capítulo um.

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O ano era 2028. O Japão havia encetado uma guerra contra a Rússia. Com soldados em falta, Bokuto havia sido convocado pelo governo japonês, para que ele batalhasse junto de todos.

— Então essa é nossa última conversa? — perguntou seu amado, Keiji Akaashi.

— Quem sabe... o mundo está acabando e eu não tenho escolha a não ser lutar pela nossa pátria.

— Fico contente que tenha pensado o melhor para todos... mesmo que eu preferiria que um míssil atingisse nós dois ao mesmo tempo. Como em um romance de época.

— Não diga isso. Não seja esgoísta. Essa não é uma despedida, não é um adeus. — Koutarou explicava, acariciando as bochechas macias de Akaashi, que se segurava para que não deixasse lágrima alguma cair. — Pense que seu verdadeiro herói vai colocar um fim nessa guerra e salvará você e toda a população!

Seu otimismo me conforta, mas ao mesmo tempo me enche de medo o mais jovem pensava.

— Certo... então podemos comemorar a futura ação do meu verdadeiro herói? — Keiji sugere, vendo seu querido esboçar uma expressão de dúvida, mas concordando logo em seguida. — Vamos, dance comigo. O mundo está acabando e nós merecemos um final feliz.

Como um colecionador de clássicos, Akaashi abre um disco de vinil, seu preferido que havia ensaiado a dança com Bokuto quando tinha dezessete anos.

— Espero que ainda se recorde dos passos.

— Como eu esqueceria?

Clair de Lune se expandia naquela atmosfera. O som tilintante do piano sincronizava com os leves e sutis passos de Akaashi, que rodopiava até Bokuto. Ele o recebeu de braços abertos.

Os compridos dedos de Akaashi, onde sempre foram seu maior suplício, tocavam o pescoço frio de Koutarou. Embora desejasse cortar seus dedos fora toda vez que os observava, Keiji apreciou a textura da pele de seu amado, pensando que aquela podia ser a última vez que pudesse sentir aquilo novamente.

— Eu te amo, — o moreno suspirou, pousando sua cabeça sobre o peito de Bokuto — não quero te perder. Você é o único motivo pelo qual ainda estou vivo.

— Shhh... Kaashi, eu ainda estou aqui, certo? Não tenha medo.

Koutarou acariciava os negros e úmidos fios de Keiji, tentando não chorar para não demonstrar fraqueza, mas seu coração doía em ver seu amado sofrendo por sua causa.

— Obrigado por tudo. Eu te amo...

Por obra do destino, ou talvez apenas por acaso, o Exército Russo dirige um míssil destinado à cidade de Tóquio.

"...mesmo que eu preferiria que um míssil atingisse nós dois ao mesmo tempo. Como em um romance de época" seria ironia ouvir essa frase novamente sabendo do que poderia acontecer.

Akaashi preveu o futuro? Ninguém sabe de verdade. O míssil atingiu um pouco mais que a metade de Shibuya: o míssil atingiu a residência de Bokuto e Akaashi.

— Até a nossa próxima despedida, meu querido...

A notícia passou nos jornais da manhã do dia 28 de Janeiro, deixando centenas de pessoas mortas e laços familiares desfeitos, por um ato de crueldade do ser humano.

— Que possamos ser mais feliz na próxima vez...

"Eu te amo, Kaashi."
"Eu te amo, Kou."


Fim?

As the World Caves In - bokuaka short fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora