Nasci em uma vila de Rockyce, ao norte de Kenyada próximo à fronteira com os R.U.A. Não conheci meus pais quando eu era pequeno. Fui criado em um orfanato, mas soube quando mais velho que vim de uma família de nobres do reino. Ao menos meu pai. Um nobre descendente de uma das famílias tradicionais de Bretilhas, entretanto, minha mãe era uma meia-elfa de Rockyce mesmo. Uma das empregadas da casa, uma das jardineiras.
Certamente não foi uma gravidez bem vista na mansão. Casos do tipo nunca são boa coisa, principalmente nas tradicionais famílias dos Reinos Altos e Kenyada. Então minha mãe foi demitida antes mesmo que sua barriga crescesse. O que a deixou sem condições de me criar, além de não conseguir um emprego em sua condição. Para piorar ficaram sabendo que ela foi demitida da mansão por ter um caso com um membro da família.
Pouco depois que nasci, fui deixado em frente a porta de um orfanato e acolhido pelas senhoras que cuidam do lugar. Lá, fui bem-criado sob o cuidado de freiras da Igreja de Todos os Reinos. Elas ensinavam a mim e as outras crianças a palavra de Rhocard, e nos explicavam as coisas conforme suas histórias e mitos. Muitas dessas crianças cresciam bem, saudáveis, educadas e seguidores dos dogmas da grande igreja.
Tive muitos amigos enquanto cresci, principalmente um elfo da floresta, Broh, e um gathano, Le'Jhandro. Nós éramos muito próximos. Sempre que havia um problema no orfanato, nós três éramos os culpados. Quando pequenos pulávamos os muros para explorar o mundo. Uma vez ouvimos que estavam oferecendo uma grande recompensa para quem matasse um troll que estava atacando pessoas ao redor da vila. Não tínhamos dinheiro para pagar por coisas além do que o orfanato nos oferecia. Então, decidimos usar o que sabíamos fazer de melhor para matar o troll e ganhar a recompensa.
Broh tinha uma grande aptidão para usar o arco e flecha e fazer alquimia. Aprimorando estas suas habilidades naturais no orfanato, aprendendo com as freiras a fazer poções de cura e desenvolvendo suas próprias receitas de venenos. Le'Jhandro fazia o mesmo para passar seus dias. Aprimorando o dom da furtividade dos gathanos. Pegando coisas na cozinha e levando até o quarto para comermos na madrugada. Assim como todo meio elfo, sempre tive aptidão com magia, tendo me focado no estudo da ilusão e conjuração. Usando-as para zombar de outras crianças, e até mesmo as freiras. Sempre que eu via que nos daríamos mal fazendo algo, eu manipulava a mente de quem precisasse para evitar de sermos pegos. Mesmo que tivesse que fazer duas outras crianças brigarem feio. Confesso que muitas das vezes era divertido.
O orfanato era grande. Com dois andares, diversos quartos e salas. No térreo ficavam os cômodos de uso comunitário e os quartos das freiras. Nos andares de cima, os quartos das crianças sempre com duas irmãs de vigia durante a noite. Elas eram nosso primeiro obstáculo para sairmos e ir atrás daquele troll.
Já tínhamos dezesseis anos na época, eu já tinha aprendido a conjurar um animal para me servir. Eu invocava um corvo. No começo foi difícil, pois ele me seguia mas não obedecia. Quando as freiras me viam conversando com a ave, eu dizia que ela simplesmente vinha dos campos até o orfanato e que gostou de mim por eu dar migalhas de pão velho. Claro que nenhuma das irmãs podia saber que eu praticava conjuração, ou que Broh fazia alquimia e Le'Jhandro roubava da cozinha. Levei algumas semanas para treinar o corvo que chamei de Cronos. E quando aprendeu a falar, bastava repetir para ele alguma frase e em instantes ele já estava a repetindo, sabendo parar e voltar a falar quando ouvisse um estalar de dedos. Usando-o para voar até a janela do corredor e distrair as irmãs.
— Abobrinha! Abobrinha! — Disse o corvo ao pousar no parapeito da janela.
As duas freiras se assustaram e riram. Enquanto isso Le'Jhandro abria a porta lentamente para Broh passar.
— Sou um corvo falando abobrinhas! Olhem para mim! —Cronos dizia com sua voz roca.
— Nós devemos avisar a madre superior. Não é nenhum pouco normal um corvo falar.
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O Nightwrecker
AdventureFilho de um nobre com uma empregada, Mephisto foi deixado em um orfanato da Igreja de Todos os Reinos quando bebê e criado pelas freiras, se tornando amigo de Broh e Le'Jhandro. Juntos eles crescem se metendo em problemas e sendo vistos como as ovel...