Através Da Janela, Um Sol Esperançoso À Espera

Borboletas

Eu admiro borboletas, embora eu quase não as veja, admiro o fato de serem tão lindas, tão delicados ao vento, tão radiantes como o sol, tão ousadas quanto a tempestade, tudo tem de ser belas em qualquer pouso que elas façam, sempre haverá beleza.

Queria ser uma borboleta, bela e ousada
Queria ser uma borboleta, livre e feliz
Queria ser uma borboleta, sempre ser falada com amor nas bocas dos pecadores
Mas não sou, sou um ser humano falho, mas que os defeitos não são sujos ao ponto de me calarem na razão do meu sentimento.
Sou uma garota triste e vazia, que os pensamentos desejáveis se tornaram tortura para minha vida,
Sou uma garota apaixonada, mas que tem medo do amor ser abusado pelo pecador.
Sou uma boa filha, mas que tem medo de falhar e se reprovada por medo de me maltratarem mais por palavras obscuros e absurdas.
Sou forte por carregar essa dor silenciada, mas fraca por querer desistir do amanhã, mesmo que não tenho percebido que o amanhã poderá ser lindo para meu coração.
Quero ser amada da forma que eu amarei, quero ser tocada da forma que imaginei, quero ser beijada dar forma que eu sonhei, quero ser curada da forma que eu pensei.
Quero ser elogiada pelo meus pais da forma que esperei, quero ter o apoio da forma que eu pensei, quero ser cuidada da forma que eu sonhei.
O que eu imagino é simples, o que eu sei é complicado, o que eu quero é difícil, difícil pelo fato de não criar mais chances no futuro.

Não falem, me escute, não me interrompam, pois quero ser ouvida, não me julguem respondendo que não sou triste pelo fato de eu sorrir, mas de um sorriso guarda o rancor, a inveja, o medo, o trauma, o sofrimento, a calúnia. Não me julguem por falarem que nunca me deixam sozinha, que na multidão esconde a dor, a angústia, o vazio, a tristeza, a solidão, a depressão, a ansiedade.

Não tenho mais medo do que possa a vir, que do meu passado eu já suporto, que do meu presente eu a tolero, que do meu futuro não dou chance de viver nela.

Estou rodeada de problemas ao meu redor, espinhos que ultrapassam as veias e seguram o coração, mãos amarradas para não ferirem a natureza (corpo), mente fechada para não ouvir respostas secas e insensíveis, peito cadeado para não queimar o lar que já está arruinado.

Se fazemos alguma coisa na vida e nada acontece.... por quê? Qual é o objetivo? Qual é a razão.

Estou numa sala estranha, ela é feito de ferro enferrujado, estou numa cama dura e desconfortável (coração), estou com um lençóis confortável (lágrimas), estou acorrentada por ferros longos e apertados ( depressão), tento sair, mas não vejo uma chave para ir embora. Quando de repente, vejo um buraco que não tinha visto até agora, observo uma sombra, e me deparo com uma borboleta, ela entrou no buraco e rodou a sala vazia, e pude ver o quanto ela é fascinante, suas asas eram azuis apagado, suas antenas eram pontudas, seu vôo era incrível. Num piscar de olhos pude ver ela pousada no meu joelho esquerdo, a borboleta azul, que não era tão pequena assim, ficou parada, era como se ela soubesse que estava me sentindo sozinha, que estava me sentindo triste e vazia, eu sentia que a mesma já se sentiu assim, sozinha. Ela ficou parada, como se tivesse gostado da minha presença. Era muito calada, ela não demonstrava em palavras e sim em gestos. Peguei a borboleta pela minha mãe direita, me senti acolhida, forte. Percebi que na calda dela eram roxas, no começo era azul, até indo na calda que fica roxa, esse pequeno inseto era deslumbrante com seu charme fofo e acolhedor. Percebi que o pequeno inseto estava a espero de algo, mas se for para eu sair, aconselho que desista pq não tem chance.

