Epílogo.

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  Era aniversário de Emma. O grupo de amigos tinha se reunindo naquela sala e comemoravam pelo décimo sétimo ano de vida da garota.
  Eles trocaram risadas, piadas, e se divertiram muito naquele dia. Mas, em um outro lado da sala, Norman e Ray estavam sentados no sofá, muito mais desanimados que o comum.
  Os garotos tinham um relacionamento à quase dois anos, mas naquele dia estava tudo dando errado. Muitos dos colegas não apoiavam o relacionamento, além do julgamento que Ray percebia todos os dias ao olhar para sua mãe, não se sentia bem.
  Mesmo sabendo o quanto amava a garoto, mesmo sentindo as borboletas na barriga sempre que estava perto dele, a dor no peito de voltar a não ser aceito pelos outros ao seu redor era mais forte.
  Norman o amava, Emma ficava feliz pelos dois, mas aquilo não era o suficiente.

  - Vamos terminar.- Ray disse após um tempo em silêncio, e Norman não pareceu surpreso com a fala.

  - É isso que você quer?- Foi tudo o que o menino disse.

  - Isso é o que parece certo para mim, Norman. Não dá certo, tivemos que esconder por um ano e meio, e durante esses meses que demonstrando tudo mudou. Eu não aguento isso.- Ray disse, aparentando estar desesperado.

  - Ray, sério mesmo? Terminar um namoro só por causa de um julgamento besta?- Norman aumentou o tom de voz, ficando nitidamente irritado.- Não é como se você fosse amigo das pessoas antes.

  - A minha mãe, Norman. Ela me julga todo dia.- Ray o olhou para ele, e resolveu jogar o jogo do de madeixas brancas.- Ah, esqueci, não é como se você entendesse isso...

  - Você também mora no orfanato Ray. Tá querendo ser o melhor por quê? Isso significa quase a mesma coisa de ser abandonado pela mãe.

  - Mas eu tinha você, e tinha a Emma.

  - Continua tendo, Ray. Você começou a se separar de nós por nada. Não é como ser gay fosse o fim do mundo, você fez isso parecer assim.

  Ray se levantou e foi embora, ignorou os chamados de Norman, apenas foi. Ele sabia que o namorado estava certo, mas o que poderia fazer? Quando estava se sentindo confortável para contar sobre o relacionamento todos os julgaram, todos eles voltaram a ficar longe de Ray.
  Ele queria ser uma pessoa normal, ignorar um pouco os diversos fatos que rodeavam sua vida e ter amigos.
  Se aquilo significasse terminar com Norman, ele sentia que era necessário. Afinal, não amava mesmo o garoto, era só uma paixonite.
  Mais uma vez, Ray sabia que estava mentindo para si mesmo. Sentiu as lágrimas caírem, sentiu o medo de perder a amizade de seu melhor amigo e namorado, sentiu-se pela milésima vez nessa semana, incapaz de resolver o que sentia. De desvendar os seus sentimentos.

𝘔𝘢𝘪𝘴 𝘶𝘮𝘢 𝘤𝘩𝘢𝘯𝘤𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora