Tragédia

4 1 0
                                    

1990, verão. Dia cinzento, ruas desertas, clima pesado. Todos acompanhavam o Nascimento prematuro do supremo, pois a empresa enfrentava problemas graves sem um de seus principais cientistas. Jennifer e Bruce observavam tudo, no sofá de sua casa, George acompanhava as notícias de longe, muito pessimista sobre tudo. Decide então, comunicar o quanto antes, o Alce e o Castor. Fazendo todo o percurso diário, ele chega a montanha, preparado para expor o que descobriu, e o que acha mais viável para se fazer, George chega e recebe más notícias, um ataque tinha sido feito ao local, quem narra os acontecimentos para ele, é uma Cegonha, soldado da resistência.
 
– Enquanto você não estava aqui, eles nos atacaram, não sabemos como descobriram nossa localização, mas chegaram bem armados e dispostos a ganhar.
 
George só escuta, enquanto olha para a destruição ao seu redor, diversos animais feridos, o sangue destacava o lugar, e a morte reinava. Ele então pergunta.
 
–Onde está o Castor? E o Alce???
 
–Lamento que você tenha que saber por mim, mas o castor, não resistiu aos ferimentos... Eu, sinto muito mesmo.
 
– ....
 
Tristeza, essa é a palavra que define George, a devastadora tristeza. Caminhando lentamente desnorteado, avista o Alce muito machucado.
 
– Como ele morreu Alce?
 
– As máquinas George, elas foram imprevisíveis demais, lutamos muito, mas não foi o suficiente. Sem uma estratégia planejada, nós contamos somente com a sorte.
 
– Essa é uma palavra que não desejo ouvir nunca mais, "sorte" porque nós! Traçamos o nosso próprio destino, e somos nós! que mondamos a nossa própria sorte!
 
George motiva todos a sua volta com sua frase, inclusive o próprio Alce, que pede para todos se reunirem para uma (provável) última reunião. Determinado e irado, ele acompanha os animais. George então abre:
 
– Minha versão mais velha, errou ao dizer que o supremo foi corrompido com um tipo de vírus, na verdade, eu nem sei explicar ao certo, a causa específica da falha no sistema. Eu só sei, que o quanto antes atacarmos, mais chances teremos, no meu tempo, as coisas não vão nada bem, os proprietários e criadores do supremo, querem liberá-lo para o mundo o quanto antes, eles temem problemas técnicos não previstos antes do lançamento, depois de ter sido lançado, o mundo já  estará familiarizado com a utilidade do supremo, e assim eles terão mais apoio para tratar qualquer tipo de dano.
 
– Se o garoto disse que temos que atacar, eu, como ainda legítimo rei digo... Atacar!!!
 
E todos juntos, exalam energia ao gritar. George parte para seu tempo, e a reconstrução do reino animal começa. O Alce então, expõe seus pensamentos para o seu novo vice, um Leão.
 
– Sabe Leão, quero muito que daqui a uma semana nós possamos andar pelo mundo a fora, naturalmente, sem temer absolutamente nada.
 
– Concordo com o senhor, nunca tive a oportunidade de ver a luz do sol, espero ser um dos primeiros a ter essa sensação.
 
Horas depois, ambos caminham montanha a fora, se arriscando, apenas para respirar um ar "puro" do mundo, cautelosos, conversam e começam a planejar suas vidas após tudo aquilo.
Os dois terminam a conversa esperançosos, com um futuro mais digno e justo, assim, voltam para a Fortaleza.
 
1991, primavera. O lançamento do supremo é realizado, em motivo de comemoração, milhões de consumidores festejam nas ruas, com: danças, bebidas, músicas e desfiles de balões. As festas foram simplesmente incríveis, o supremo facilitaria o acesso das pessoas, para com seus dispositivos e possibilitaria também a ficarem conectadas com diversos eletrônicos ao mesmo tempo. O único triste com esse lançamento, era George, pois era o único ali, que sabia a consequência que eles teriam que passar devido a tudo isso. George então decide visitar Amara.
 
– Pai, posso ir na casa de uma amiga?
 
– O filhão, pensei que iria ficar pra comemorar comigo e com a sua mãe a chegada do supremo.
 
Jennifer – Deixe ele ir Bruce, ele é uma criança e não entende essas coisas.
 
– Então tudo bem, juízo! garotão.
 
Indo para lá, George se incomoda com o excesso de alegria das pessoas, todas as ruas estavam lotadas. Ele chega, pensa por 4 minutos, muda de ideia e vai embora, pois havia pensado em outros planos. No mundo invertido, supremo organiza um exército robótico para a vitória sobre os animais, reunindo quase toda sua frota global, com: soldados, armas, bombas, tanques, navios e naves. George volta para sua casa, deita em sua cama se concentra, e vai até o futuro. Ao se encontrar com o Alce (que já estava em preparo para combate) diz:
 
– O supremo foi lançado no meu tempo, talvez realmente nossa única chance, seja aqui e agora, com um ataque surpresa. Porém, eu sinto que o supremo tem uma vantagem sobre nós, como se ele soubesse o que vamos fazer antes mesmo de nós fazermos.
 
– Do que você desconfia George?
 
– Tem certeza de que aquele seu robô reprogramado é confiável?
 
– Eu acho que sim.
 
– Se basear em achismo nesse momento não é nada bom!
 
