Capitulo 01

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Me pergunte qualquer coisa relacionada a gastronomia

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Me pergunte qualquer coisa relacionada a gastronomia. Sobre os tipos de cortes até as receitas mais elaboradas. Me mande chefiar qualquer cozinha com equipes grandes ou pequenas com profissionais e até amadores. Desafie-me, diga que eu faça um doce com algo inusitado, ou um salgado usando o mais estranho doce. Eu faço. Até de olhos fechados.

Cozinha é a minha vocação, dentro dela está tudo o que eu nasci para fazer. Assar, temperar, fritar, flambar... Os aromas, gostos, construções de sabores.... Aquele friozinho na barriga que dá na expectativa de saber se aquela massa vai ou não vai crescer naquele forno calculadamente aquecido a 180ºC. E a satisfação imensa de ver alguém degustando o seu trabalho, fechando os olhos e soltando um gemido de prazer por cada mastigada.

É isso o que eu amo fazer. – Amo, amar, amor... droga.

Afinal, o que é o amor? Uma palavra com apenas quatro letras e um significado tão forte que eu jamais fui capaz de decifrar, mas o que mais me intriga é: porque as pessoas acham tão necessário buscar isso umas nas outras?

O que ele causa? Arrepio? Adrenalina? Felicidade? Por Deus, tente fazer um suflê pela primeira vez e descubra se não sentirá as mesmas coisas. Ou melhor, faça uma tartelete cuja massa fique tão perfeita a ponto de levá-la à boca sem quebrar um mínimo pedaço, não existe coisa melhor, eu garanto.

Eu nasci em São Paulo no Brasil, lá eu aprendi a fazer o meu primeiro arroz aos sete anos de idade no restaurante onde meu pai trabalhava como chef, foi lá que eu me apaixonei por esse mundo. Ia todos os dias para lá depois da escola já que papai não tinha onde me deixar e não confiava em ninguém para tomar conta de uma criança tão travessa como eu. A verdade é que meu pai tinha que se desdobrar em muitos para suprir o buraco causado pela morte da minha mãe que faleceu quando eu tinha apenas dois anos, - queria me lembrar mais dela. Depois da tragédia, a cozinha virou a minha casa. Eu literalmente cresci nela.

"Louise, cuidado para não se queimar." "Louise, olha o dedo" "Louise, eu te avisei que o maçarico não é brinquedo" essas são as frases que mais se ouvia no restaurante "Terra Nossa" localizado em um dos maiores centros comerciais paulistas, as travessuras eram tantas que papai foi obrigado a estabelecer uma regra entre seus funcionários onde quem errasse o pedido passaria o próximo serviço vigiando para que eu não sofresse nenhum arranhão sequer, resumindo: eles passaram a errar menos e eu a me machucar cada vez mais. E foi aí que finalmente todos se renderam e descobriram o que eu realmente queria, aprender.

Logo após o arroz dos 7 anos, veio o feijão, as carnes, massas, sobremesas... Meu pai, e agora professor, se tornava cada vez mais orgulhoso quando via que eu tinha talento e foi graças a essa descoberta que aos 16 fui apresentada a um de seus amigos da área e ganhei o meu primeiro estágio em uma cozinha profissional francesa.

Assim que surgiu a oportunidade me mudei para a terra natal de minha família paterna e vim morar com a minha avó em Paris e o estágio que duraria apenas 2 anos se prolongou até que eu fosse contratada como uma simples cozinheira, o que não levou muito tempo porque seis meses depois me tornei a Sous-Chef desse mesmo restaurante e com mais um ano fui contratada como chef pelo premiado com três estrelas michelin "L'amour", o qual trabalho até hoje, aos 26.

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⏰ Última atualização: Feb 10, 2021 ⏰

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