Fragmentos de sonho

Oásis/ impulsividade

Para traz nem para pegar impulso, era o que o filósofo louco gritava todo alvorecer na praça dos cristais, saltitando de a alegria enquanto dizia que quando se encontra algo que verdadeiramente ama tem de agarrá-lo e nunca mais soltar;

Mas e se para agarrar o que amo seja preciso dar a volta?

Pegar o caminho mais longo;

E se minha criatividade morrer no meio do caminho e quando finalmente encontrar um jeito de agarrar o que amo nem lembre mais o que é ou quem sou?

E se meu tsunami se transformar em uma onda reles de um em um lago drenável?

E se o oceano for poluído pela inércia, pela mediocridade e os peixes morrerem sufocados com a utilidade?

Mas e se esses passos forem necessários, e se for preciso o impulso?

Mas para onde pularia, o precipício é íngreme, lá embaixo apesar de ter flores e um oceano cheio de histórias, poesias, que brilham como dobrões de ouro com a luz do sol;

Tenho certeza de que vou me estraçalhar, mas também sei que se parar por alguns dias e achar uma rota segura no meio da floresta -mesmo que cheia de animais selvagens-

E se por acaso encontrar um cipó resistente, ou que no meio dos arranhões e do medo de ser devorado, aprenda a tecer com as aranhas uma corda resistente o suficiente ou até mesmo encontrar uma serra em que consiga descer sem grandes preocupações,

E que seja possível ver o oásis mesmo que só por vislumbre, maravilhado saltarei para sua imensidão.

E se mesmo assim continuar inteiro, mesmo que o caminho tenha sido penoso, levantarei minhas mãos para o céu e clamarei a qualquer divindade que queira ouvir que cada arranhão, mordida e osso quebrado valeu a pena apesar de não ter tido a coragem de saltar do precipício a 6 meses atrás.

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