parque de diversão

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- Toma — Meu pai me entregou seu cartão de crédito - Hoje você pode estourar o limite!

- Mas pai o limite do seu cartão é só 200 reais — Falei frustada

- E você quer mais que isso? Não sou rico não filha — Deu uma gargalhada sonora que fez com que meus ouvidos vibrassem de uma forma negativa

Todos os anos vem um parque de diversão para minha pequena cidade no mês de julho, e meu pai sempre faz questão de me levar todo ano desde que eu me conheço por gente, já que para ele era um local onde eu poderia me divertir mais que o necessário, diz ele que eu preciso disso pois sou muito retraída, gostaria que o mesmo estivesse errado, mas infelizmente ele está certo! As vezes me culpo por isso, pós queria ser mais extrovertida, talvez assim eu seria mais interessante para as meninas da minha idade.

- Alô — Falou meu pai ao atender o celular — Droga, odeio quando ele deixa o aparelho ligado quando saímos juntos, poxa a gente quase nunca se ver, quero a atenção dele só pra mim!

- A não papai, desliga por favor -— Fiz minha melhor carinha de cachorro sem dono, mas não funcionou, na verdade nunca funcionava com ele, o que me irrita bastante porque sempre funciona com minha mãe

- Desculpa pequena, essa ligação é muito importante! — Meu pai falou tampando o fone do celular com a mão para que pudesse se comunicar comigo - Eu volto logo — Assegurou saindo sem ao menos esperar que eu protestasse

Se tem uma coisa que eu mais odeio, é ficar sozinha em um lugar público e quando está cheio de pessoas ao redor me faz ficar aflita, minha respiração falha de uma maneira que não sei explicar, não tenho fobia nem nada do tipo mas fico nervosa com tantas pessoas em volta, sinto que quando olham para mim, podem ver todos os meus pecados e isso é aterrorizante

[...]

- Desculpa, eu não te vi — Escutei uma voz feminina após ser derrubada no chão - Esqueci meu óculos em casa, como está de noite e as luzes do parque são fortes, deixam minha visão mais embarçada que o habitual — A garota não parava de falar, será que ela é tão cega assim para não ver que eu estava no chão precisando de uma mão para que pudesse me levantar? - Você me desculpa? — Continuou a falar me fazendo revirar os olhos

- Me ajude a levantar, acho que você quebrou minha perna! — Fiz uma careta já que eu realmente estava sentindo meu joelho doer

- Você é tão fraca assim? — Indagou risonha estendendo a mão para que eu pudesse segura-la

Quem essa garota pensava que era para falar que eu era fraca? Nem me conhece! Que intimidade é essa que eu nunca a dei? Aliás como darei intimidade a uma garota que nunca vi? Pelo visto ela se deu essa intimidade

- As pessoas estão começando a olhar para nós — Escutei a voz da garota me tirar dos meus desvaneios  — Que tal segurar minha mão? – Sugeriu arqueando a sombrancelha

- Eu sei me levantar sozinha! — Tentei de alguma forma me levantar mas meu joelho doía

- Você é uma menina teimosa! — A Escutei suspirar e logo em seguida pegar a minha mão sem permissão, me puxando de vez, fazendo com que eu gemesse de dor pós não esperava por tal ato

- Você é louca? – Alterei minha voz ao ficar em pé e conferir se minha calça botão xadrez tinha feito algum rasgo no joelho, mas vi que não, talvez o local só estivesse doendo pelo impacto da queda

- Louca é você de continuar caida no chão! Tava parecendo uma tartaruga tentando desvirar e falhando terrivelmente — Soltou uma gargalhada, que eu achei estranha demais para uma garota com feições tão delicadas mas não conseguir segurar o riso ao escutar essa risada tão peculiar - Se eu te fiz rir, então com certeza estou desculpada!

A stranger known | ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora