As casas de madeira, todas idênticas e enfileiradas de ambos os lados da rua deixavam o menino com muito medo, mas ele só conseguia pensar na bronca que levaria por ter se atrasado. As luzes na rua iam se apagando, as janelas e portas eram trancadas. Enquanto andava o mais rápido possível naquela rua deserta, o garoto com medo do escuro procurava lugares ainda iluminados pelos postes de luz, mas assim que pisava dentro de círculo de rua iluminado, o poste se apagava. Alguns, bem poucos, flocos de neve caiam do céu.
Galahad se sentia mal. Muito mal.
Ao horizonte, resquícios de luz solar estranhamente alaranjada eram devoradas pelo fim do mundo e a escuridão da noite, eventualmente, tomava conta do céu. Neve caia calmamente, porém as ruas ainda estavam com poucos vestígios de que caíra neve ali. Galahad começou a correr e apenas por medo das imagens que seu cérebro lhe trazia — imagens que só um cérebro agitado trás quando menos queremos — ele fechou os olhos, porém alguma coisa, sem avisar, o tirou o equilíbrio e Galahad e seu material foram ao chão.
Quando abriu os olhos, já estava caído, a rua completamente escura e a neve, agora negra, caia. A escuridão reinava no céu sem estrelas e seu material estava espalhado no chão. Rapidamente, Galahad ajoelhou e começou a juntar seu material evitando olhar para os lados, pegou seu livro de teoria da escola e leu "Capítulo nove: Meditação"
"Não é hora de meditar"
Galahad apertou o material contra o peito o que lhe fez sentir o coração que batia terrivelmente acelerado e se levantou choroso. Observou rapidamente ao redor para conferir se não deixara algum material para trás e avistou em que tropeçara. Era uma esfera de vidro que aprisionava uma flor dentro e entre as pétalas uma gota extremamente grande, porém, quando o garoto coletou o objeto do chão, percebeu que não era uma esfera, pois seu fundo era achatado.
Galahad correu para casa e após contornar algumas esquinas e atravessar ruas completamente escuras, chegou na residência de número 292. Lar. Exatamente igual às outras casas, mas ele reconhecia seu lar. O menino subiu os três degraus que levavam à varanda e bateu à porta.
Deu uma batida e enquando sua mão recuava para dar a segunda batida, a porta de madeira se abriu súbita e suficientemente para passar um braço e uma mão gélida o puxou para dentro da residência com material e tudo, sem dar tempo de Galahad começar a pensar em agir.
— Você perdeu a noção do perigo!? - uma mulher lhe olhava furiosamente de cima. Os olhos se enchendo de água. Ela desabou em cima dele e o abraçou completamente em prantos.
O interior da casa era mais frio que o lado de fora.— Pare de chorar, mulher. Eu disse que ele estaria bem. - uma mulher mais jovem comentou com rispidez ao passar pelos dois abraçados no chão.
A mulher parara de chorar e estava limpando as lagrimas dos olhos enquanto se levantava. Ela tinha cabelos negros que estavam completamente bagunçados, porém bem cuidados, e fios aleatoriamente lhe cobriam a face. Ela era magra e de cor de pele mais escura e vestia roupas velhas como praticamente todas as mães.
— Ele finalmente chegou? - uma voz de homem veio de algum lugar mais adentro da casa.
— Sim, mamãe está se recuperando pra dar uma bronca nele. - disse a garota sorrindo.
A mãe se endireitara em uma postura bastante elegante e retirava os fios da frente do rosto. Ela era linda. O rosto possuía feições belas e jovens, porém percebia-se em seus olhos que era uma mulher decidida e que passara por vários momentos difíceis em sua vida os lábios eram outra história. Eram apaixonantes e brilhavam, como parecessem ser mágicos, faz você imaginar que cada palavra que sair daquela boca fossem soar perfeitas e suaves...
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Sombras: Galahad
AdventureO reino Chi (X) localizado no centro-sul do Mundo, é um reino ainda pequeno, onde vive Galahad e sua família. Uma herança de terror assombra o clã desde os primórdios dos tempos e é por causa deste legado que a vida de um garoto de apenas 12 anos ir...