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Ouvir palavras cruéis sendo ditas diretamente a você e não poder fazer nada, ser desacreditada, não ter controle sobre a si mesma, crises de ansiedade, sintomas de depressão, seus pais te chamando do apelido que traumatizou sua versão infantil e abaixar a cabeça por não saber se impor, se sentir inútil, se culpabilizar por tudo, não achar que merece tudo tem, frequentemente pensar em desistir de tudo, desistir de você... O gosto salgado das lágrimas já é completamente familiar...

Tudo isso muda quando o fone é colocado.

Arte sempre foi minha paixão, amava tudo desde sempre, desde que as crianças da rua brincavam de pega-pega e a comida da vovó era meu prato favorito. Gostava de todas as formas de arte possíveis, eu nunca soube o motivo, talvez fosse porque a música me distraía das palavras dos meus pais que eu prefiro não lembrar, porque a dança me fazia sentir livre do mundo cruel que eu sei que vivo ou talvez porque era divertido desenhar (mesmo não sabendo), cantar na chuva. Me expressar de alguma forma me soava bem agradável, já que sempre me diziam para calar a boca fazer arte era uma forma de protesto.

A arte me fez criar meu próprio mundinho, mas a música em especial me fazia sentir o que (ironicamente) eu nem sempre queria: me sentir viva

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