Era uma vez um pequeno sonho, ninguém sabe quem o sonhou, era realmente um sonho bem pequeno. Isso fez o pequeno sonho Pensar "Eu não quero desaparecer, como posso fazer as pessoas me sonharem?". O pequeno sonho pensou e pensou, e finalmente teve uma ideia "Farei as pessoas virem até mim e elas farão o meu mundo".
Era uma tarde chuvosa em uma pequena cidade, sons de passos apressado eram escutados na silenciosa rua do bairro. A jovem chegava a porta de sua casa, mas por algum motivo não queria abri-la. Ela afasta devagar as suas mãos da maçaneta e sente os pingos de chuva caindo em seu vestido azul marinho "Eu devo entrar... é meu dever como irmã mais velha, tenho que entrar" a mesma pensa enquanto olha para o chão.
- Não vai entrar em casa Anny? - a jovem olha para o trás e vê seu vizinho, um senhor de sessenta e cinco anos, muito amável que segurava um guarda-chuva.
- Ah.. vou sim senhor Antônio, o senhor não devia estar aqui fora, esta chovendo, não vai adoecer assim? - ela fala se virando e dando um leve sorriso gentil.
- Eu me pergunto a mesma coisa de você minha jovem. Bem entre logo para não adoecer, se não você ficara sem poder visitar esse velho homem e sua esposa - o mesmo solta uma risada e toma seu caminho até sua casa.
A jovem olha apara a porta e respira fundo abre a porta de vagar e entra com cuidado para não fazer nenhum som. Ela fecha a porta e escuta o barulho da TV. Vai ate a sala e vê sua mãe dormindo com uma garrafa de vinho em sua mão. Anny sabia o que era isso, mais uma briga entre seus pais. As manchas roxas na pele de sua mãe eram nítidas e bem visíveis. Saiu da sala em direção ao seu quarto, pegando um cobertor que levaria para sua mãe, a cobrindo e levou pra cozinha a garrafa de vinho. Ela escuta o barulho de choro vindo do quarto de seu irmão e vai até o mesmo rapidamente para não acordar sua mãe.
Chegando no quarto ela vê seu irmão em pé no berço. Ela vai ate ele e o pega no colo e o aninha.
- Esta tudo bem, shiiii... calma eu cheguei - criança chora mais e Anny analisa seu irmão - Não esta sujo... então acho que você esta com fome... a mamãe não deu comida pra você de novo né?
Ela caminha com seu irmão no colo para a cozinha e, lá, prepara a comida dele em quanto o tentava acalmar. Após terminar de preparar tudo, ela o coloca na cadeirinha e o alimenta com a papinha, tentando o animar com algumas brincadeiras. Começou a contar a historia de "Alice no País das Maravilhas". A criança ouvia e comia quieta, assim que termina a refeição, ela limpa a boca dele e o pega no colo.
- Um dia quem sabe não iremos para o mundo das maravilhas juntos e saímos dessa casa.
Mais tarde naquele dia, Anny estaria em seu quarto, tentando entreter seu irmão, quando subitamente percebeu um carro parar em frente de casa. Ela viu pela janela do quarto o seu pai sair do carro e beijar uma mulher desconhecida no banco do passageiro. Em sua mão ele levava um objeto estranho. Temendo pelo pior, ela pegou seu irmão e se escondeu no armário. Tampando os ouvidos do mesmo fazendo tudo parecer uma brincadeira. Pensou ainda em chamar sua mãe, mas já era tarde de mais. Pouco após entrar no armário, ela escuta a porta da frente abrir violentamente. Vários gritos ecoaram pelos corredores da casa, até se escutar um som alto de disparo e após Isso, silêncio. Um silêncio mórbido e ensurdecedor caiu sobre a casa. A pequena Anny começou a soluçar tentando conter o choro sabendo o que tinha acontecido. Mas ao escutar os passos acelerados do homem subindo as escadas, a mesma parou com o som, apenas deixando as lágrimas escorrer por seus olhos.
- Onde estão aquelas pestes? Será que aquela vadiazinha não chegou? - Os passos iam se aproximavam do quarto.
