A vista longe do Mar

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Eu adoro o mar.

Os sons,a textura da areia,as sensações,os pequenos bichinhos se escondendo na areia logo depois que uma onda os puxa,tudo me faz sentir mais conectada com algo maior do que eu mesma.

As ondas se quebram com tanta calma hoje,ainda assim as ondas do fundo me encaram com sua braveza.

O mar e sua bipolaridade -me faz rir.

Enquanto vou calmamente me afastando da minha família observo os sons a minha volta.
Os pássaros,as ondas,os sons de meus pés andando na areia...a calmaria me agrada.

"Ainda bem que viemos na praia no inverno,não tem ninguém!Posso aproveitar tudo sozinha" - eu penso a dando pequenos pulos de felicidade.

Alguém mais fica feliz por ter a praia por si só?Com essa beleza e paz toda,quem não ficaria?
Olho para traz."Estou longe,vou voltar para onde minha família está."

Volto para nossa tenda(mais como guarda-sol e caixa térmica)e decido terminar o mangá que trouxe.
Valeu a pena guardar mais dinheiro para comprar a versão compacta de Death Note.
- O que você está lendo?-pergunta minha irmã de 9 anos.
- É sobre um menino que faz um pacto com o demônio e mata todas as pessoas que fizeram crimes muito ruins-assim talvez ela não molhe o mangá com essas mãos cheias de areia molhada.
- Cada um com as suas noias,eu acho-eu deveria me preocupar com essa resposta?-Mas ainda assim a Rainbow Dash venceria ele.

Ela parecia convencida disso.Não vou descutir,a Rainbow Dash é bem legal.

- Tem alguém como a Pinkie Pie no seu livro?-My little pony é com certeza o Goku da minha irmã.
-Creio que não,talvez a namorada do principal-ainda assim eu preferiria a Pinkie Pie.
- Ela é uma vampira?
- O que a Pinkie Pie teria haver com uma vampira?
-Nada.É que é de terror,então pensei que teria vampiros,você gostava bastande de crepús-eu a corto.
-Shh.Águas passadas,Mia.E você gostava de Peppa Pig,lembra?No Halloween quand- ela me cortou.
-VIOLETTA!-ela gritou
-Ei!Quem sabe espanhol é você por acaso?
- Mi casa su casa,su nerd- ela me mostra a língua e então sua expressão muda subitamente-Mana?Por quê você tá chorando?

Eu estou?

Passo a mão gentilmente nas bochechas.Ah,lágrimas!Porque eu estou chorando?

- Não sei.-falo com sinceridade.
-Desculpa,não queria ofender você.O livro parece assustador,sabe?Todo "suspeitório",é legal.-ela diz,tentando se desculpar.
-"Suspeito",Mia."Sus-pei-to".E você não me ofendeu,eu acho que foi o vento,meu olho rececou e por isso eu chorei.Meu olho lubrificou,só isso.
- Ata,e por quê você ficou com aquela cara de drácula,lá?Pálida,olhando pro horizonte,chorando.Parece até que tá em série da Netflix-Ela faz uma encenação da minha cara,foi engraçado sim,não vou mentir.
-Acho que você tem que parar de ver Hotel Transilvânia todo dia,ninguém vai virar vampiro.-Me levanto e levo ela em direção aos meus pais,que aparentemente estão indo comprar comida.
-Melhor do que zoombie.E o que é esse negócio de "lubifricar"?Eu acho que eu já ouvi isso da vovó antes-
- Não queira saber do que a vovó fala,Mia!Por acaso ela sabe como comprar aquela fantasia da Rainbow Dash?-Por favor que ela esqueça do que a vovó falou.
- Eu ainda não sei o que é "ludifricar"-ela me olha brava.Ela é persistente,com certeza.
-"Lu-bri-fi-car"."Lubrificar",Mia.É hidratar,tomar água e etc.- Eu tento facilitar enquanto tento levar ela mais rápido aos meus pais.
-Tipo passar aqueles creme na cara que você e a mamãe usam?
-Isso isso...MÃE!-minha mãe avista nos duas e nos da um sorriso acolhedor.
- Vão querer camarão?Ta 30 por pessoa,vamos ter que aproveitar!- ela diz animada.
- Camarão!Camarão!- diz Mia,animada.
- Acho que vocês se esquecem do "Vegetariana à 6 anos".Ainda bem que trouxe lanches.

Ouço passos pesados e frustrados.Meu
pai.

