prólogo

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- Você é um desgraçado! - escuto minha mãe gritando na sala

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- Você é um desgraçado! - escuto minha mãe gritando na sala.

- Um infiel de merda, como você pode fazer isso comigo? Com a sua filha? - sua voz se quebra com a dor.

- Não é minha culpa, você nunca tá em casa, Camille, nunca está disponível. O que você esperava? Eu também tenho minhas necessidades! - responde ele, também aos gritos, a voz cheia de desprezo e autocomiseração. Minha mãe acabou de descobrir que meu pai anda pulando a cerca, de novo.

- O que eu esperava? Talvez não ser traída pelo meu MARIDO! Eu nunca estou disponível porque estou trabalhando, seu inútil, tentando dar uma vida melhor pra nós, enquanto você não faz NADA. Se não está feliz, devia ter pedido o divórcio, mas você preferiu me trair, seu imbecil.

Acho que desta vez eles vão se separar.

Espero...

Ele é um idiota, mamãe merecia mais.

Os gritos continuam na sala e eu pego meus fones de ouvido. Não sou obrigada a escutar mais uma briga deles. Coloco minha playlist aleatória de músicas que achei no TikTok e fecho os olhos, tentando me desligar da minha família, ignorar o mundo.

Lembro-me de quando as coisas eram diferentes. Papai costumava ser meu herói. Lembro de nós três indo ao parque, ele me empurrando no balanço enquanto mamãe sorria. Mas isso parece uma vida atrás. Aos poucos, ele foi mudando, ficando cada vez mais distante, até se tornar um estranho que só trazia dor.

Música após música toca, preenchendo meus ouvidos com sons que me transportam para longe. Cada batida é uma tentativa desesperada de fugir da realidade. Meus pais sempre brigaram, mas desta vez parece mais definitivo, mais desesperador.

Várias músicas depois, sinto um toque suave no meu ombro. Olho para cima, é minha mãe. Seus olhos estão vermelhos e inchados, sua expressão é de uma tristeza devastadora.

Eu amo minha mãe. Ela trabalha muito, ao contrário do meu pai que nunca para em um emprego. Ela quer nos dar o melhor, me dar o melhor. Ela é carinhosa e sempre tem os melhores conselhos. Ver ela assim, destruída, parte meu coração.

Tiro meus fones e a abraço, sentindo sua fragilidade nos meus braços.

- Vai ficar tudo bem, mamãe - digo baixinho, tentando convencê-la e a mim mesma. Ela me aperta mais forte, como se eu fosse sua âncora em meio à tempestade.

- Querida... vamos nos mudar - diz ela com a voz tremida, mas determinada.

Essa declaração, apesar de inesperada, não é totalmente surpreendente. Ela sempre quis nos tirar dessa situação tóxica, dessa prisão de infelicidade. No fundo, eu sabia que esse dia chegaria.

- Pra onde, mamãe? - pergunto, sentindo um misto de medo e esperança.

- Para a Coreia do Sul. Tenho uma oportunidade de emprego lá, e acho que será bom para nós recomeçarmos longe daqui.

A ideia de começar do zero em um país tão distante é assustadora, mas ao mesmo tempo, há uma fagulha de excitação. Minha melhor amiga, Kim So Hyun, mora lá. Talvez isso não seja tão ruim.

- Eu sei que é uma mudança grande, mas precisamos disso, querida. Precisamos de um novo começo - diz ela, acariciando meu cabelo.

Eu concordo com a cabeça, tentando mostrar coragem. Talvez essa seja a chance que precisamos. Talvez, finalmente, possamos encontrar a felicidade que tanto nos escapou.

- Tudo bem, mamãe. Vamos para a Coreia.

Nos abraçamos novamente, mais forte, como se aquele momento fosse o ponto de virada que tanto precisávamos. A mudança está no ar, e apesar do medo, sinto um fio de esperança. Talvez, apenas talvez, essa seja a nossa oportunidade de finalmente sermos felizes.

A namorada de Lee Dong wook Onde histórias criam vida. Descubra agora