Perigoso

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Várias semanas se passaram e várias vezes eu tentei fugir desta mansão, mas todas as minhas tentativas foram inúteis. Eles não me deixam sair daqui por nada e o pior é que agora não me deixam sair do "meu" quarto...

O platinado entrou no quarto após algumas batidas na porta. Ele não esperou que eu respondesse porque sabia que eu não o faria.

— É, parece que hoje é a minha vez de te alimentar Hinata. — O platinado disse entrando no quarto com a bandeja. Não sei por que eles batem à porta antes de entrar. Quer dizer, eles a trancam sempre... — A Karin disse que ontem não comeste e nem bebeste nada. — Nada respondi. — Tu sabes que isso vai fazer-te mal não sabes? — Permaneci calada. — Sabes, eu não queria admitir, mas eu realmente estou preocupado contigo... — Continuei impassível e ele suspirou pesado. — Eu vou deixar a comida aqui... Por favor, não me faças tomar medidas drásticas.

Saiu sem dizer mais nada e eu fechei os olhos pronta para dormir -não tinha feito nada além disso-, mas alguns minutos depois a porta foi aberta. Não abri os olhos para ver quem era, mas assim que ouvi a sua voz eu percebi.

— Vais armar-te em rebelde até quando? — A voz rouca parecia carregada de raiva, mesmo assim eu não abri os olhos. — Tsc, pensei que fosses mais forte que isso... Não vais dizer nada? — Eu não entendia ao certo por quê que ele estava chateado. — Ao menos beba alguma coisa! — Eu não tencionava prestar atenção nele por nada. — Grita... — Insistiu. — Chora!... Por favor, reage... — Sussurrou as últimas palavras, mas eu continuei ignorando a sua presença. E tomei um susto quando senti um peso por cima de mim e fui brutalmente erguida. — Olha para mim! — Olhei para ele assustada. — Encara a realidade de uma vez! — Ele apertava os meus braços enquanto me fazia olhar para ele. Estávamos próximos demais. — Tu não vais sair daqui nem mesmo morta, então alimenta-te de uma vez! — Pouco a pouco o azul-celeste dos seus olhos foi se transformando em um vermelho sangue.

— S-Solta-me... — Grunhi de dor e ele sorriu.

— Agora consegues falar garotinha? — Aproximou o seu rosto do meu. — É uma pena que seja tarde demais... — Fechei os olhos novamente, mas dessa vez estava assustada. Eu não queria ver aqueles olhos medonhos...

Mas voltei a encará-lo quando os seus lábios roçaram nos meus sem nenhum motivo aparente, ele estava com os olhos fechados, mas quando os abriu pude ver novamente o azul-celeste que tanto me intrigava.

— Os teus lábios estão secos, bebe alguma coisa... — Eu realmente não entendia o porquê dele agir assim.

Ele é tão bruto, mas ele também é carinhoso...

Ficamos nos encarando por longos segundos, até que eu consegui abrir a boca.

— Mata-me logo... — Ele congelou, os seus olhos... Parecia que ele não acreditava no que eu tinha acabado de pedir. — Se eu não... Se eu posso sair daqui.... Prefiro morrer de uma vez... — Falei exausta.

— Se tu queres morrer eu não te vou impedir... — Soltou-me e saiu de cima de mim. — ... Mas não penses que eu vou ajudar-te a morrer... — Olhou para a bandeja que estava no criado mudo. — Só me diz uma coisa, vais comer isso? — Apenas voltei a deitar-me. — Ótimo! — Ele pegou no copo com suco, levou-o a boca e virou-se pronto a sair.

Mas novamente eu tomei um susto quando rapidamente ele me tirou da cama obrigando-me a ficar de pé e colando os nossos corpos no processo. Ato que me fez ficar zonza por conta da rapidez com que tudo aconteceu, e antes que eu pudesse recuperar ele selou os nossos lábios e inclinou-me delicadamente para trás.

Apesar da confusão, eu senti o líquido escorrer pela minha garganta.

Ele não desviava os seus olhos dos meus e eu também não conseguia desviar os meus olhos dos dele. E o líquido que saiu da sua boca para a minha...

Minha PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora