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- Você está bêbada, Heyoon, não vou deixar você fazer isso. - Sina tira o celular de minhas mãos. - Você não vai mandar mensagem pra merdinha da Any, nem pro babaca do Bailey, por que os dois não te merecem. Primeiramente, você vai tomar um banho, depois se acalmar e dormir. Amanhã, quando estiver com uma ressaca do caralho, vou deixar você mandar o que quiser pra eles.

Faço bico e reviro os olhos. Eu posso mandar eles tomarem no orifício anal depois.

- Tá, Maria. Parece minha mãe. - afirmo e começo a rir.

É a vez de Deinert revirar os olhos, ela odeia que a chame de Maria, mesmo estando levemente bêbada, sei disso.

Conheço a minha melhor amiga.

É como se tivessem feito uma lavagem celebral em mim, isso explicaria a dor de cabeça e os poucos flashes que tenho da noite passada.

Reclamo de algo e vejo que do lado de minha cama, sob meu criado-mudo, há um copo de água e dois pequenos comprimidos com um post-it escrito "Beba Jeong" com a caligrafia de médico de Sina.

Pego os remédios, coloco-os na boca e mando guela à baixo com o auxílio da água.

Depois de uns trinta minutos, desço e vejo Deinert sentada no sofá mexendo no celular dela.

- Está calor aqui... - uma voz, que não me é desconhecida, ecoa do celular dela. - E estamos tão distantes, não acha? Por que não cortamos essa distância, hein?

Eu me lembro disso. Só não sei de onde.

- Vendo pornô essas horas da manhã, Deinert? - ela bloqueia o celular, após o susto que tomou com as minhas primeiras palavras.

Sento ao lado dela no sofá, esticando minhas pernas.

- Não é pornô, Jeong. - ela solta uma risada um tanto nervosa e tenta disfarçar com um sorriso amarelo. - E já se passa do meio-dia.

Fico a encarando, ela não está mentindo, mas está omitindo algo, provavelmente vai trocar de assunto a qualquer momento, talvez perguntando se eu bebi os comprimidos, ou o que eu me lembro de ontem à noite... Muitas opções na verdade.

- Tomou os remédios? - questiona, séria.

Eu sabia! Senhorita Sina Maria Deinert, o quê escondes?

- Qual o problema se não tomei? Não vou morrer. - dou de ombros, sei que isso a irrita.

- Heyoon, suba e vai tomar as porras dos remédios. - ela se altera, mas está controlada.

Os olhos verdes dela mostram que está omitindo algo e eu vou descobrir.

- Se não o que? - me aproximo dela, cada vez mais e mais. - Vai fazer o que?

- E-eu... - Deinert fica sem reação, percebo os olhos dela oscilando, sem fitar os meus.

Continuo a me aproximar, não sabia que tinha esse efeito sobre ela...

Sei que sou bisexual e ela é... do vale, sei que já pensei nela desse modo e ela também e que, quando contamos isso uma pra outra, apenas rimos de nervoso, sei que tenho algumas borboletas na barriga quando temos algum contato mais íntimo do que estamos acostumadas, mas não é como se eu gostasse dela.

Gay panic e sentimentos amorosos são coisas distintas.

- Ah! - esbraveja, se levantando do sofá e dando costas pra mim enquanto anda para a cozinha. - Faz o que você quiser. - ouço, por fim.

Okay. O quê foi isso?

- Faz o que... - repito, desacreditada. Vou pra cozinha e a olho. - O que aconteceu com você, Deinert? Está tudo bem? Bateu a cabeça? O que tem nesse seu celular que te deixou tão... Não-você?

Ela parece irritada, tira o celular do bolso e entrega o aparelho para mim. O desbloqueio e vejo o vídeo que ela estava assistindo.

Agora sei por que a voz não me era desconhecida... Sou eu no vídeo.

Sinto as minhas bochechas queimarem, conforme o vídeo rola, não acreditando no que estou vendo.

Agora eu me lembro!

Eu estava reclamando do calor da balada e comecei a tirar meu vestido, senti mãos prederem as minhas contra meu próprio corpo, me impedindo de ficar seminua e sem calor.

Virei-me bruscamente para ver que pessoa está atrapalhando meu momento de ficar desacalorada, acabei ficando cara a cara com Sina, que subiu as mãos para minha cintura com meu movimento, desci da mesa, com o auxílio dela e fiquei mais perto ainda, quase nas pontas dos pés, encarando sua bela face e fitei a boca dela.

- Está calor aqui... - nesse momento fiz ela apertar minha cintura, colando totalmente nossos corpos. - E estamos muito distantes, não acha? Por que não cortamos essa distância, hein? - mordi meu lábio.

Deinert assentiu em confirmação, poucos segundos depois de minha proposta, logo, nossas bocas se encontram e iniciamos um beijo quente, até demais.

Tudo isso gravado no celular de Sina.

Mas... Por que ela não queria que eu visse o vídeo? Eu estava bêbada...

Puta que me pariu. Ela não estava bêbada. Quando uma bebe, a outra não bebe. É por isso. Ela queria me beijar. Porém, ela sabe que eu não estava sóbria, portanto, não repondia aos meus atos.

Ela pede o celular dela, quando o vídeo se encerra e eu o entrego pra ela.

- Olha aqui. - chamo a atenção dela, antes da mesma tentar sumir da cozinha. - Não foi um erro.

É a única coisa que consegue sair da minha boca, além de um sorriso.

- Pode acreditar que foi, Jeong... - o sorriso desaparece de minha face. - Sei que você estava frustada e com os nervos à flor da pele, por isso me beijou, então, foi um erro sim. Inclusive o cara gato que gravou o vídeo percebeu que você não estava bem, mesmo ambos bêbados.

- Eu sinto...

- Não sinta. - sou interrompida. - Apenas peço que esqueça. Eu também estava mal. Já nos beijamos outras vezes antes, não vai ser agora que vai rolar algo. - gargalha vagamente.

Ainda a encarando, sentindo uma pontada de decepção na fala da mesma, chego a conclusão que ela está certa.

- Não fica com essa cara, hoje Krys, Sav, Shiv e Hina vão vir aqui, talvez o casal ocupado, Any e Lamar também, inclusive eles podem chegar a qualquer momento. Vá tomar um banho, tome os remédios e fique quieta até o bando chegar. Vai, vai, vai. - me expulsa.

Retorno as escadas e subo pro meu quarto.

Após o banho, visto meu conjunto de moletom, deito na cama e quando estou quase fechando os olhos, ouço Hina dar um grito e pular em cima de mim.

Longa tarde, longa noite.

𝙛𝙡𝙞𝙧𝙩 𝙤𝙣 𝙞𝙣𝙨𝙩𝙖; 𝘩𝘦𝘺𝘰𝘰𝘯 𝙟𝙚𝙤𝙣𝙜Onde histórias criam vida. Descubra agora