CAP I - I - O DESPERTAR

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A luz branca sob meus olhos era muito forte, não conseguia ver direito o que estava me acontecendo, coloquei as mãos sobre o rosto na tentativa de conter a claridade, o que foi inútil. Tinha muitas vozes falando ao meu redor, mas de momento não conseguia saber de quem eram ou quem eram aquelas pessoas. Sentei-me na cama e me vi seminu, apenas trajando uma espécie de avental branco, fiquei sem saber o que eu estava fazendo ali vestido daquele jeito em uma sala repleta de pessoas desconhecidas e trajadas de verde. Uma sensação de pânico tomou conta de mim. Minha boca estava seca, a visão turva causava devaneios em minha mente o que dava a impressão de tudo estar girando ao meu redor. Não atinei para os reais fatos, pois minha cabeça doía muito parecia que estava meio oca. De repente olhei para o teto e vi outra enorme luz e esta era mais forte do que a que estava a minha frente, comecei a sentir meu corpo levitar e me vi subindo lentamente indo em direção àquela luz. Era inexplicável a sensação de estar levitando. – Pensei -, devo ter bebido muito desta vez! Quando vi que meu corpo estava sendo atraído pela  grande luz, me virei e olhei para baixo então, pude ver meu corpo aberto em cima de uma mesa cirúrgica, o que explicava a aquela forte luz, era o foco cirúrgico que estava aceso em cima de mim. Mas e a outra luz de onde estava vindo? Porque meu corpo era traído para ela? Não adiantava força-me a descer, a luz tinha parecia  ter certo poder magnético sobreo meu corpo ou o que havia restado dele. Mas eu tinha dois corpos? Como poderia estar deitado em uma mesa cirúrgica e ainda estava sendo puxado pela luz? Pensei estar ficando louco ou coisa assim. Na verdade eu na queria aceitar a realidade de que havia desencarnado. Parecia que um buraco havia se aberto no tempo. Senti medo. Aquele pavor repentino tomou conta de todo o meu ser e sem querer, soltei um grito de horror, tampando a boca espontaneamente pensando ser ouvido por alguém. E se uma daquelas pessoas olhasse para cima e me visse flutuando sob suas cabeças? Sairiam correndo de pânico? Se, eu estivesse no lugar delas com certeza que sairia. A principio fiquei em estado de choque, até que lentamente pude perceber que, as pessoas trajadas de verde eram médicos e estavam tentando tirar uma bala cravada em meu peito. Senti-me fraco e a sensação de impotência me fez acreditar que eu iria desmaiar. Era uma equipe pequena formada apenas pelo cirurgião, o anestesista, o instrumentador, uma enfermeira chefe e uma auxiliar de enfermagem. Todos pareciam muito tensos e exaustos. Até que por fim, depois de muito silêncio e ansiedade ouvi o anestesista dizer: - que a minha pressão pulmonar era instável e que eu estava correndo risco de ter uma parada respiratória. O médico-cirurgião estava suando muito e parecia fazer de tudo para salvar-me a vida. Eu estava em coma induzido e de alguma maneira ainda estava preso ao meu corpo terreno. Vozes começaram a me chamar pelo meu nome, para que eu entrasse naquele túnel que havia se formado no meio daquela luz brilhante, porém algo estava errado e eu fiquei entre a razão e alguma coisa mais forte que estava me prendendo naquele lugar ainda. Olhei para dentro da luz e respondi para as pessoas que já se aglomerando dentro dela:

– Sinto muito! Não posso partir agora.

Imediatamente o túnel se fechou e cai ao chão de supetão. Cai ao lado do meu corpo que estava se desligando da minha alma. Levantei-me ainda sentido uma espécie de fraqueza, - era como se eu estivesse a muitos dias sem me alimentar. - Segurei-me na beira da mesa cirúrgica e fiquei observando a equipe que me operava. Minhas pernas tremiam como varas verdes. Toda aquela agitação em volta de mim me deixava mais tonto ainda, era uma mistura de sensações. Senti vontade de vomitar. Vozes e vultos desconexos vindos de todos os lados me chamavam e me rodeavam. Mais se pareciam com imagens de uma TV fora do ar e os vultos eram sombras que passavam pelas paredes como lençóis negros transparentes. Aquela chieira toda me deixou com falta de ar e eu comecei a tontear cada vez mais. O cheiro de sague que exalava do tórax aberto era insuportável, o cheiro da morte é demasiadamente torturante. Na verdade eram apenas sensações causadas pelo meu corpo físico, pois eu não havia me desligado totalmente. Estas sensações são normais quando estamos em coma e mesmo depois de passarmos pelo portal ou túnel como alguns assim chamam o trajeto que nos leva até o outro lado. Antes de passarmos para o outro mundo somos levados para um tratamento espiritual à base de muita irradiação e passes, mas antes disso temos a sensação de estarmos sofrendo e sentindo tudo o que a nossa matéria terrena sentia. Eu não aceitei o chamado dos irmãos para seguir em frente entrando no túnel então tive que aprender tudo isso a duras penas. E aceitar isso sem preparação é muito mais difícil.

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⏰ Última atualização: Sep 09, 2015 ⏰

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