Carta aberta a sociedade

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Vocês nos matam, diariamente, por motivos fúteis.

Se 'tá de roupa curta é puta.
Se 'tá longo é desinteressante.
Se tem um estilo diferente quer parecer "macho".

Se está triste é frescura.
Se reclui os sentimentos quer aparecer por ser "o diferentão".
Se demonstra é trouxa por se entregar demais numa sociedade de sentimentos líquidos. ( É Bauman, não tá fácil irmão.)

Se faz tá errado.
Se não faz é preguiçoso.

Se tira um tempo pra si é egoísmo.
Se não se cuida é surtado/a.

Se é diferente é excluído.
Se tenta ser igual é "facilmente manipulado."

Se luta pelo direito de ser quem é, é extremista.
Se não faz nada é conivente.

Se faz é cancelado.
Se não faz também.

Parem! Apenas, parem!

Vocês nos matam, diariamente. E ainda tem a hipocrisia de dizer "era uma pessoa tão boa."
Vocês não nos conhecem verdadeiramente, porque, nem nós mesmos nos conhecemos, já que não nos permitem esse ato.

Não, eu não quero aparecer. Não, eu não quero chamar atenção por ser diferente. Não, eu não faço o que faço pra ir na onda do "assunto do momento."

Eu quero o direito de viver intensamente o que me resta da vida.

Será que o direito de viver é pesado demais aos seus olhos julgadores?






















Cartas ao AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora