A Chave do Caso

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Acordo e vejo alguém sentado na ponta da minha cama, coço meus olhos e olho para aquela criatura..  A roupa... O cabelo... PORRA, YOONGI!
- Yoongi! O que 'cê ta tazendo aqui?? - Levanto fazendo o mesmo levar um susto
- Bom dia, Mero Mortal! - Diz em um tom sarcástico
- VOCÊ INVADIU MINHA CASA SEU CORNO! VAI EMBORA PORRA!!! - Grito
- Krai Jimin, usa um calção ou uma cueca decente, dá pra ver teu intestino! - Ri
- Puto! Seu puto! - me enrolo no edredom - O que faz aqui?
- Temos que por nosso plano em prática, 'migo - Fala zoando a forma como eu e Tae nos chamávamos
- Vaza - Ele me olha - Tenho que me vestir
- Ta, vou pro corredor.
- E SEU MEU PAI TE VER???
- Ele deixou eu entrar - Diz calmo mexendo no bolso - Essa é chave da casa na árvore. Nos encontramos às 23h, já avisei seu pai.
Ele sai, me deixando sozinho...
Levanto e vou fazer minha rotina diária, desço e vejo meu pai bringando com alguém no celular
- NÃO PORRA, EU DEIXEI BEM CLARO QUE QUERIA OS RELATÓRIOS PRA HOJE - Ele gritava, logo desligou o celular e me viu descer.
- Bom dia, appa. - Estendo xícara de café
- Bom dia, e.. me desculpa por isso. - ele toma a xícara de minha mão e bebe um gole.
- Não tem problema. O Yoongi-Hyung avisou que iria para lá, certo? - Digo com as sombrecelhas arqueadas enquanto termino meu café
- Sim, precisa que eu te leve? - coloca as nossas xícaras na pia - Pra escola ou pra casa dele..
- Não precisa, vou de bicicleta. - Vou até a porta - Tchau pai!
Saio pedalando até a escola. Chegando lá, a diretora ordena que nos fôssemos até o auditório, provavelmente nos daria um recado, que provavelmente seria o sumiço do Tae
-- Oiii, 'migo - De novo esse puto?
-- Cara, como vc conseguiu entrar aqui? - Digo surpreso
-- Eu tenho meus truques... - Silêncio - Eles deixam o portão de trás aberto
-- Ah...
-- Escuta aqui. Meus pais vão estar em casa, então entrem DIS.CRE.TA.MEN.TE na casa da árvore - serra os olhos - e eu preciso do seu número
-- Pra?... - Indago
-- Pra fazer o grupo?... - Diz como se fosse óbvio
-- Me dá seu celular - Ele entrega - É esse aqui, agora vaza antes que eu tenha problemas.
Ele saí e em seguida a diretora começa o discurso sobre como Kim Taehyung era um homem bom e honesto, que não podia acreditar que alguém como ele podia estar morto.
-- Park Jimin, sabemos que eram muito próximos, gostaria de dizer algumas palavras?
Nesse momento meu corpo gelou, se eu queria? É claro. Na frente da escola toda dês do primário até o ensino médio? Nunca!
Mas eu fui, Tete iria amar ver isso, não por se sentir honrado, mas por ver todo meu constrangimento. Ele faria questão de me lembrar disso todos os dias.
-- Diretora, se não tiver problema, prefiro deixar meu discurso para o enterro no sábado. Só quero dar um recado...
-- Não tem problema Park. - me dá espaço
-- Gente, por favor, não pensem no Tae como "O garoto que se matou". Pensem nele como o garoto do all star branco, do cabelo azul, do sorriso quadrado. Do garoto que venceu um prêmio de O Aluno com as Melhores Notas, mesmo estando na quinta série. Lembrem dele como quem ele foi, o que ele conquistou... Não de sua morte... - Meu olho se enche de lágrimas - Me desculpem - limpo as lágrimas - o Tae ele.... ele era meu irmãozinho, meu ursinho, meu melhor amigo. Ele era meu mundo. Não esqueçam dele, apesar de que a maioria de vocês nem se lembrem dele. Não derramem lágrimas falsas, porque, podem ter certeza, eu mataria cada um que fizesse isso.
-- Muito obrigado Park. Podem voltar pra salas. - Ela me interrompe
Passei o dia ouvindo "Sinto muito, Jimin", "Gostaria de poder ter o conhecido", "Onde será o enterro? Se é que eu posso ir...", "Nossa, vocês deviam ser muito próximos", etc. Fora os olhares.
Era como estar naqueles sonhos em que você esta pelado na escola e todos estão te olhando, sabe? Eu só queria me esconder em um canto e chorar.

Taehyung e eu não éramos populares, na real, éramos taxados como esquisitos. Últimos a serem escolhidos na Ed. Física, do Fundão, melhores notas, óculos - no meu caso lentes, não gosto de usar óculos-,  queridinhos dos professores. É, não éramos populares.

Maldito SapatinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora