Garotos Gordos {🍔} - (myg+pjm)

Capítulo Um;

GAROTOS GORDOS SÃO FEIOS. 

Foi isso que a mãe de Park Jimin disse a ele quando estavam numa loja de roupas. Apesar de ter cinco anos na época, ele não havia perdido aquela gordurinha de bebês, tinha braços e pernas grandes, exibia uma barriguinha proeminente de querubim que dava para ver do outro lado da rua.

Uma criança normal teria chorado ou se desanimado. Talvez Jimin tivesse abaixado a cabeça e tirado aquela roupa que tanto adorou. Mas, ao invés disso, bateu o pé no chão com toda a força que seus cinco anos o permitiam ter e gritou bem na cara da sua mãe: “AH, É? VOU PROVAR QUE VOCÊ ESTÁ ERRADA!”

Essa história toda de beleza, é uma ótima representação do relacionamento que Jimin tem com a mãe. E é por isso, que ao invés de estar em casa nas suas aulas particulares, ele fugiu de casa  para ir à escola. E não se arrepende nenhum um pouco disso. 

Felizmente, seu pai assinou todos os papéis de matrículas quando veio na cidade semana passada. Ele saiu com Jimin de manhãzinha, quando a senhora Park ainda estava dormindo, e assinou a autorização de pais na escola estadual de Busan, coisa que a senhora Park não faria. 

A fuga com seu pai foi rápida porque eles estavam de carro, mas hoje está sendo mais demorada porque ele precisou pegar o metrô lotado de estudantes e trabalhadores. A viagem foi horrível. O vagão estava cheio de gente suada, com cara tão infeliz quanto a de Park. O ar estava com cheiro de xixi e os bancos estão grudentos. E era apenas oito da manhã! Jimin ficou em pé o trajeto inteiro. 

Quando saiu da estação de metrô, olhou bem a sua volta. Sabia que o motorista da família e a secretaria estavam atrás dele. 

Park Jimin era de uma família chaebol muito poderosa, como as que aparecem em K-dramas. Chaebol são basicamente empresas enormes comandadas por famílias que têm negócios em diversas indústrias. As pessoas que fazem parte desse tipo de família são bem famosas na Coreia do Sul, o que não é o caso de Jimin. Desde que atingiu a puberdade, sua mãe o mantém em casa, preso, por ter vergonha do filho. Nem o apresentou para a mídia. 

Como se ele tivesse culpa por ser plus size. 

De certa forma, ele entendia o motivo de sua mãe ser tão obcecada por sua aparência. Eles eram uma família pública, mas mesmo assim doí  Jimin saber que sua mãe o mantém preso porque sente vergonha da sua aparência e nunca ira o aceitar como ele é agora.

Quando percebeu que estava livre do motorista e secretária, saiu correndo até a escola. Como se sua vida dependesse disso. Estava começando a subir a escadaria principal quando uma freada violenta fez os demais alunos pararem e Jimin também. O cheiro de pneu queimado começou a pairar no ar. 

— Por favor — começou Lana, a secretaria da família Park, enquanto se aproxima com cautela do menino, não querendo o assustar. Mas Jimin dava passos para trás. — Reconsidere, vamos voltar. 

Lana era magra e tinha os braços e as pernas finas e angelicais. O cabelo castanho escuro estava preso em um coque profissional assim como todo seu uniforme de trabalho. 

— Diga que não chegou a tempo, por favor — implorou. 

— Jimin, sabe o que sua mãe pensa disso — tenta negociar.

Henry, o motorista da família, sai do carro. Ele era alto e forte, parecia que um simples soco dele poderia apagar uma pessoa. Ele ficou do lado do carro e cruzou os braços esperando. 

— Só digam que não chegaram a tempo, quando eu voltar me entendo com ela — tentou  negociar. — Por favor. 

Lana suspira e acena para Henry, dizendo para retornar ao carro. Sem dizer nada, eles saem dali calmamente, bem diferente de como chegaram. Jimin solta um suspiro de alívio e olha em volta tirando o suor da testa por ter corrido até ali. Os alunos nem escondem o choque total , talvez até repulsa, ao encarar o Park. Chegam até a cochichar descaradamente.