- Não vai dar meninas-parece realmente decepcionado.
- Porquê?-Pergunta minha mãe.
- Olha o céu!-Ele diz e eu imediatamente olho para cima.
Está cinza.Outras nuvens quase pretas.Vai vir uma tempestade.Eu tinha dito ontem que hoje não seria uma boa ideia pela previsão do tempo,mas alguém me escuta?Acho que não no momento.
- As nossas coisas!-Minha mãe desce a rua correndo atrás de nossas coisas.Estamos algumas ruas da praia,e pelo vento,espero que já não tenha tudo voado.
-Ah,o camarão!-minha irmã diz num suspiro.
-Será que tem como levar pra casa,pai?-pergunto.
-Vai comer?-Ele me olha de canto de olho.
-Não.Pra Mia e vocês.-respondo ignorando sua piadinha.
- Já peguei.-ele diz levantando a sacola de camarões empanados.
-Yay!-Diz Mia pegando a sacola.

Enquanto meu pai foi ajudar minha mãe com as coisas levei Mia para o carro,e também forcei ela a parar de comer os camarões.
-Mas porquê?Você nem vai comer!-ela diz frustrada.
-A mãe e o pai vão,e você?Não vai deixar nada pra eles?-Ela me faz uma cara de raiva,porquê ela sabe que estou certa.
Uma batida no porta-malas.Eles voltaram.
-Aqui.-Diz meu pai jogando minha mochila em cima de mim pela porta de tras.
Ele tem jeitos interessantes de demonstrar afeto,não o culpo por isso.

Minha mãe e meu pai conversavam/descutiam(nunca sei qual é qual).Eu não entendi muito bem.

Enquanto isso Mia se enche de guaraná e camarões a milanesa,cantando Verdade do Zeca Pagodinho o mais alto que pode.
Nem meus fones podem com essa potência vocal,acho que música calma vai ter que ser pra mais tarde.

A tempestade começou à uns 10 minutos.A chuva está forte e o pavimento meio escorregadio,eu preferiria esperar a chuva passar.Mas pelo o que meus pais viram está tudo em baixo d'água,se nós não formos agora muito provavelmente não vamos conseguir chegar em casa.

Enquanto Mia agora canta "Con Calma" o mais alto que pode eu vejo a chuva pela janela do carro,por trás dela consigo ver o verde da vegetação e as ruas que vão subindo a serra.

Apesar de termos ficado somente 2 horas na praia e não ter saido como planejado queria que todo dia fosse como esse.A minha irmã até que é engraçada cantando,meus pais estão terrivelmentes mais altos que ela agora,mas pelo menos é por estar cantando a música.É bom estar assim,sem nenhum problema ou preocupação,nem que seja por alguns minutos.

É bom.

Fecho os olhos e aprecio o momento que,apesar do caos,me traz paz.

Então tudo para.

Ouço um ruido alto e o corpo da minha irmã me empurra me pressionando na porta do carro.O carro caiu da serra.

Não consigo ver nada.Meus pais?A Mia?Não consigo senti-los.Onde estão?

Onde?Onde?Onde?

MÃE!PAI!MIA!

Onde?Eu-
Morri?

-Não morreu,idiota.Abra os olhos-diz uma voz masculina

Não consigo abrir meus olhos.Não consigo me mexer!Que tipo de ataque de pânico é esse?Deixe me mexer!

-Oi oi oi!Por que você está fora das muralhas?-A voz continua com raiva e persistente.

Muralhas?O que é isso,Coréia do Norte?

-Não faço ideia do que seja mas se você for de fora terá de ser interrogada.-a voz continua firme.

Interrogada?Minha irmãzinha,meus pais,onde estão?

-Eles vieram com você?Da onde vocês vieram?

A praia.Estávamos na praia quando o carro...

-Praia?Vocês sairam das muralhas sem permissão para ver o MAR?Tch.Idiotas que nem meus subordinados-A voz chega mais perto e eu sinto meu corpo sendo movido.

Onde estão me levando?De quem é essa voz?Minha família.

-Eu ainda consigo te ouvir,criança.Estamos te levando para onde estamos descançando fora das muralhas.Não sei onde está a sua família-Ele diz a última frase com pesar.

Quem..quem é essa voz?

Sinto minha consciência se esvaiando de meu corpo.

-Capitão do Reconhecimento.Levi Ackerman,senhorita.

Between Universes (Levi x Reader) - PT-BROnde histórias criam vida. Descubra agora