Prólogo

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Pov. Jade Thirlwall-Elliott
24 de dezembro 2020 - 07:56 pm

     Tem algum tempo que eu tenho desconfiado de Jed, ele chega do trabalho cansado e as vezes bêbado sempre com a desculpa de que ficou fazendo hora atolado de serviço ou que foi para um happy hour com os colegas e o celular descarregou e por aí vai, as desculpas são as mais variadas.
     Mas hoje é véspera de Natal, deveríamos estar a caminho da casa dos meus pais para a ceia e não sentadas eu e Maia no sofá, prontas à espera do seu pai que pelo visto não vai aparecer tão cedo. Hoje é feriado, Jed nem deveria estar trabalhando, mas saiu de casa após o almoço dizendo que era uma reunião com um cliente muito importante e não poderia esperar até depois do feriado. Durante o final da tarde mandei várias mensagens e até liguei pra saber se ele chegaria a tempo mas não recebi nenhuma resposta.
     Vejo uma notificação no celular, é de Jed, a mensagem diz: "Babe, fiquei sem bateria durante a reunião, chama um Uber, seu carro ainda está no conserto, eu te encontro lá."
     - Ótimo! - exclamei irônica revirando os olhos - Maia, vou ligar para o seu tio Karl e ver se ainda conseguimos uma carona pra casa da vovó. - minha filha estava linda, com um vestido azul clarinho que ela mesma escolheu com toda sua independência e autoridade de uma adulta de 4 anos.
     - Cadê o papai? - ela perguntou.
     - Ele vai nos encontrar lá na vovó meu amor, não se preocupa. - sorri tentando passar alguma verdade em minhas palavras.
     Liguei para o meu irmão que prontamente me atendeu e disse que em poucos minutos estaria aqui. Ele chegou menos de dez minutos depois acompanhado de sua linda esposa Shireen e sua filha recém nascida Amélia, a pequena tinha apenas 2 meses. O caminho foi silencioso, nem mesmo Maia que adorava seus tios e brincar com o bebê estava com vontade de conversar, provavelmente pela ausência do seu pai. Karl dirigia com calma pelas ruas cheias de Londres onde todos tinham uma ceia para chegar. O dia estava extremamente frio, as ruas cobertas com gelo e neve como sempre nessa época do ano. Passamos pelo imponente portão duplo com o "T" da família bem to meio e seguimos por uma estreita estrada no meio das árvores até chegar em frente a propriedade onde nasci e fui criada. É uma mansão imensa de estilo vitoriano que estava na família Thirlwall a gerações com uma grande escadaria na frente.
     Fomos recebidos por uma empregada que levou nossos casacos e logo meus pais vieram nos abraçar. Eles logo notaram a falta de Jed entre nós, ele era o genro de ouro para eles, praticamente um terceiro filho. Na presença de meus pais Maia finalmente começou a se soltar e a falta do meu marido logo foi esquecida quando o mesmo chegou se desculpando, aparentemente todos alí compraram a reunião que se estendeu por horas com compradores japoneses, todos menos eu. Sentamos a mesa e os pratos começaram a serem servidos por dois homens totalmente uniformizados que eu nunca tinha visto na casa.
     - Mamãe você contratou empregados especialmente para o jantar?
     - Sim querida, Edith e os outros também merecem passar o Natal com a sua família. - Edith era a governanta da nossa casa desde que eu nasci, ela ja era de mais idade agora mas segundo a mesma não sabe o que faria se pedisse a aposentadoria portanto continua trabalhando. - Todos tem férias até depois do ano novo então contratei temporários.
     O assunto seguiu, vieram as sobremesas e depois os coquetéis na sala de estar enquanto abrimos os presentes, que eram principalmente para Maia e Amélia. O clima parecia perfeito para todos alí, mas eu não conseguia nem olhar para Jed, muito menos fingir que estava tudo bem.
     Chegamos em casa e Jed carregou Maia para o seu quarto pois a mesma acabou dormindo antes mesmo de sairmos do estacionamento dos meus pais. Eu tirei meus saltos em qualquer lugar da sala, subi as escadas em direção ao nosso quarto, mas quando passei em frente ao quarto de Maia vi uma cena que me deixou de guarda baixa novamente. Jed estava sentado no chão ao lado da cama de Maia fazendo carinho e observando a menina que dormia tranquilamente o mais bonito dos sonhos. Continuei andando realmente emocionada, entrei no quarto e tirei o vestido indo em direção ao banheiro, precisava de um longo banho.
     Entrei no quarto e Jed já estava deitado com os olhos vidrados no celular e digitando rápido, provavelmente tomou banho no banheiro do corredor pois estava de cabelos molhados. Me deitei no outro lado da cama e virei de costas para ele, não trocamos uma palavra, o que provavelmente foi a melhor escolha pois eu não tinha nada a dizer que não fosse iniciar uma briga e deus como eu estava cansada de brigar. Penso na cena de Maia dormindo enquanto Jed acariciava seus cabelos. Por mais que nós tenhamos nos distanciado como casal e ele não demonstre mais afeto comigo, ele sempre foi um pai incrível para Maia e isso só torna mais difícil meus pensamentos a respeito de me divorciar.
     - Por quanto tempo vamos ignorar os nossos problemas e deitar toda noite nesse silêncio ensurdecedor? - Me atrevi a perguntar quando ele desligou o celular.
     Senti ele sentar na cama e suspirar - quais exatamente são os nossos problemas? - ele pede, olhando para todos os lados menos pra mim.
     - Eu tenho conversado com a esposa do George e ela não reclama dele ser tão atarefado e passar tantas horas extras no escritório, aliás, ela acha super estranho você ter tantas reuniões depois do expediente.
     - O que você está querendo com isso Jade? - ele perguntou impaciente.
     - Lembra como eramos companheiros, sinceros e amigos um do outro? Eu quero que você olhe nos meus olhos e diga que todas essas reuniões são de verdade Jed. Quero que olhe pra mim e diga que não esta trocando a companhia da sua família por outra mulher!
     Ele finalmente me olha e deixa uma lágrima escorrer, Jed entra em um choro compulsivo segundos depois e eu sei que essa é a resposta que eu estava procurando. Saio do quarto também chorando desesperada sem saber qual seria meu próximo passo. Entro no quarto de Maia tentando não fazer nenhum barulho, cuidadosamente vou deitando em sua cama e de repente ela acorda e me olha com olhinhos confusos.
     - Você tá chorando mamãe? - me pergunta com voz de sono.
     - Tá tudo bem meu amor, mamãe só teve um pesadelo - digo limpando as lágrimas e tentando me recompor.
     - Me abraça forte então mamãe e assim o pesadelo não volta não - ela praticamente se deita sobre meu peito e eu faço exatamente o que ela falou.
     Relaxo sentindo a respiração calma de Maia e pensando na sorte que eu tinha de tê-la em minha vida. Resolvo tentar dormir e pensar no que iria fazer amanhã pela manhã. Tudo o que importava agora estava alí em meus braços.

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Começando minha primeira fic Jerrie, espero que gostem, que comentem, que critiquem, e que me apóiem!
A casa da capa é a casa dos Sr. E Sra. Thirlwall
Essa foi uma cena meio sem contextos mas vocês vão conhecendo melhor nossa Jade conforme os capítulos passam.
Um beijo no coração e até o próximo
~Paula.

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