Love Y Love

Capítulo 2

P.O.V Daniel

Meu corpo se move conforme a batida da música agitada que invade meus ouvidos. Já eufórico com toda essa agitação, eu viro mais um copo de vodca, a mesma que desce rasgando minha garganta. Ainda oscilando ao passo que me mexo na pista, sinto uma enorme vontade de ir ao banheiro, o que está se repetindo desde quando comecei a beber sem cessar.

Viro-me e vou em direção á porta que fica no outro lado do pequeno salão, e estranhamente percebo ninguém menos que Prior me acompanhando á medida que caminho, e ficando ao meu lado no exato momento em que me aproximo do banheiro.

— Isso é uma perseguição? — Grito tentando ultrapassar o volume da música, enquanto ele permanece calado, apenas me olhando.

— Se for da sua parte, sim. — Seus olhos vermelhos entregam que a sobriedade foi embora há muito tempo.

Ok, isso eu realmente não entendia. Ele foi quem me seguira, por que do nada está agindo como se fosse eu quem estivesse o seguindo?

Abro a boca para falar umas poucas e boas para ele, contudo volto á fechá-la ao perceber que isso com certeza não me levará á lugar algum.

— O que você quer? — Ignoro todas as nossas promessas de amizade da festa interior, o olhando com certa ignorância e bloqueio. Afinal, não sei o que esperar, ele parece tão bêbado.

E o maldito ignora completamente a minha pergunta. Com os pensamentos desorganizados, — só pode ser isso — consegue aproximar nossos corpos antes mesmo que eu perceba. Consigo ver ainda o olhar lúdico, o que de certa forma me tranquiliza. Ele só deve estar bêbado pra caralho, o que isso pode significar? Como se quase encostasse nossas testas, apoia as duas mãos na lateral de minha cabeça, o que destrói toda a tranquilidade presente em mim segundos atrás. Involuntariamente, meus batimentos cardíacos se aceleram. E para aumentar meu pânico, consegue juntar ainda mais os nossos rostos , de forma com que os seus lábios fiquem a centímetros da minha boca. Realmente não entendo o porquê de meu corpo reagir assim.

— Você. — Prior faz questão de manter o contato visual. — Eu sempre quis isso.

— Eu não vou ficar com você. — Rio forçado, sem humor algum. — Tenho certeza que depois disso você vai sair espalhando que eu me aproveitei da sua embriaguez. Sem chance.

— Eu não estou tão bêbado assim. — sua voz sai baixa, o que entrega que ele não está sendo totalmente verdadeiro ao falar isso. — Sei muito bem o que estou fazendo.

— Tenho certeza que você não faria isso sóbrio. — Implico, arqueando as sobrancelhas, buscando uma expressão de deboche.

Que loucura! A menos de duas horas Prior deixou claro que não gosta de mim. Agora ele simplesmente quer uma aproximação? E o pior de tudo, uma aproximação que seria completamente louca e inesperada aos olhos de quem sabe da nossa história de ódio.

— Parei. — ele diz, afasta-se e vira de costas. — Eu já deveria esperar isso, certo? Sempre foi assim, você sempre banca o inacessível.

— Não é isso. — digo um pouco alto pois ele já se encontrava distante. — Eu só não quero ficar com uma pessoa que no final do dia vai me ignorar completamente, você entende?

— Sim. — ele diz e volta se aproximar, me encurralando contra a parede. O pior é que não faço esforço nenhum pra contê-lo. — Mas eu não vou ser tão idiota ao ponto de fazer isso, eu só quero aproveitar o momento. — sussura ao pé do meu ouvido e desce seus lábios, distribuindo beijos por meu pescoço fazendo a minha sanidade ir sumindo pouco a pouco.

Apesar da minha consciência gritar por isso, eu não consigo empurra-lo para longe. Então eu me mantenho ali, completamente entregue a todos os toques e beijos de um cara que um dia fora meu inimigo.