Minha Experiência

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“ME CONVENCI QUE ERA IMPOSSÍVEL, QUE AMAR DEMAIS REPRESENTAVA PERIGO, E AÍ VOCÊ ME OLHOU, E JÁ ERA”
NOSSA CONVERSA-KELL SMITH

Aí você me questiona o que tudo isso tem a ver com romances clichês e eu te respondo, não cheguei à conclusão ainda, vamos chegar juntos, afinal não planejei essa escrita, como diria John Lennon, a vida é aquilo que acontece enquanto você está fazendo outros planos. Parece não fazer sentido minha última fala, mas quando eu comecei a escrever eu estava planejando ir dormir, quando resolvi mexer nas minhas redes sociais e reparei que minha ex-paixonite e ex-amigo havia me parado de seguir em todas as redes sociais mas continuava vendo meu status do Whatsapp. E aí eu pensei em que momento chegamos a esse nível. Vamos chamar esse cara de Ricardo. Não vou expor o lindo nesse ponto, afinal só tenho a agradecer, inclusive porque sua atitude me libertou do bloqueio criativo que eu estava vivendo. Vamos adotar esse nome pelo simples fato que não sou obrigada a falar o nome dele, geralmente quando encontro alguém com esse nome me refiro a pessoa de nome duvidoso, então por uma questão de educação pensei em um nome para ele e que não combina com ele sem dúvidas.
Ricardo e eu nos conhecemos em 2010, quando tínhamos 5/6 anos. Mas Cris, como você lembra disso? Pelo simples fato que Ricardo foi o "meu primeiro amor" e meu primeiro fora, então se existir alguma frase que fala "o primeiro fora a gente nunca esquece", é exatamente a minha situação. Não detalhando muito esse início que, se vocês não se importarem, vou evitar detalhar por conta da vergonha alheia que eu sinto relembrando desses momentos. Resumindo, eu tinha uma leve queda por ele, escrevia várias cartas de amor, afinal eu sempre gostei de escrever, até que em 2011, ele me diz que sou a terceira na sua lista. Para mim foi um choque, afinal as duas primeiras nem gostavam dele e eram minhas amigas, não fariam isso, pobre Cris de 7 anos, completamente ingênua (com isso quero dizer TROUXA). Naquele ano eu mudei de escola, então pensei: nunca mais vou ver ele, graças a Deus. Novamente ingênua, já que eu moro em BH, e se você não conhece aqui, te apresento a famosa cidade ovo, onde você pode não conhecer a pessoa, mas conhece o conhecido dela, ou já ouviu falar nela. Uma amiga minha da escola me confirmou que ele havia mudado de unidade, infelizmente bem longe do nosso bairro (com longe eu quero dizer do outro lado do Mineirão).
Com as dicas que eu dei vocês já devem imaginar qual tipo de clichê nós estamos trabalhando, afinal eu dei datas, a informação que BH é um ovo e o adicional é que eu acreditava que primeiro beijo tinha que ser especial. Sim, aparentemente essa é a famosa história de reencontros em que a protagonista tem seu primeiro beijo com o seu primeiro amor. Lendo isso parece ser patético, e realmente foi algo assim. E se você chegou até aqui e está achando isso chato demais, sinto em lhe informar, isso piora. Ou não. Como vocês devem ter percebido não deu certo. Não ainda, já que logicamente a gente não controla o dia de amanhã, e eu sei bem disso, todo mundo deveria saber. Também não controlamos de quem a gente gosta, sempre repito essa frase: “Você acha que eu teria escolhido gostar da mesma pessoa duas vezes? ”. Antes que você pense que a resposta é sim, quero deixar claro que não foi uma escolha minha, tem que ser bem trouxa fazer essa escolha, apesar de me considerar extremamente trouxa por ter gostado dele duas vezes.
Uma coisa que não aconteceu durante os anos que ficamos longe foi de esbarrar com o nome dele como esbarro hoje. Garanto para você que uma das piores coisas que se tem quando está se evitando uma pessoa é quando o nome dela aparece em todos os lugares que você está. Com ele sei que não acontece, afinal meu nome de gente velha não é tão comum e com certeza devo ser a Maria Cristina mais jovem no Brasil, agora o Ricardo tem um nome comum, que está em definitivamente todos os lugares que eu vou. Mais para a frente prometo falar sobre essa perseguição, já que nesse ponto da história não aconteceu isso. Eu era uma criança feliz e não sabia disso. Tirando quando eu cismei que queria que minha futura filha se chamasse a versão feminina do nome dele, surtos né. (Lembrando que o nome dele não é Ricardo)
Depois dessa pequena introdução sobre a nossa história, existe um salto temporal para o lindo ano de 2018. Esse ano, foi um ano bem longo, assim com 2020 está sendo, porém em quesitos diferentes, não foi longo por conta de uma pandemia mundial na qual eu tive que ficar em casa por obrigação a minha saúde e da minha família, e sim por conta dos altos e baixos que minha humilde vida teve.
Para introduzir os “poucos” acontecimentos de 2018, tenho que dar uma resumida básica dos 7 anos antes. Vai ser algo bem básico. Como outra mudança de escola de 2016 para 2017, algumas tretas, algumas perdas trágicas e a conclusão de quão alone eu fui nesses anos todos (mas isso eu cheguei à conclusão depois de alguns anos). Nesse tempo meus pais se divorciaram também, para ser mais exata em 2013, não afeta minha vida hoje, na época eu odiava a ideia de ter duas casas (eu era meio do contra talvez, hoje com certeza não sou). Cheguei a ir morar com meu pai duas vezes, a primeira vez por conta da saúde da minha mãe e a outra porque a minha outra opção era ir morar num internato em Petrópolis (hoje tenho ódio a minha ideia de ter trocado um internato com tudo por isso tudo desnecessário que eu vivi). Nesse meio tempo gostei de 3 meninos, 2 da escola que estudei de 2012 a 2016 e outro em 2017. Não vou entrar em detalhes nesses fatos, por causa da vergonha alheia mesmo. Outro fato importante era meu novo grupo de amigas, composto por mim, Bia, Rute, Júlia e Ana Alice (foi mal por expor vocês meninas).
