colo alheio. Ele respirou fundo, olhando pra baixo, e o encarou. Enquanto o olhava, começou a mexer o quadril.

- Eu sempre me perguntei como seria me deitar com você.

- Bom... Já vamos saber. - Huan apertou a cintura dele, completando a resposta, e Cheng se moveu com mais intensidade. A voz presa em sua garganta fez murmúrios roucos num ritmo lento, dando uma melodia pros próprios movimentos.

Lan Huan não esperava uma mudança tão brusca, mas assim que a surpresa deixou sua expressão, as mãos deslizaram pelo tecido da roupa dele, apertando sua bunda com força, o compelindo a continuar o movimento sobre si. Já podia sentir o próprio membro pulsar, e podia apostar que Jiang Cheng não estaria tão diferente em alguns minutos. Wanyin achava que estava no controle da situação, inalando aquele perfume inebriante que vinha dos cabelos soltos dele, mas estava enganado se achava que conseguiria continuar assim; Xichen logo escorregou uma mão pra baixo da roupa dele, buscando apertar sua carne, e quando sentiu que o outro estava nu não controlou uma risada curta, por puro prazer. Apertou com as unhas, queria marcá-lo... E Wanyin queria também, tanto que foi o único com quem não reclamou - especialmente por estar tão excitado no movimento que aumentava a velocidade a cada fôlego novo. Em algum momento, ouviu um som parecido com um rosnado: Xichen tinha chegado em seu limite. Murmurou um palavrão, arrancou o tecido fino do mais novo, segurou sua cintura e, ao fincar as unhas, o virou na cama, deixando o rapaz sob si. Wanyin parecia em choque, ninguém tinha questionado seus comandos até ali, mas era uma surpresa extremamente deliciosa que ele não tardou em responder, envolvendo a cintura do outro com as próprias pernas. O puxou pra perto, deixando só o espaço suficiente pra que se encarassem atrás das máscaras. Xichen engoliu em seco, nunca tinha visto aqueles olhos mostrando algo mais que raiva, ódio ou seriedade, agora suas pupilas estavam nubladas pelo mais puro desejo, e ele desconfiava que o próprio olhar não era diferente.
Wanyin correu o olhar pra baixo, parando em cada vinco mínimo que marcava a pele sob a roupa, e soube como responder àquela tomada de poder. Embaixo da máscara ele sorriu com teimosia, antes de puxar as vestes escuras do outro com força e agilidade, rasgando o tecido que caiu onde as vestes dele estavam. Xichen mordeu o lábio com força, soltando a cintura fina pra subir a mão até seu queixo.

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