Capítulo 1 - Michele

373 36 15
                                    

Com um malote em mãos, fui de carro até o banco para fazer o depósito da semana. Era sexta-feira, o dia de encher a conta bancária da minha livraria Encantadas por Livros e Música. Bem, ela não era apenas uma livraria, mas também a realização de um sonho de adolescente.

Esse era o dia que meus olhos eram agraciados pela miragem que era o gerente do banco. Céus, Leonardo não me atendia, não sabia da minha existência, mas eu sabia da dele. Com a cara do pecado e corpo trabalhado na luxúria, o homem vestia terno e gravata e me deixava alucinada só com aquela pose de dono da porra toda.

Minhas amigas já me falaram para eu me apresentar, me mostrar, expor que eu existo, mas... sabe quando você está esperando o destino fazer isso por você, para tornar tudo mais emocionante e especial? Porque no dia que seu olhar finalmente encontrarem os meus olhos... ah, não havia chance dele escapar, ele seria meu.

Muito confiante?

Depende do meu humor e hoje eu estava para o crime.

Estacionei o carro uma quadra do lugar e xinguei mentalmente os bancos que pouco se lixavam para seus clientes. O que custava fazer um estacionamento subterrâneo ou comprar dois terrenos, para poder agradar seus clientes? Afinal de contas, quem colocava dinheiro nesse lugar éramos nós!

Com minha bolsa gigante a tiracolo, quando parei na porta giratória precisei chamar o segurança para olhar dentro e liberar minha passagem. Havia tantas coisas importantes dentro dela que se for selecionar quais eram de metais e quais não, ficaria mais de meia hora, atrapalhando o trânsito atrás de mim.

Peguei minha senha, segui para os bancos de espera do caixa e deixei meu olhar passear pela agência.

Ah, ali estava ele, o homem que me fazia suspirar e imaginar o que havia debaixo de sua roupa. Concentrado, ele falava ao telefone, digitava no teclado do seu computador e ainda conversava com a pessoa sentada à sua frente. Multifuncional, uma qualidade rara que eu amava em homens.

Minha senha foi chamada, levantei me sentido a modelo da passarela e desfilei até o caixa que me atenderia. Não tinha nada a ver com imaginar Leo me observando rebolar e me desejar, longe disso.

Entreguei o malote, meu documento e meu cartão magnético para o homem que não parecia muito feliz em estar trabalhando hoje.

— Tranquilo por aqui para um sexta, não acha? — perguntei toda sorridente, tentando mudar um pouco a carranca do homem.

— Pois é... — limitou-se a responder e fiz um biquinho indignada por ele não ter caído na minha graça da felicidade. Custava ser simpático?

Ele franziu o cenho enquanto olhava o monitor do seu computador e digitava de forma furiosa no seu teclado.

— Alguma coisa errada?

— Acho que existe alguma pendência na sua conta, moça. — Ele estendeu a mão e me devolveu tudo que havia entregue a ele. — Vai precisar falar com seu gerente antes de fazer o depósito.

— Como assim? É quase um ritual sagrado eu estar nessa agência para depositar esse dinheiro na conta! — falei um pouco alterada e segurando os itens com mais força do que necessário.

Bancos sabiam facilitar nossa vida, mas também atrasá-la.

— Não posso te informar — falou de forma mecânica e virou o monitor para ver sua tela. — Aqui diz: restrição, falar com o gerente. Sou apenas o mensageiro.

— Vou ter que pegar outra fila? — emendei com raiva.

Lá se vai meu horário de almoço, sagrado, regrado a leitura e descanso.

O Desejo de Leo (Encantadas Primeira Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora