♪ Te Guardo - Silvana Estrada ♪
Era tarde, Regina pediu por sua atenção e ela não conseguiu voltar a dormir. A dor no peito apertava e Mariana buscou conforto ao escorar na janela, ao deixar sua mente pensar no impossível por míseros segundos. O celular rodopiava em suas mãos à espera de uma resposta, de qualquer sinal de que tudo estava meramente bem.
E quando ela percebeu que nada aconteceria, seu coração se apertou. Céus, isso seria impossível!
Então, ela suspirou, apoiou a testa em seu braço e se abaixou em agonia. Não deveria ter mais lágrimas dentro dela, nem mesmo seu coração ter a capacidade de se comover pelo mesmo motivo. Os vinte e um dias para adquirir ou reforçar o hábito de estar sem Ana e Valentina não foram suficientes.
— Você já deveria ter entendido como seria. — Ela escutou a voz de Pablo, que parou ao seu lado e, quando viu o miserável rosto se levantar, ofereceu a caneca com o chá de camomila.
— A falta que sinto da minha filha?
— Não, Mariana, que Ana sempre dificulta as coisas antes de facilitar. — Ele suspirou. — Eu vi acontecendo, você sabe...
— O quê? Sua aproximação com Regina? Ana abrindo espaço pois era o melhor para as meninas?
— Você se apaixonando.
— Oh, não, por favor. — Ela soltou uma lufada, olhando para aqueles olhos acusadores. — Por favor, Pablo.
— É sobre isso aqui, Mariana. — Ele apontou para o celular em sua mão. — E o quanto está sofrendo esperando um assobio, um pequeno sinal para que caia novamente aos pés da perfeita Ana Servín.
— Oh, Pablo, eu juro que...
E quando ela ia latir toda a raiva que guardava pelo terrível comportamento imaturo que ele apresentou desde que decidiu voltar para a vida dela e de Regina, seu celular vibrou.
Na tela, o nome de Ana brilhava com força. Mariana acreditou que a batida forte de seu coração podia ser o suficiente para acordar Regina, para desaparecer com Pablo e até mesmo fazê-la ter um ataque cardíaco.
— Você teria coragem de negar, Mariana? — Pablo riu em sua pobre descrença, como se confirmasse cada maldita fala mentirosa.
Mas, no final, ela estava sozinha, escutando seu coração bater tão forte que a ensurdeceu, o telefone ainda vibrava, ainda brilhava. E ela tinha todos aqueles sentimentos conflituosos no peito.
A saudade. A dor. Por Deus, sentimentos que ela nem mesmo tinha coragem de proferir, porque a cada vez que ela tentava negá-los, eles se intensificaram.
Então, ela atendeu.
Mas escutou o silêncio, e se prestasse muita atenção, podia escutar a respiração se tornando pesada do outro lado da linha e, unicamente por isso, teve certeza que Ana estava ali. O mais perto que já esteve desde o dia do batizado. Perto o suficiente para ouvi-la, para que escutasse sua voz.
— Ana?
E foi a respiração pegando que fez Mariana se partir, sentindo todo seu corpo tremer na possibilidade de perdê-la.
Eu te amo.
Eu te amo.
Por favor, fique. Eu te amo.
— Você consegue.
Eu te amo, não vê? Não percebe o quanto meus braços doem esperando teu corpo embrulhado num abraço?
— Você é forte e não está sozinha.
E quando soube que Ana desligou, o pranto caiu do fundo de seu peito. Como se provasse que ele ainda era capaz de se partir, como se provasse que Mariana amava Ana imensamente, com paixão ou sem. E ela soube que não desistiria sem tentar mais uma vez.
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Espérame
FanfictionTantos eram aqueles que quebraram sua confiança, que deram as costas... mas por que apenas Mariana a afetou tanto?