Re: T r e

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O vinho que continha em minha cozinha era um que Alex gostava de beber quando havia alguma reunião aqui em casa, que ele fazia raramente com seus amigos médicos.

— Tem esse aqui, quer? — Mostrei a garrafa com o rótulo branco, de nome francês.

— Puxa, Alex tem o paladar refinado assim? — Sabrina sorriu pegando uma taça no armário. — Safra de 1930, querida, esse é um clássico!

— Eu não sou uma boa apreciadora. — Sorri sem jeito. Observei o modo com qual balançou levemente a taça, e então cheirou e por fim bebeu. Precisava todo esse ritual?

— Hum! Isso é dos deuses! — Ela sorriu enquanto bebia mais. — E o melhor, é seco. Meu preferido.

Sabrina colocou a garrafa próxima a ela no balcão e se escorou.

— Então, o que faremos agora? — A voz atrás de mim era cheia de esperanças de um dia completamente diferente, enquanto eu, guardava às compras.

— Querida, não sei muito o que você espera de um dia onde você começa a beber vinho seco as nove da manhã. — A olhei enquanto segurava uma lata de milho.

— Ah, Madie! — Ela suspirou em descrença. — É que foi uma semana muito agitada, e bem, me senti exausta. Vários projetos para entregar, coisas de casa para resolver, essas coisas sabe?

— Essa é a vida de dona de casa, esposa e profissional. — Terminei de guardar os produtos no armário. — Ah, tenho de ligar para sua mãe para cancelar o final de semana.

— Por quê? Não está afim do tiranismo dela? — Sabrina riu, mas pensando bem, era ela quem mais era regrada na mão de Sarah, a perfeccionista.

— Alex não poderá ir neste final de semana, então, ficará para um próximo. — No meu telefone, busquei o contato dela. — Espero que ela entenda.

Mandei uma mensagem simples, porém expressando que logo nos a visitaríamos com boas notícias.

Meu dia foi com Sabrina junto a mim, sempre querendo fazer algo e se afundando em álcool. Com certeza, o estoque que havia aqui em casa, ela bebeu. Por volta das quatro da tarde, estava desmaiada no sofá, e eu temia que houvesse entrado em um coma alcoolico.

— Owen! — Exclamei assim que o celular dela tocou em sua bolsa.

— Olá, Madie! Onde está Sabrina?

— Bem.. Ela bebeu um pouco e está apagada aqui, pode vir pega-lá?

— Claro, me dê alguns minutos e estarei aí.

Desligou, e então encarei minha cunhada que babava com o cabelo tampando seu rosto. Ainda segurava o litro de conhaque, quase vazio, em suas mãos. Ela bebeu o conteúdo alcóolico como se fosse um suco de groselha.

Estava sentada na poltrona quando a campainha tocou, e em um pulo fui abrir.

— Owen, entre.

— Puxa vida, o que rolou aqui? — Examinou sua esposa e então colocou ambas as mãos em seu quadril.

— Bem, ela chegou querendo um dia de meninas, mas perdeu a mão no álcool. — Dei de ombros, não imaginava que ela fosse desmoronar, estava tão firme.

— Imagino que sim, bem.. — Ele a pegou no colo. — Eu cuido dela daqui em diante, obrigado Madie.

— Por nada! Me avise se precisar de algo..

— Certo. — Ele sorriu e se foi.

Owen é um homem bacana, centrado e bem na dele. Se formou jovem em engenharia civil, e hoje atua como engenheiro da prefeitura e autônomo. De aparência sempre seria, cabelo sempre raspado, ele passava um certo medo, mas era um amor.

Passei meu tempo pulando canais na televisão, nada me chamava atenção, e meu celular também não continha nada de muito interessante.

Olhando minha rede social pela vigésima vez em busca de algo que me fizesse passar mais o tempo, a foto de Alex abraçado a uma mulher morena chamou minha atenção.

Meu agradecimento a este homem: que me ajudou a chegar até aqui, e que me apoiou sempre!

Júlia havia postado está foto, e ela sorria olhando para ele, enquanto meu esposo olhava para frente. Pareciam um casal.

O que?

Por que pensei nisto?

Madeline, não pira.

Meu celular tocou, a voz grossa denunciou.

— Madie, não irei jantar em casa, chegarei tarde. — Alex disse, e ao fundo se ouvia barulhos. — Não espere tanto por mim, sim querida? Tentarei chegar o mais rápido, estou numa reunião.

— Certo, sem problemas. — Ele desligou, suspirei. Eu nunca desligava sem dizer eu te amo, e desta vez, foi.

Olhei para a cozinha desanimada, sem vontade de fazer algo para comer, e me rendi a um lanche que pedi por telefone. Estava gostoso, e até me fez sentir sono enquanto fazia a digestão deitada no sofá.

Eu teria que me preocupar com minha alimentação logo, afinal, entrei num novo estágio em minha vida, serei mãe. Meus olhos foram fechando devagar, e fui me deixando levar pelo sono.

...

— O que achou do filme? — Alex perguntou enquanto saíamos do cinema.

Havia mentido para minha avó, e estava na capital com ele. E estava sendo um dos momentos mais importantes para mim.

A todo momento me tratou com delicadeza, carinho, é muita atenção. Até, chocolates comprou para mim, segurou minha mão durante o filme, eu estava me sentindo num filme juvenil, onde minha vez finalmente chegava com um cara lindo. O clichê, a gordinha e o popular.

O cabelo louro caia por sua testa enquanto ele mantinha a cabeça baixa olhando o cardápio da lanchonete, a sobrancelha bem feita franzida para ler as opções, o olhar azul bem concentrado.

— Acho que vou pedir batatas e um hambúrguer, e você?

— O mesmo e um milkshake. — Sorri.

Ele usa a roupas casuais, mas continuava sério. Alex emanava seriedade, responsabilidade, mas quando sorria, ah... Ele me ganhava ali.

— Um dólar pelos seus pensamentos.

— Estou pensando que estou feliz de estar aqui com você.

— Eu também.

Ele me beijou. Ali. Na frente de todos, sentados na mesa daquela lanchonete, foi um beijo que revirou tudo dentro de mim, e eu me senti nas nuvens.

Acho que eu o amo.

...

Olá, lindos e lindas! Tudo bem? Atrasou um pouco, mas saiu! Não esqueçam da estrela, e de comentar o que estão achando, em?

MadelineOnde histórias criam vida. Descubra agora