Prólogo - Isabella

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O telefone tocou várias vezes e me mantive firme em ignorá-lo. Não conseguia entender o motivo da insistência. Não eram nem três horas da manhã e alguém continuava me ligando. A noite estava chuvosa e fria, o que era normal para uma cidade grande como esta. Já estava deitada há muito tempo, mas o sono se recusava a vir. Porém, com o som irritante do celular, ficou impossível tentar, de qualquer forma.

Desisti de resistir ao toque insuportável quando percebi que a pessoa não desistiria. Arrastei-me até a mesa da sala e observei os números no visor do telefone. Não consigo reconhecê-lo, mas, ao mesmo tempo, algo nele não me é estranho. Deslizei o botão até que o barulho parasse. Levei o telefone ao ouvido e murmurei um "Alô" fraco. Nenhum som veio do outro lado. Estava pronta para desligar quando começaram a sussurrar:

- Isa? - reconheci a voz da Luciana, a minha irmã. - Graças a Deus você atendeu.

- Luciana? - Espantei-me com sua ligação.

- Sim, sou eu, Isa - sussurrou ela.

Sua voz mostrava um nervosismo e uma pressa que ligou todos os meus alertas. Um som alto e agudo fez sua respiração ficar mais forte e apressada.

- O que está acontecendo? Onde você está, Lu? - Desesperei-me.

- Preciso da sua ajuda, Isa - choramingou.

Meu corpo entrou em modo de batalha, como todas as vezes em que precisei capturar algum bandido. O barulho retornou cada vez mais alto e Luciana gritou com sua aproximação.

- Onde você está? - rosnei.

Surgiu um barulho de passos firmes e decididos. A respiração de Luciana entrecortava e parecia vacilar cada vez que um passo era dado.

- Eu sei onde você está, princesa. - Uma voz sinistra soou ao fundo. - Não vai conseguir se esconder de mim por muito tempo!

Só conseguia ouvir os sons do ambiente. Luciana permanecia em um silêncio infernal. Preparava-me para falar algo quando sua voz retornou:

- Preciso que me faça um favor, Isa - O nervosismo estava estampado em cada palavra que saía da sua boca. - Estou bem, fique tranquila! Porém, preciso que dê um recado ao Nicolas para mim.

- Quem é Nicolas? - Desesperei-me ainda mais.

- O príncipe, Isabella - rosnou. - Por favor, preste atenção! Não tenho muito tempo.

Assustei-me com o grito que veio a seguir. Meu coração martelava no peito e meus pulsos cerraram involuntariamente. Alguém estava machucando Luciana e eu não tinha mais dúvidas disso.

- Eu faço o que precisar, Luciana - choraminguei. - Apenas volte a falar comigo!

- Estou aqui... - um sussurro fraco surgiu do outro lado da linha. - Haja o que houver, me prometa que só dará esse recado diretamente a ele!

- Tá.

- Avisa ao Nicolas que nem tudo era como pensávamos e que ele não pode, de forma alguma, confiar em...

Ouvi outro grito, mas dessa vez mais forte e ainda mais aflito.

- Luciana?! - O telefone ficou mudo e tudo que conseguia ouvir era o barulho de coisas caindo. - Por Deus! Responde Luciana!

A ligação foi encerrada neste exato momento, sem que eu soubesse o que estava acontecendo com minha irmã. Depois disso, estava convicta de uma coisa: eu precisava encontrar esse príncipe e entender o que estava acontecendo.

Desvendando Princesas - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora