Capítulo Único

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Estavam todos ansiosos pela nova fase em suas vidas, alguns apenas queriam que o ano militar obrigatório se finalizasse para enfim seguirem o rumo de suas vidas, ou seja faculdade, trabalho ou outras coisas de seus interesses. No entanto, outros queriam continuar e ir subindo de patente no Exército.

As fardas estavam o mais organizadas possível no corpo, as botas pretas e limpas, os cabelos raspados. Contudo, ali no dormitório conseguiam relaxar alguns minutos antes que o Capitão aparecesse para analisar e lhes dar as informações necessárias.

Aqueles que já tinham família ou irmãos que prestaram o serviço, apenas os aconselharam a não bater de frente com nenhum superior, pois suas vidas se tornariam um grande inferno se o fizessem. Portanto, independente de quem cruzasse aquela porta seria tratada com o máximo respeito possível para que não o marcasse e odiasse, apenas torciam que não fosse uma pessoa tão horrível.

O dormitório consistia em um grande espaço retangular, espaçoso e amplo, diversas beliches espalhadas com a devida numeração, a qual constava em seus papéis ao serem direcionados para o local. Nas camas, apenas um cobertor esverdeado, um travesseiro branco e lençóis da mesma coloração. Ao lado um pequeno móvel com duas gavetas para colocar os pertences importantes, pois a mala com as roupas deveriam ficar organizadas embaixo da cama. Algumas janelas para ventilar e circular o ar quando abertas. Não era a definição de aconchegante, mas um dia poderia começar a ser.

Quando ouviram a porta abrir se levantaram em um quase sobressalto

Cabelos pretos lisos caindo em sua testa, aos lados bem aparados extremamente curtos, uma pele pálida que era quebrada apenas pelas olheiras escuras de alguém que claramente não dormia muito bem nos últimos dias e os olhos cinzentos carregados indicando que normalmente não era uma pessoa muito feliz. Farda esverdeada perfeitamente arrumada no corpo, cinto segurando a calça e as botas praticamente brilhando. Uma prancheta em uma das mãos e a corrente cinzenta rodeando seu pescoço deixando o pingente com suas informações sobre a camisa.

Conseguiam ler na camisa da farda algo parecido com: CAP. Ackerman.

No entanto, aguardariam que ele se apresentasse.

- Esquadrão 5, não é? — Perguntou entediado quase a bocejar encarando os novatos que concordaram imediatamente. Uma voz rouca e que soava autoritária com pouquíssimas palavras. — Então por que diabos não estão em postura para receber um Superior adequadamente?

Naquele instante todos, sem excluir nenhum dos recrutas, admitiram que a convivência não seria fácil. De certa forma, ninguém esperava que fosse, no final das contas o exército era conhecido pelas rotinas árduas e pessoas do tipo daquele homem, então não era uma surpresa tão grande a primeira pessoa que tiveram contato ser daquela forma. Talvez um dia até chegassem naquele nível sem nem perceber a evolução de mau humor.

Ajustaram a postura formando duas filas lado a lado deixando o corredor livre, cada um em frente a respectiva cama que iria ocupar durante o tempo que teriam que obrigatoriamente dormir por ali.

- Sou o Capitão Ackerman, infelizmente terei que instruir vocês por um tempo. — Apertou a prancheta em mãos, algo inútil e uma burocracia que queria ser poupado, mas não havia tantas opções. — Eu não queria estar aqui e suponho que a maioria de vocês também não, então não sejam filhos da puta e apenas façam o trabalho direito.

Emitiram sem muita sincronia a frase: "Sim, senhor!".

Largou a prancheta sobre a cama de um deles para que pegasse depois, o rapaz não reclamou, não poderia, estava com medo demais de abrir a boca e o superior fazer qualquer coisa além de palavras ríspidas.

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