A menina procurava algo em meio as roupas no armário, algo que possivelmente salvasse sua vida. Como uma dádiva divina ela acabaria achando exatamente o que procurava, uma pequena adaga, um presente de sua avó.
Ela respirou fundo, em sua mão direita segurava a adaga com firmeza e abraçava seu irmão com o braço esquerdo. O coração da jovem Anny acelerava a medida que os passos se aproximavam do armário. Observou também pela fresta da porta a silhueta do homem, com um sorriso em seu rosto.
- Annyzinha, vem aqui, o papai tem uma coisa para você. - a malícia era percetível na voz dele.
A única sensação na cabeça da jovem Anny era nojo, saber apenas pela voz do homem que ele estava totalmente embriagado a enojava. E aquilo simplesmente causava flash's de memória na cabeça dela.
"Você e minha bonequinha sabia?...Shiu, não conta para ninguém...sem choro, você não quer acordar a mamãe né querida?"
A mesma acorda de seu pensamento ao escutar a porta do armário abrindo. Ela vê a silhueta de seu pai. O mesmo a segura pelo colarinho da camisola e a puxa pra fora do armário.
-Então você estava aí... - ele a puxa para baixo e ela olha para seu irmão que teria ficado no armário escondido.
- Me solta seu nojento! Imediatamente! - ela gritava enquanto se debatia ferozmente.
O homem a levava pelo corredor e, em meio a seu pânico, ela usou a adaga para furar a mão do homem. A menina correu para a sala, não contando com o corpo de sua mãe, estendido no chão sem vida.
- M-mãe... - ela olha para seu pai e aponta a faca para o mesmo que se aproximava - eu vou acabar com você seu demônio nojento, não se aproxime!
- Anny você acha que tem chance? Você nunca teve, nem agora nem nunca! - se aproximava dela rindo - mas antes de se juntar a sua mãe e aí seu irmão, porque não brincando um pouquinho?
Anny apertou a adaga em sua mão, não pensando duas vezes antes de avançar sobre seu pai, apunhalando em seu peito. A raiva que sentia a fez superar seu medo.
-Volte para o inferno, é lá que você pertence! - seus gritos eram uma mistura de raiva e medo. Logo os tremores tomavam conta de seu corpo, mas não era isso que a faria parar de esfaquear o corpo já sem vida de seu pai. - Você fez minha vida miserável por 17 anos seu porco nojento!
Em meio aquele caos, Anny começou a rir baixo, sua risada se misturava com suas lágrimas e seus tremores. Mas no fundo de sua mente, uma voz ecoava.
- Anny..... Anny.....Anny! - ela desperta, olha para frente e vê sua psiquiatra.
Ela olha em volta e vê a sala branca com as paredes decoradas com alguns quadros, certificado e desenho de crianças.
- Estava perdida em seus pensamentos de novo senhorita?
- Não foi um sonho, né doutora? - Anny pergunta olhando para ela com os olhos fundos e sem vida, seu cabelo loiro caia suavemente pelo seus ombros, a Doutora suspira e olha para ela.
- Não Anny, não foi um sonho.. - ela arruma as folhas de sua mesa e anota em sua prancheta algumas coisas - a dose do seu remédio ira aumenta, notei que estava bem agitada e não voltou quando eu chamei, só voltou na sétima chamada, isso não é muito bom- ela aperta um botão e não demora muito até uma enfermeira aparecer com uma bandeja de remédios.
- Cheguei com os remédios doutora Maya - a enfermeira olha para Anny e entrega o remédio - aqui esta querida tome isso - a jovem pega o remédio e toma sem fazer birra.
- Doutora posso voltar para meu quarto... por favor me sinto cansada - Anny fala se levantando.
- Claro, enfermeira pode acompanhar ela até o quarto?
- Sim - ela concorda e estende o braço para Anny que apenas ignora e sai do consultório.
- Até a próxima consulta - a doutora fala e é ignorada.
