aura + fack

one.

por que somos tristes?
ou se não somos, ficamos?
por que deus permite tamanha decepção com a vida?

adentro o ônibus lotado, era horário de movimento e mamãe insistiu que eu deveria procurar ajuda, não tive como negar, eu estava caindo aos pedaços.

uma senhora se senta ao meu lado batucando os pés, ela me dá um leve sorriso e faço o possível para lhe dar outro, então o ônibus para no meu ponto, desço e o calor misturado com a ansiedade me consomem, caminho lentamente até a porta de um centro espírita.

eu nem de fato acredito que essas coisas existam.

sou recebido calorosamente por uma mulher com longos cabelos escuros, ela usa uma roupa branca, como uma médica.

— oi jack, eu sou a olivia! amiga da sua mãe, vou te auxiliar aqui dentro, como foi o caminho até aqui? — ela diz me conduzindo até uma sala, pareço estar atrasado já que muitas pessoas estão sentadas e um senhor está dizendo algumas palavras.

— oi olívia, prazer em conhecê-la, muito obrigada, o caminho foi bom. — respondo baixinho, e então sento em uma cadeira.

— que bom! vou avisar a sua mãe que você chegou bem. agora eu tenho que ir, quando a apresentação terminar, vá até aquela salinha, alguém irá te auxiliar, boa sorte na sua caminhada! — ela vira de costas e sai por onde eu entrei.

olho para o teto como se fosse a coisa mais interessante do mundo, o cheiro me incomoda, parece incenso de rosa branca, titia vive acendendo lá em casa, ela diz que traz boas energias, mas na verdade só ataca a minha rinite.

a apresentação termina mas eu não percebo, então fico parado por alguns minutos encarando a parede, um garoto com a minha idade aproximadamente toca meu ombro de leve.

— oi, você deve ser o jack, pode me acompanhar por favor?