05 - Adeus Economias

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JIMIN

Já passava das nove quando entrei no sobradinho verde onde cresci. A pequena sala estava arrumada como eu a deixará pela manhã, e o cheiro de comida no ar fez meu estômago roncar. Nossa casa era simples, mas aconchegante.

- Jimin? - chamou tia Bin, da cozinha.

- Sou eu, tia.

Eu a encontrei tirando um assado do forno. Corri para pegar a travessa.

- A senhora não devia estar descansando?

- Vou descansar bastante quando eu morrer. Fiz seu prato preferido. Bisteca de porco na cerveja com batatas coradas. Na verdade, foi a Hyekyo que fez.

Aquele não era o meu prato preferido, e nós dois sabíamos disso. Às vezes, tia Hyebin se comportava como se tivesse três anos.

- Eu acho que estou mais a fim de uma salada. Quer também? - sugeri.

- Você não vai me deixar comer um pedacinho, Ji? - Sua voz era de partir o coração.

Droga!

Peguei um prato, separei uma lasca um pouco menor que meu dedo mindinho e entreguei a ela. Depois despejei a comida em um pote de plástico e, na pressa, deixei cair um pouco de caldo e duas batatas sobre a pia. Enfiei o pote no freezer, grudando as costas na porta.

A tia Hyebin riu.

- Você parece um soldado que acabou de jogar uma granada.

Bem, e não era quase isso? Ao menos para aquele coração doente?

Ela se esticou, puxou para perto o prato com a lasca de bisteca e o aproximou do nariz, inalando profundamente.

- Bem, agora só preciso comer esse fiapo bem devagar e fazê-lo durar para sempre.

Acabei rindo enquanto abria a geladeira, em busca de folhas e legumes para preparar uma salada.

- Como foi o seu dia? - ela perguntou quando coloquei os ingredientes sobre a pia. Abri a torneira e comecei a lavá-los.

- Bem. Tive que ir até a fundação levar uns papéis para a Bae. Depois voltei e consegui colocar mais uma parte do site no ar. E a senhora, o que fez?

Ela balançou a cabeça e sorriu.

- Depois eu conto. Você foi de ônibus?

- De táxi. A empresa que pagou.

- Tem certeza que não quer ir para a autoescola, meu amor? Facilitaria muito pra você se soubesse dirigir. Além de não chegar sempre tão tarde em casa.

O que ela não entendia era que de nada adiantaria ter carteira de motorista se eu não tivesse um carro. Meu salário era ótimo, mas minhas despesas eram altas.

A tia Hyebin tinha uma pequena poupança, e eu não pretendia mexer nela. Eram os sacrifícios de uma vida inteira, seu pezinho de meia. Ela ainda não tinha conseguido se aposentar legalmente, então eu ajudava nas contas da casa. Entre isso, seus remédios e o plano de saúde, acabava não me sobrando muito. E eu estava guardando uma grana para o transplante. Não sabia que tipo de despesa teria quando ele acontecesse. Era melhor estar prevenido.

- Vou pensar no assunto, tia. Cadê a Hye? - Terminei com as folhas, coloquei-as em um escorredor e parti para os tomates.

- Foi pra casa. Ela estava meio desanimada porque o Taehyung não reparou que ela pintou o cabelo. Tem que ser muito desatento para não perceber a mudança de castanho-amêndoa para castanho-avelã.

Perfect Lie [Jikook] Onde histórias criam vida. Descubra agora