Who are you?

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Acordei em minha sala novamente só que com alguns tubos de ar a mais, o que era normal pois todas as vezes que meu pulmão resolvia falhar, mais tubos eu ganhava. Doutora Jauregui estava ali na mesma posição e lugar que estava a horas ou minutos atrás. Dentro deste hospital eu nunca sabia que dia era, ou que horas eram, mas depois de um tempo essa virou a menor de minhas preocupações.

- Camila? Se você quiser podemos continuar outros exercícios, mas se não, eu posso voltar outra hora. - a médica disse.

- Não, eu quero continuar. Por favor, Doutora. - disse enquanto tirava o inalador da minha boca e colocava apenas no meu nariz.

- Não me chame de doutora. Lauren, por favor, quero que se sinta à vontade. - ela disse enquanto assenti e fiquei envergonhada. - Vamos começar assim Camila, eu te faço dez perguntas simples para o clima começar leve, ok?

- Quem é você? - ela começou depois que tinha assentido.

- Camila Cabello.

- Eu perguntei quem você era, não seu nome. Quem é você?

Refleti um pouco sobre esta pergunta. Quem eu era? Nem eu mesma sabia. Me chamo Camila Cabello, sofri um acidente de carro e perdi minha memória e não sei responder uma simples pergunta.

- Eu... Eu não sei. - respondi depois de um tempo.

- Tudo bem Camila, não irei responder pois seu cérebro deverá funcionar sozinho aos poucos, mas agora vamos continuar.

Ela continuou perguntando certas coisas para mim e não consegui responder nenhuma, mas a que ficou na minha mente foi quem é você? Eu me chamo Camila Cabello, sofri um acidente de carro e perdi minha memória, essa era frase que eu passava em minha mente todos os dias, para não esquecer, mas mesmo assim quem eu era? Poderia ser uma criminosa que merecia tudo isso, ou poderia ser uma garota normal que já se formou, eu poderia ser qualquer coisa.

Dout... Lauren ainda estava na minha sala pegando algumas amostras de sangue e cuidando para minha respiração fluir corretamente. Eu gostava de sua presença aqui, eu era muito sozinha nesta sala, e pessoas só vinham me visitar para me dar comida ou fazer exames e me dar remédios. Não podia reclamar do hospital, ele era o melhor da cidade pelo que via na televisão do meu quarto mas eu simplesmente me sentia sozinha em meio ao meu grande quarto. Eu vim para este hospital pois a empresa do caminhão que pagou, pois se não, duvido que iria para um hospital desses.

- Camila? - pude ouvir Lauren chamando meu nome. - Sabe qual seu tipo sanguíneo? A+.

Porque ela tinha falado meu tipo sanguíneo? No momento eu não precisava saber disso mas então algumas memórias voltaram a minha mente.

"Camila Cabello, certo? Você está aqui para doar sangue não é? Seu tipo sanguíneo é A+, pode-se sentar aqui e tiraremos seu sangue."

Pequenas memórias do meu passado começaram a voltar em minha mente enquanto tomava três pílulas diárias. Gostaria que minha vida antiga fosse boa, pois essa vida que levava era muito ruim. Eu dependia de aparelhos e remédios e minha memória fora tirada de mim. Eu gostaria de poder sentir a areia em meus dedos e a água salgada do mar em minha pele, mas isso era um segredo pessoal. Eu não sabia se praia era tão bom assim, mas a televisão afirmava que era assim.

- Douto... Lauren? - perguntei enquanto a própria renovava meu gesso do pé.

- Diga minha querida.

- Eu tenho chances de sair deste hospital?

- Camila, seu estado é muito grave. Mas o que mais importa é que você lute para poder sair daqui. - ela disse terminado de colocar meu gesso.

Depois que ela disse isso, ela saiu da sala e novamente estava sozinha, mas estava tudo bem, pois eu me acostumei a ficar sozinha.

Tudo em meu corpo doía; meu pulmão, meus braços, minhas pernas, minha cabeça e até meu coração, mas eu aprendi a lidar com a dor, do jeito mais doloroso possível.

Algumas vezes já pensei em me suicidar; tomar remédios demais, tirar meu inalador, teria vários modos, não posso negar. Ninguém estaria me esperando e se estivesse me esperando para sair deste hospital eu não o reconheceria, então para que vale a pena viver? Eu já estou morta, eu não tenho o porquê de viver, eu não tenho o porquê de lutar pela minha vida. Minha antiga psicóloga que me visitava algumas vezes aqui falava que esse sentimento era normal para alguém no meu estado e que deveria lutar contra esse pensamento, mas as vezes é mais fácil falar de fora do que sentir na pele o que estou sentindo agora.

Tudo ao meu redor começou a ficar embaçado e o aparelho de pressão começou a apitar repetidas vezes e pude ver vários enfermeiros e Lauren entrando em meu quarto. Eles começaram a puxar a maca para um lugar conhecido por mim: sala de cirurgia. Todas as vezes que passava mal eles me levavam para esta sala pois sempre tinha coisas erradas comigo. Chegamos na sala e reconheci o branco do azulejo das paredes. Fazia tempo que não era mandada para cá mas já me acostumei com o local. De início foi muito difícil de se adaptar nesta sala pois o ar era muito mais quente do que meu quarto pois não tinha ar condicionado e o lugar era mal iluminado quando começavam a cirurgia.

Normalmente ia para um lugar para checar meus pulmões ou cuidar de minhas partes quebradas. Não enxergava mais nada, apenas ouvia algumas vozes dos médicos até que eu ouvi a mesma voz por trás de mim.

- Você parou de lutar. Porque você parou de lutar?

Eu não conseguia vê-la mas poderia ter certeza de que seus olhos verdes estavam me encarando, como da vez que ela tinha me mostrado a foto daquele menino e algo aconteceu comigo.

Eu queria poder falar para ela que não teria motivos para lutar e que já estava cansada de lutar, mas eu não conseguia falar pois mesmo eu já estando um pouco inconsciente, eles me deram anestesia então não consegui respondê-la.

Acordei de volta em minha cama sem lembrar de nada, apenas com um curativo em um machucado que estava molhado de sangue e Lauren sentada em uma das cadeiras que tinha lá, ela parecia preocupada mas ao mesmo tempo, aliviada.

- Camila, estava esperando você acordar. - Lauren disse se aproximando mais de mim. - Sei que não tem motivos para lutar, você não se lembra de sua vida e nada lhe prende neste mundo mas eu quero poder te dar estes motivos.

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⏰ Última atualização: Feb 09, 2015 ⏰

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