1 ano se passou, e a corrente ficou mais presa, a cama começou a ter pregos, o lençol ficou inchado, mas ainda estava firme, mas a borboleta continuava ali. Dois anos se passaram, e a cama tinha vidros e pregos, as correntes eram mais puxadas e continham pregos, e cada vez que eu puxava, meus braços eram cortados. Não aguentava mais isso, mas vi a borboleta ficar sem cor, estava ficando sem vida em si, fiquei imediatamente preocupada, ela era minha única companhia. Faltava um mês para 3 anos, mas vi a borboleta ficando mais velha, estava cinza, aquela pobre borboleta ficou a minha espera durante anos, e não fiz nada, a não ser reclamar, chorar e me machucar. Quando de repente a mesma olhou para mim, e vi sua calda se desmanchando, suas azar viraram pó, e no seu último voou, se desfez por completa. Gritei o mais alto que pude, me arranhava, fazia aquelas correntes com pregos perfurarem as minha veias, me debatendo naquele colchão cheio de vidros, fazendo com que entrasse dentro de mim para destroçar tudo a sua vista, mas dor não era tão dolorosamente igual ao meu coração, era nítido que não estava em mim. O chão da sala ficava cheio de sangue, meus braços estavam presos pelo prego, sentia meu corpo sendo perfurado pelos pregos e vidros, mas mesmo assim não tão tão forte igual meu coração, fechei os olhos como um último suspiro, e de repente vi uma imagem de uma borboleta, ela era diferente, não era a mesma, vi a imagem ficando mais forte, era uma das borboletas mais lindas que eu já vi, suas asas eram roxas, as linhas nelas eram a cor da chama vermelha, calda ficava num tom suave vermelho, então observei a mesma batendo suas asas, cada vez que batia ficava mais forte, e no retornar a minha vista senti o vento no meu rosto pelas batidas de vôo da charmosa pequeno inseto.

E então, toda coberta de sangue, braços perfurados, corpo dilacerado, eu soube o motivo daquela borboleta tido me esperado tanto.
O pequeno inseto me deu a resposta, e eu me fiz de cega, a dor do peito era tão grande que não conseguia notar muito a sua presença, mas me sentia protegida com aquele presença. Ela me deu a chave da resposta, e a chave era o silêncio, que mesmo me escutando, não tinha me ouvido antes, no entanto era por isso que ela era calada, era para eu me ouvir, só ouvia meu sofrimento, mas não a verdade.

Por tanto, respirei profundamente e disse em voz alta e clara.

- eu nunca te escutei de verdade, só escutei berros, gritos e desesperos, mas não vi o seu profundo real, não vi o quanto vc é maravilhosa, o quanto vc é forte por ter aguentado isso sozinha, por ter ficado calada durante julgamentos, por ter escondido que na noite anterior vc chorou pedindo socorro, não pode perceber o quanto vc era corajosa, o quanto vc era adorável fazendo de tudo para se manter feliz. Eu te perdôo por ter se machucado, eu te perdôo pelas vezes de seus pensamentos te machucarem com lembranças dolorosas, eu perdôo pelas vezes que vc queria desistir. Eu te digo em voz alta e clara, eu te amo, e jamais me deixarei na mão por mim mesma, e mesmo na dor, passaremos isso juntos. Te amo, Vivian.

E com sua breve resposta, a sala coberta de sangue se tornou limpa, mas ela ainda ficou presa, e com um breve silêncio na sala, seu corpo formigou, suas mãos ficavam suave, seu corpo diminuía, suas mãos se desmanchava como um pó no ar, teu semblante ficou apagado, e com breves segundos seu corpo virou pó, a cama desapareceu, as correntes desapareceu, a sala desapareceu, e tudo ficou escuro, mas ainda restava o chão, e no chão ficava o pó. Desde então, daquele breve momento, seu corpo retornava como aquela bela borboleta que ela tinha visto na imagem de seu sonho, era uma das belas borboletas que se prontificou naquele lugar escuro, o pequeno inseto viu uma pontinha de luz no seu lado superior, ela então voou bem alto, e se encontrou num mundo bonito, repleto de flores, rios, que ao seu redor haviam várias borboletas, era como se todos eles fossem libertados do mal que as consumiam. Então ela se lembrou que tinha uma vida a cumprir lá fora, que diante naquele mundo ela poderia ser borboleta pra sempre, mas sentia que faltava algo a fazer, e com a água parada, ela entrou e viu que dava em outro lugar naquele rio, e viu uma porta com adesivos de flores, a porta que se direcionava a ela se abriu, e desde então ela foi-se embora por aquela porta

Quando eu acordei, estava numa cama diferente, num lugar diferente, era lindo, me levantei depressa para ver meus pais e minha irmã, todos mudaram, meu pai ficou mais carinhoso, e minha mãe me enxergava com cautela, com cuidado, duma forma que nunca tinha me olhando antes, todos estavam felizes naquele local. Fui me despir no meu quarto, quando vou para meu guarda roupa, passo do lado do espelho, e noto algo diferente, a borboleta que tinha me salvo estava no meu ombro, era um desenho tão lindo e gratificante, que meus olhos se encheram de emoção e gratidão. Coloquei a mão sob a borboleta, e senti um toque mágico, percebi que nunca ficaria sozinha diante dela. Troquei de roupa e apreciei a vista lá fora, tudo era calma e lindo, e agora que estou aqui, posso me dizer que estou curada, que os machucados no meu corpo desapareceram como um toque de mágica, e pude perceber que me amo muito, e sei que daqui em diante não irei baixar a cabeça diante de desafios, que mesmo tendo dias ruins, ainda terei força para aguentar. E diante dessas presenças, a borboleta ficará ao meu lado, me protegendo de qualquer coisa que me faça infeliz.