Capítulo Único

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Zoro detestava muitas coisas, como por exemplo ficar longe de suas espadas, ser acordado de seus cochilos, quando seus companheiros se perdiam constantemente, o deixando sozinho, quando lhe privavam de álcool e, acima de tudo, detestava o cozinheiro tarado.

Falando no Ero-cook, havia algumas coisas que Zoro absolutamente detestava nele. Detestava aqueles ternos que pareciam se encaixar perfeitamente no corpo delgado e bem esculpido, detestava a franja ridícula que caia majestosamente sobre aquele olho azul irritantemente brilhante, detestava o sorriso insuportavelmente adorável que fazia os olhos se tornarem apenas dois riscos numa expressão fofa quando servia comida à alguém e o que mais lhe atormentava a porra da obsessão que ele tinha com as mulheres.

E caralho, como aquilo o atormentava! O cozinheiro maldito não podia ver uma mulher que considerasse bonita para sair correndo atrás babando, perdendo toda a compostura que só deveria perder com ele! Quer dizer, que só deveria perder com seu bando, não com desconhecidas por aí. Também era irritantemente insuportável como ele agia com aquelas duas. Robin ao menos tinha a decência de somente agradecer a gentileza – para não dizer gadisse – do loiro, mas a ruiva não. Ela se aproveitava disso para estar sempre a pedir favores – que incluíam dinheiro muitas das vezes – para o idiota que aceitava por um mero par de seios e às vezes uma piscadela ou beijo no rosto, aquela bruxa!

Diante tamanho desconforto que sentia, o esverdeado decidiu que deveria fazer algo quanto a isso. Então se pôs a pensar em como afastaria as mulheres de Sanji, já que o tarado não faria por conta própria.

O problema era que Zoro não era um dos mais inteligentes do bando, claro, possuía um raciocínio incrível quando se tratava de batalhas e momentos de perigo, mas sempre que o Ero-cook estava envolvido parecia que tinha a mesma capacidade cognitiva de uma alga. Se Sanji pudesse ler os seus pensamentos, nesse momento estaria rolando no chão de tanto rir, afinal Zoro realmente era um marimo.

Zoro forçou sua mente além do limite, parecia que até sairia fumaça dos seus neurônios recém queimados, mas nenhuma solução lhe vinha a mente, pelo menos nenhuma que não envolvesse espadas e pessoas cortadas. Não conseguia pensar em nada eficiente e discreto que resolvesse seu problema sem o expor, isso porque se fosse pego teria de responder perguntas desnecessárias que não gostaria. O pior era que Zoro não tinha muitos conhecimentos sobre mulheres e o que elas gostavam e não gostavam, o máximo que sabia era que não gostavam de grosseiria e Sanji, pelo menos com elas, era sempre gentil, então suas opções se tornavam ainda mais escassas.

– Cozinheiro maldito! - Disse entredentes com a mandíbula travada ao ver o loiro mais uma vez sair como uma bailarina idiota rodopiando atrás da Bruxa do mar.

Era nesses momentos que Zoro sentia uma enorme vontade de pular em cima do loiro e arrastá-lo consigo para... Para... Para quê você ia arrastá-lo, Zoro? Para lutar é claro. Ele detestava o loiro, mas gostava de lutar com ele. Tê-lo tão perto de si, tirando toda a pose e concentração que Sanji gostava de manter, sentir as pernas do loiro roçando em seu corpo quando eles caiam rolando pelo chão, sentir o calor que emanava do corpo dele se transferir para o seu e... Não! Não era isso. Gostava de lutar com ele porque, querendo ou não, ele era forte e servia de treinamento, essa era a única razão.

Como um clarão, uma ideia surgiu de repente em sua mente ao vê-lo com uma bandeja de sorvete. Era isso que deveria fazer! Se ele ocupasse o loiro com uma luta ele se esqueceria daquelas duas. Mas como? Deveria mesmo se jogar em cima do loiro? Isso não parecia ser uma má ideia, mas não daria tempo. Ele já estava bem próximo da ruiva. Porra, pensa Zoro!

Os olhos cinzentos percorreram por todo o convés, só agora percebendo que apenas os três estavam presentes, e pousaram sobre a cunca que Ussop usava para o preparo de suas pop green. Com um sorriso malicioso pegou o objeto o atirando na cabeça do loiro que com um solavanco derrubou todo o sorvete em cima da Bruxa.

Prendeu a risada ao ver a ruiva levantar irritada com o tronco e as roupas cobertas por sorvete, proferindo inúmeros palavrões contra o loiro que tentava, a beira de lágrimas, se desculpar com a ruiva ao mesmo tempo que direcionava um olhar assassino ao esverdeado por tê-lo feito fazer as duas coisas que mais odiava em sua vida, desperdiçar comida e ainda por cima incomodar uma dama. Agora sim Nami era uma verdadeira mellorie.

– QUAL O SEU PROBLEMA, DESGRAÇADO!? – O loiro bradava irritado em sua direção após a saída da ruiva, que não se retirou sem antes lhe dar um soco.

– Se você estivesse concentrado poderia ter evitado com seu haki – Veja só, era uma forma de treinamento. O haki exigia concentração e eles deveriam estar atentos a todo momento sem baixar a guarda. Era uma forma de fazer o sobrancelha de espiral se concentrar mais.

– Eu vou matar você, seu maldito! – Sanji correu em direção a Zoro pronto para chutá-lo até os confins do inferno.

Zoro abriu um sorriso malicioso à espera do loiro. Até que enfim! Agora, enquanto rolava pelo chão em uma briga com o Ero-cook, se sentia tranquilo. As coisas estavam como sempre deveriam estar, com o corpo de Sanji colado ao seu, quer dizer, em uma batalha. Sim, era isso que ele precisava para se sentir plácido, entrar em uma batalha e sentir as batidas aceleradas do coração, a respiração ofegante e às pupilas dilatadas pela presença e contato com o loiro, não, pela adrenalina da batalha.

Não tinha a menor noção de como afastaria o pervertido daquele meio mundo de mulheres que surgiam como baratas em todas os lugares que atracavam, muito menos com a esquisita e a Bruxa, mas ele iria pensar em soluções até lá. O que importava era que no fim era sempre ele que estava agarrado no cozinheiro pervertido e se dependesse dele, e iria, ele seria o único.

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