O preço da cor

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Olham para mim e julgam, pelo que tenho, e pelo que não tenho. Me julgam pela minha cor, minha aparência.

Pelo que visto, e o que deixo de vestir

Pelo que sinto e o que deixo de sentir

Porque para eles eu nada sinto, nada importo, nada sirvo
Sou negra

Por isso sou julgada, pelas escolhas que não fiz

Pelo medo que não tive é pelo que tive

Palas vezes que me calei

Pela vida da que valorizei e pela vida que desprezei

Sonhar eu sempre pude, mas logo diziam que não  daria em nada

Que não seria capaz de nada

Nem o ar que respirava eu merecia

Porque para eles sou insignificante que chega a ser injustiça existir

Mas eu nada faço além desejar um espaço no mundo

Onde eu possa ser gente

Onde eu possa ter direitos

Onde os meus direitos são respeitados

Onde eu sou tão gente quanto você

Onde os meus filhos possam apreender é viver sem medos

Onde meus sentimentos minhas dores sejam respeitados

Desejo estar em um mundo onde eu possa ser vista como gente e não raça

É assim ser julgada pela minha cor, e não pelo que sei fazer

Não pelas minhas qualidades

Por minhas habilidades

No final tudo fica tão duro

Que sou a mão de obra mais barata

Aquela que o que deseja é um prato de comida para mim e meus filhos

Aquela que um teto não importa as condições desde, que me proteja da chuva

Porque nesse mundo nada sou

Nada tenho, o que sei é sempre questionada

O que tenho é duvidoso 

Tudo porque sou negra, sou rainha de juba dura

Sou simplicidade de um continente violado

Eles amam a riqueza de onde venho

Mas de mim querem nem saber

Por isso sou julgada.

 

 

 

 

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