Anny caminha a frente da enfermeira e chega em seu quarto. A enfermeira certifica-se que esta tudo bem com o quarto e com a colega de quarto dela. Alice era uma menina de 15 anos, ela sempre ficava quieta lendo um livro ou falando dos sonhos dela. Anny gostava de ouvir as historias da mente de Alice, a mesma se sentia conversando com a Alice de país das maravilhas. A garota se senta em sua cama e a enfermeira sai do quarto, Alice vai até ela e cutuca seu ombro.
- Eu o vi... O coelho branco de novo - ela fala animada - sei que logo estarei fora daqui, espero consegui te tirar daqui também.
- Lice - era como Anny lhe chamava - o coelho branco não é real você sabe disso né? - ela fala pra tentando trazer Alice de voltar pra realidade.
Alice, enquanto fantasiando, era alegre e animada, mas nas raras vezes que ela voltava a realidade, sua personalidade mudava. Ela adotava uma postura depressiva e bem mais fechada.
- Não seja boba Anny, ele disse que vai aparecer pra você também, espera a rosa aparecer em sua cama igual a minha - ela mostra uma pequena rosa branca com manchas vermelhas - essa é a minha - ela fala alegremente e encosta a cabeça no ombro dela.
Anny acariciou os cabelos da pequena Alice, enquanto olhava pela janela. Aquela simples janela era a única coisa que mantinha a pouca sanidade que Anny tinha. Ela suspirou longamente passando a observar a rosa de Alice. A Anny achava a rosa engraçada, era uma rosa branca verdadeira, mas parecia que as manchas tinham sido pintadas nela por alguém usando um pincel.
Na sala da medica, a doutora Maya olhava os relatórios de Anny. Ela realmente estava preocupada com a garota e sua enorme lista de traumas que ela conseguiu arrancar nas conversas que tiveram. Era preocupante o fato que sua paciente estava delirando em suas consultas. Sempre que entrava no assunto dos assassinatos ela se parecia entrar em um mundo em sua cabeça aonde não conseguia ouvir ninguém. A doutora suspira preocupada, então, a porta do consultório se abre. Era o dono do asilo, um senhor que aparentava ter seus 47 anos, usava um terno, possuía cabelos bem arrumados e um pouco grisalhos.
- Ah boa noite senhor Marcos é um prazer ver você - Maya olha para ele enquanto guarda a papelada - posso ajudar você?
- Boa tarde doutora Maya vim saber sobre a situação dos seus pacientes ouvi dizer que tem uma assassina no meio deles. É verdade?
- Ela não teve culpa do que aconteceu, de acordo com ela o pai veio pra cima dela depois de matar a mãe.
- E você acredita nela? Serio pensei que tivesse contratado profissionais para meu asilo, você sabe perfeitamente que os doentes sempre fingem estar bem ou ate contam mentiras pra aliviar seu lado. Não seja ingênua doutora - Ele fala com um tom serio olhando para a mesma - Acho melhor você tomar uma posição mais profissional sobre essa paciente, esta me ouvindo?
- Sim senhor - ela fala olhando para baixo, ela não queria discutir para não perder seu emprego.
- Espero não precisa repetir essa conversa doutora - Ele se senta na frente da mesma e a olha - Agora iremos falar sobre essa tal de Anny - Falava dando um sorriso duvidoso.
No quarto de Anny, após o jantar, ela estava deitada com Alice, que dormia encostada em seu ombro. Ela se perguntava olhando para a janela se deveria ouvir o conselho de sua colega de quarto. Em sua visão, seria ótimo ir para um lugar longe daquele sanatório.
Ela olha a janela e o pátio do local estava totalmente escuro, mas algo chamava atenção da garota. Uma silhueta humana estranha passa pela janela do quarto. A garota se levanta com cuidado e vai ate a janela, mas silhueta some misteriosamente.
- Aquilo era orelhas de coelho? - ela pergunta pra si mesma em um tom baixo.
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Realms of Madness
Mystery / ThrillerEra uma vez um pequeno sonho, ninguém sabe quem o sonhou, era realmente um sonho bem pequeno. Isso fez o pequeno sonho Pensar "Eu não quero desaparecer, como posso fazer as pessoas me sonharem?". O pequeno sonho pensou e pensou, e finalmente teve um...