O Alce na dúvida toma a decisão de destruir seu robô, mas quando o procura e não o acha, obtém a certeza de que a desconfiança de George sobre o robô  era verídica. Armados e preparados, os animais vão para cima do supremo com tudo, George os conduz junto ao Alce e seu vice. No caminho passam pela floresta sombria, e decidem dar uma pausa para assim elaborarem um plano de ataque mais detalhado do que antes, e assim não haver erros. O Alce então revela um confiável mapa da base das máquinas.
 
George – Vou entrar pelo lado esquerdo com uma tropa, você e o Leão conduzem outras. Pela direta vai você, e o Leão vai pelo centro.
 
O Alce – De acordo!
 
Leão – Para um menino de 12 anos você é bem inteligente né.
 
– É que eu assisto muitos filmes de ação.
 
Elaborar um plano eficaz levou tempo, mas eles conseguiram. Ainda sobre aquela noite, George olha as poucas  estrelas do céu, e o Alce se aproxima:
 
– Sinto falta dele, era um bom amigo, prestativo e gentil...
 
– Eu também sinto, quando eu o conheci foi nessa mesma floresta, ele me deu um baita susto quando falou comigo. No meu mundo eu tenho um castor também, assim poderei me recordar dele sempre.
 
– Cuide bem do tataravô  dele George.
 
– Por essa eu não esperava Alce...
 
1991, Primavera. Amara muito alegre com a mudança que o supremo fez em sua vida, decide visitar e compartilhar com George suas experiências. Ao chegar na casa dele, quem a atende é Bruce.
 
– Oi, você é amiga do meu filho?
 
– Sou sim! Ele está? Eu queria muito ver ele.
 
–Lamento mas ele está no hospital, entrou em uma espécie de coma profundo, os médicos não sabem explicar o porque...
 
Bruce então fecha e bate a porta completamente inconformado e entristecido. Amara com seu ânimo totalmente abalado, vai embora. Fato era, George dormiu e não acordou, para os médicos isso era uma incógnita, Jennifer e Bruce, sem cabeça para tal se afastam temporariamente de seus empregos. No mundo invertido, uma história dramática diferente acontece, George luta contra o tempo e junto com o Alce, observa as rotinas das máquinas, repara também em pontos cegos e em possíveis aberturas para ataque. Horas se passam, e ambos continuam analisando tudo.
 
– Por que você não voltou para seu tempo de novo George? Não acha que tem alguém preocupado com o seu sumiço?
 
– Meus pais e meus amigos... mas isso aqui é algo muito mais importante, necessita de minha atenção.
 
– Garoto, você tem uma família que ama você, não desperdice isso, tudo bem?
 
– Tudo bem.
 
Ao fim da espionagem, George e alce retornam para a base. Depois de uma breve refeição em sua barraca, George reflete e teme pela vida de todos ali presentes, e para se assegurar de que aquilo não seria um ataque suicida, decide tentar invadir o território do inimigo sozinho, arriscando a vida na tentativa de exterminar a ameaça. Ele então pega sua arma, põe sua mochila, revisa seu mapa e adentra a floresta, com um único objetivo em mente. Se aproximando do local, desce por um morro e corre até o portão de acesso, aproveitando o ponto cego das câmeras e a ausência breve das máquinas patrulheiras começa a hackear o código do portão.
 
Tendo sucesso, se camufla e segue andando com cautela, sob pressão ele tenta localizar o núcleo central do supremo, George sente calafrios intensos e uma dor de barriga brutal, o nervosismo controlava seu corpo. Após muita cautela chega em uma porta, faz então o mesmo procedimento que fez para entrar pelo outro portão, quando a porta abre ele se vê de frente com um enorme corredor, era um corredor de horror, diversas cabeças humanas estavam sendo conservadas no lugar, muitas utilizadas como troféus, e outras como aviso. Depois de passar por esse corredor insano, enfim ele se encontra com o supremo.
 
– Finalmente eu consegui, farei cada minuto valer apena e destruirei você agora!
 
– Garoto, tenha calma. Antes de fazer o que pensa, deve me ouvir.
 
– Por que eu ouviria você???
 
– Porque eu ainda possuo às últimas  vidas humanas dessa terra. E acho que você não vai arriscar matar elas, ou vai?
 
– Bom então Prove o que diz!
 
Supremo com o seu corpo sendo representado por um holograma, aponta para a esquerda de George, e ele então concluí que a inteligência artificial dizia a verdade, pois a sua esquerda haviam: homens, mulheres e crianças. Todos acorrentados e com colares explosivos em seus pescoços. George sabendo que o extermínio do supremo seria quase impossível em seu tempo, (pois ele já havia sido lançado) e que todos lá já estavam mortos, percebe que possui uma grande chance de derrotar as máquinas no futuro e ainda ter sucesso, em estabelecer a raça humana de volta ao seu lugar na ordem natural. Indeciso, ele não sabe o que fazer...
 
Supremo – E então? O que vai ser?
 
No acampamento, Alce percebe o desaparecimento de George, concluí o pior, e reuni todos para o salvamento/ataque prematuro. Já em 1991, Jennifer, Bruce, Leonard e Amara, temem o pior para George, e naquele mesmo dia, rezam para o seu bem estar.

O Mundo Invertido Onde histórias criam vida. Descubra agora