Estranhas sensações

780 60 7
                                    

(Lily)

Não foi exagero quando Leopold disse que o dia do aniversário da morte da mãe dos irmãos Biersack seria tão triste. A mansão permaneceu em silêncio o dia todo e nenhum empregado transitava pelo local sem necessidade. O nosso trabalho era quase escasso nesse dia, mas não era nossa folga. Entretanto, Cassidy me explicou a importância de respeitarmos o luto que o Sr. Andrew tinha nesse momento.

Ao passo que todos estavam na cozinha preparando o jantar, fui até o salão de festas para fechar as janelas e acabei me esbarrando em Colson no corredor, pela primeira vez naquele dia, que abriu um grande sorriso ao me ver.

- Lily, como está?

- Estou bem, obrigada. E você?

- Já tive dias melhores. - Me compadeci da expressão triste que se formou em seu rosto que era sempre alegre.

- Sinto muito.

- Obrigado. Na verdade, esse dia não precisava ser assim, mas Andrew não consegue se desapegar.

- Não o culpo, é o momento que ele separou para poder sentir sua dor. Acredito que é importante respeitá-lo.

- É, tem razão. Você entende isso tão bem quanto nós, não é? Cassidy me contou sobre sua família, sinto muito. - Encarei meus pés após agradecer.

O clima naquela casa estava tão triste e pesado que acredito que se ficasse sozinha por algum instante apenas choraria sem parar.

- Acho que você é a garota mais forte que já conheci. Se em algum momento precisar de alguma coisa pode me procurar, vou ficar feliz em ajudar.

Colson havia se aproximado para colocar sua mão em meu ombro e tenho certeza de que o sorriso divertido que se formou em seus lábios foi devido a coloração avermelhada que se espalhou por meu rosto por ter ficado tímida diante de seu olhar sempre profundo.

Ele era sempre simpático e amável com todos, não deveria me encantar pela maneira como me tratava, mas era difícil não ficar sem graça.

- Obrigada.

No entanto, antes de tentar me afastar não deixei de notar que os olhos azuis do Colson eram mais acinzentados do que os do Sr. Andrew, que eram mais parecidos com o tom do céu, mas ambos os olhares tinham um brilho de saudade que não poderia ser saciada.

- É melhor eu ir fechar as janelas do salão... - Me afastei ao passo que minhas mãos começaram a suar graças a minha timidez.

- Eu te ajudo. - Colson deu alguns passos até a porta do salão de festas, abrindo-a em seguida. - Primeiro as damas.

Sorri com o gesto cavalheiresco ao me dar passagem para entrar.

- Não acredito que pediram para você fechar essas coisas sozinha. - O irmão do meu patrão reclamava ao fazer esforço para fechar as imensas janelas.

- Sou mais forte do que pareço.

Brinquei enquanto fazia uma nota mental para pedir ao Herry alguma graxa para passar nas corrediças das janelas. Além de estarem duras, poderiam enferrujar a qualquer momento e se o Sr. Biersack visse teria um colapso nervoso.

- Não duvido de sua força.

- Pronto. - Falei ao trancar a última. - Obrigada pela ajuda.

- Disponha.

Antes que Colson dissesse mais alguma coisa, Helena entrou no salão me chamando.

- Olá, Colson, não sabia que estava aqui. - Ela olhou para nós dois um pouco confusa. - O jantar está quase pronto.

A Bela e a quase Fera (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora