Eram noites copiosas de pensamentos invasivos.
Já não aguentava mais.Desde que tinha se entregado aos beijos do parceiro, numa tentativa de salvar a própria pele, não conseguia mais tirá-lo da cabeça.
Josiah.
Malvolio.Era tudo em que pensava, 24 horas por dia, 7 dias por semana. E não na forma como iria matá-lo, nem sobre seus hábitos, locais de trabalho, contatos, e informações... Mas nos lábios macios, o olhar penetrante, e o físico perfeito dos braços fortes que ele tinha usado para envolvê-lo dentro daquele maldito banheiro.
Bufou, irritado, deitado na cama. Tinha desligado as luzes e ligado o ventilador de teto, esperando que o escuro e o vento gelado contra o torso nu finalmente o acalmassem... Mas só piorou. Quanto mais mantinha os olhos fechados, mais imagens lhe vinham à cabeça...
Os olhares sôfregos do outro. A boca entreaberta, com um fio de saliva escorrendo. Os barulhos suaves e roucos que lhe escapavam a garganta cada vez que se beijavam. A forma como Josiah, mesmo se derretendo, era hesitante em seus toques, como se tentasse ao máximo não passar dos limites...
Mordeu o lábio inferior, ainda envolto em escuridão, a mente vagueando pelas lembranças daquela noite. Sentiu o baixo-vente arder em uma pontada, suspirando; aquele sentimento tinha se tornado tão familiar nas últimas noites... Tão irritante e impossível de se livrar...
Sem sequer perceber, Callisto deslizou os dedos da mão livre pelo torso, delicado, parando no cós da calça de malha que vestia. O simples toque já o fez estremecer, o tecido se tornando cada vez mais desconfortável ao redor do corpo, cada vez que imaginava uma cena diferente... Coisas muito além do que tinha acontecido no banheiro. Os beijos de Josiah tinham sido o suficiente para acordar todo tipo de fantasia pecaminosa na mente do mais velho, que agora quase cortava o lábio inferior ao tentar aliviar a tensão.
Imaginava Josiah deslizando as mãos pelo corpo do mesmo, apertando-lhe a cintura, afundando o rosto no pescoço que ele, inconscientemente, deixava à mostra ao pender a cabeça para o lado. Malvolio não estava ali para enchê-lo das marcas com que fantasiava, mas sonhar não matava ninguém.
O ódio tinha sido atirado pela janela no momento em que se permitiu provar os lábios alheios, e era agora algo de um passado distante. Callisto se entregava aos próprios sonhos proibidos sem dó nem pudor; o quê os olhos não vissem o coração não sentiria, e estava sozinho em um quarto trancado.
Só Divindades poderiam lhe julgar.
Perguntou-se se Josiah o faria, visto que, claramente, era uma.
Deslizou a mão por baixo dos tecidos, e agarrou o próprio membro, suspirando baixo. Com os toques, vieram mais fantasias... Josiah prensando-o contra a parede de costas para ele, tocando-o sem qualquer restrição, invadindo-lhe o corpo por baixo dos tecidos e enlouquecendo-o. Os dedos de unhas curtas arranhando a pele pálida ao passo que o trazia para mais perto, passando um braço ao redor do mesmo apenas para tocá-lo e mover a mão com o mesmo vigor que ele, em realidade, o fazia.
- A-Aah...~ - Gemeu baixo, arqueando as costas acima do colchão um mínimo, mordendo os lábios e tremendo. Aumentava o ritmo a cada nova imagem que lhe vinha à mente.
Começava a pensar com mais ousadia, imaginando o mais novo de joelhos à frente, os cabelos enroscados nos dedos das mãos dele, que movia a cabeça de Josiah para frente e para trás... Sentindo os lábios macios e quentes, a língua molhada, o tremer dos gemidos que ele soltava contra a pele...
- Ah!!~ J... Josiah.. - Lamuriou novamente, saliva escorrendo pelo canto da boca entreaberta, o corpo se contorcendo em prazer. - A-ha-ahnn...~ M...Malvolio, ah, c-caralho...
Mil palavrões escaparam os lábios de Callisto, que continuava a gemer com tanta luxúria quanto suas fantasias carregavam. Se via com o quadril apertado entre os dedos do mais novo, que o estocava com força, arruinando-o, obrigando-o a berrar o nome alheio até que todos soubessem a quem pertencia...
E gemendo o nome dele...
"Callisto... A-Ah, p-passione.."
Aqueles apelidos irritantes, agora tão...
Necessários...Com a mão livre, apalpou a cama cegamente, procurando pela única coisa que o afogaria em lembranças ainda mais profundas; o casaco do mais novo. Afundou o rosto no tecido, sentindo o cheiro da colônia que tanto adorava, mordendo os lábios em prazer...
Era como se escondesse o rosto no peito ou pescoço alheio, e se sentia corar como se fosse real...
Não se aguentou, acelerando os movimentos da mão quando as imagens lhe consumiram a mente, arqueando as costas e se contorcendo ainda mais.
- J-JOSIAH, Ahhhnn..!~ - Gemeu, alto, tendo a sorte de ter o antebraço para morder e se abafar.
Sentiu o líquido quente lhe manchar a destra e a virilha, arfando copiosamente por ar, corado. Mais uma noite entregue... Derrotado.
E tinha a pachorra de falar que era o vencedor naquela batalha.
Ladainha...
... Josiah tinha ganho a guerra quando pôs os olhos nele.