Rosé.
— "Eu já volto, não se preocupem."
Essas foram as últimas palavras que eu ouvi do meu pai antes dele sair de casa e bater a porta, deixando eu e minha mãe sem mais respostas, mas no fundo eu sabia que minha mãe tinha alguma ideia do que estava acontecendo.
Assim que eu escutei o barulho do carro do meu pai partir corri para a janela e abri as cortinas, seguindo o carro vermelho até perder ele de vista, por fim, suspirei frustrada e fui até o sofá, me jogando no mesmo enquanto ficava a encarar minha mãe, que permanecia parada em frente a porta. Não sei porque, mas ela me parecia assustada.
— Mãe, venha se sentar e vamos esperar pelo pai. — Falei na tentativa de buscar a atenção da minha mãe mas não obtive resposta alguma, o olhar dela estava perdido. Resolvi então ir até ela e toquei em seu ombro, confortando-a, afinal eu sabia que ela estava preocupada, meu pai não tinha um bom passado.
— Vai ficar tudo bem, ele vai explicar quando voltar.
— Isso é o que a gente acha, Chae. Você sabe que quando ele passa tanto tempo assim no telefone boa coisa não é, você ouviu os gritos dele no escritório, não quero que ele esteja metido com jogos novamente. Tudo menos isso, quase acabou com a nossa família.
Ouvi as palavras de minha mãe e a confortei, abraçando ela de lado e deixando minha cabeça apoiada sobre o ombro dela. Sabia que ela precisava de apoio e eu estaria ali por ela. Passamos longos minutos assim até que minha mãe relaxou e eu a soltei, fomos até a cozinha e ela foi preparar um chá de camomila enquanto eu a esperava sentada na nossa mesa de jantar, observando todos os movimentos dela.
Logo ela me trouxe uma xícara com o chá e se sentou na minha frente, ficou calada e eu não quis incomodá-la, passamos longos minutos assim e eu bebi o meu chá sem pressa alguma. Adorava o chá da minha mãe e adorava mais ainda o fato dela saber a quantidade certa de mel, era reconfortante.
Se passou alguns minutos até que ouvimos o carro estacionar, eu e minha mãe nos entreolhamos e largamos as xícaras sobre a mesa, adiantamos em ir até a sala antes mesmo que a porta abrisse e esperamos que o meu pai entrasse, o ouvindo cochichar alguma coisa do lado de fora.
Suspirei ansiosa e segurei minhas mãos na frente do meu corpo, eu sabia que tinha alguma coisa acontecendo, só não esperava que fosse algo tão ruim como já havia acontecido a alguns anos atrás.
Meu pai finalmente entrou em casa e estava carregando uma mochila sobre os ombros e duas malas grandes e pretas, o olhei confusa e escutei minha mãe falar antes mesmo de eu buscar palavras.
— Que coisas são essas?!
Mas meu pai não respondeu, deixou as coisas ao lado da entrada e abriu mais a porta, acenando para alguém entrar. Até que ela entrou, sim ela entrou.
Uma garota da mesma altura que eu, magra e com os cabelos pretos até os ombros e uma franja, não pude ver a cor dos olhos dela porque ela estava usando um óculos de sol preto. Na verdade ela estava toda vestida de preto, parecia que não queria ser reconhecida, e estava conseguindo.
— Pai, quem é essa?
Falei sem tirar a atenção da garota, me sentia intrigada porque mesmo com os óculos, sentia o olhar dela sobre mim, como se estivesse me examinando dos pés à cabeça.
— Garotas, essa é a Lalisa e ela irá morar conosco agora.
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Jogo Vicioso
RomanceChae-young é uma garota comum e exemplar na escola, tem um bom relacionamento com os pais mas tudo em sua vida muda depois que uma dívida é cobrada ao pai e uma desconhecida vai ter que dividir a casa com eles. Chae se sente intrigada por Lalisa, e...