Introduzida essas informações nada a ver com nada podemos começar de como reencontrei Ricardo. Em 2018 estava prestando o 9º ano do fundamental, no ano seguinte eu tinha a opção de fazer as provas do Cefet e do Coltec, admito que nenhuma das opções de cursos técnicos me atraiam tanto, mas tinham alguns que eu acreditava ter mais afinidade tipo Química (não passei nessa coisa). A Bia, que é uma das minhas melhores amigas me convenceu a fazer a prova de um cursinho que por um acaso aconteceu na véspera do meu aniversário. Imagina quão boa pessoa eu sou por ter escutado esse ser e ter ido fazer a prova num sábado de manhã na véspera do meu aniversário. E para deixar claro a minha revolta, essa garota me abandonou no cursinho, ela desistiu no meio do ano e a trouxa aqui continuou.
Advinha quem estava no cursinho? Se você falou o Ricardo, você não errou. Ele entrou algumas semanas depois do início das aulas do cursinho, não lembro exatamente quando, e sei que não nos reconhecemos de cara. Se ele não tivesse me reconhecido pelo nome talvez nunca teria esse histórico de gostar da mesma pessoa duas vezes. Uma das situações que meu nome entregou né, por isso só uso meu apelido.
Na verdade, eu teria chegado à conclusão de que era ele e teria guardado para mim essa informação, exatamente por conta das vergonhas que isso poderia me causar. A primeira vez que trocamos alguma palavra no cursinho foi ele me pedindo para corrigir o simulado dele, então quando olhei o nome do ser, pensei que conhecia ele de algum lugar, só não lembrava de onde. Alguns dias depois ele chegou à conclusão de que era eu depois de descobrir que meu nome era Maria Cristina e não Cristina (já que todo mundo me chamava/chama de Cris). A situação foi tipo:
-Seu nome é Maria Cristina?
-Sim
-Que coincidência, eu já tive uma colega chamada assim.
-Que legal (fingindo empolgação), já tive um colega chamado Ricardo.
-Que coincidência né...
-Você sempre estudou na unidade aqui do bairro?
-Não, mas a que eu conheci foi na unidade aqui.
-Não é possível.
Foi uma situação bem chata para mim por diversos motivos. Quando percebemos que nos conhecíamos provavelmente minha FD atacou (face descontrolada, termo que conheci lendo um livro que não recordo o nome, mas que esse termo se encaixa extremo na minha vida é real, queria agradecer a autora por inventar isso). Eu pedi mentalmente que ele não lembrasse dos detalhes, mas obviamente não fui escutada. Provavelmente a nossa sala toda do cursinho ficou sabendo de como eu era extremamente apaixonada por ele quando era mais nova. Nessa época eu ainda gostava do menino da minha sala, então nem ligava tanto para ele, nem para um menino que gostava de mim no cursinho (no qual admito que fui babaca com ele, foi mal cara).
Eu não suportava o Ricardo, ele ficava batendo papo enquanto teoricamente eu tentava prestar atenção na aula do cursinho. Dei uma chance para suportar ele. Ai que entra como nos aproximamos. Além desse menino estar afim de mim e eu não saber dar um fora educadamente, estava vivendo uma enorme treta na minha sala. O Ricardo se tornou para mim um ótimo amigo e se tornou um dos meus melhores amigos, inclusive porque meu melhor amigo estava no meio da briga que teve, e acabamos nos distanciando demais. Um defeito que eu tenho é que sempre sou apegada demais, principalmente nos meus momentos de fraqueza. E aí foi meu erro. Passamos as férias do meio do ano conversando com todos os dias, inclusive marcando rolês. Falamos sobre o passado e sobre coisas nada a ver. Percebemos que tínhamos coisas em comum apesar de parecermos opostos em tudo. A gente sempre falava que éramos opostos, o que não deixava de ser verdade, mas é meio complexo. Tipo, somos apaixonados por música, mas não o mesmo tipo de música. Ele torce para o time rival do meu. O signo dele é o meu oposto. Entenderam? Quando me dei conta estava gostando dele novamente ignorei e achei que tava ficando doida. Comigo nunca foi algo de aparência e sim o interior, os gostos pessoais e forma de agir. Eu nunca iria admitir que estava afim dele de novo, não depois do que ele disse na primeira vez, preferi achar que estava ficando louca.
E esse é um dos erros que todos cometemos alguma vez na vida (as vezes mais de uma vez), não admitir que estamos apaixonados, não falar sobre sentimentos. Por mais que pareça que eu seja errada dessa história, não fui a única que omiti sentimentos. E por falta de diálogo duas pessoas podem se perder, por mais perfeitos que eles sejam um para o outro. Quando eu percebi que estava gostando dele comecei a agir como uma babaca, assim como ele agiu como um.
A conclusão que chegamos até aqui é que não deve se esconder sentimentos e nem ser babaca uns com os outros. Falar o que você sente é importante, não faço isso, admito, ou seja sou hipócrita. E assim cito uma frase que eu gosto muito, que é faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço (quero dar créditos a minha mãe, mesmo não sendo dela a frase, deve ser a coisa que ela mais fala para mim). Pode perguntar para qualquer um, meus conselhos amorosos e de relacionamentos são ótimos, só não vale olhar para minha vida, afinal treinador não joga.

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