Quando estamos com um bebê nos braços e lidamos com situações difíceis sempre ouvimos o famoso conselho de que vai passar. De fato passa tá? Mas não quer dizer que fica mais fácil, na verdade acho que vai ficando tudo mais desafiador.
A gente troca as noites acordadas pelas mamadas por outros motivos, as horas fazendo papinhas por horas de conversa, os momentos de brincadeiras por horas em que você tenta entender a cabecinha e as necessidades daquele filho que cresce velozmente bem na sua frente.
Sábio foi quem disse que a maternidade era como um vídeo game. Cada fase mais ficando mais ávida da gente, das nossas habilidades, exigindo mais paciência.
E não estou aqui dizendo que ter um bebê não é trabalhoso. Oh céus, é sim! Mas as coisas não ficam mais fáceis, só trocamos o esforço físico pelo esforço mental.
Se antes correr o dia todo atrás de uma criança que acabou de descobrir que podia andar nos deixavam muito cansadas, o cansaço agora é mental, é emocional.
Eles vão crescendo e deixando de deter tantos cuidados físicos, mas cada vez mais requerem cuidados com as pessoas que se tornarão no futuro, por isso requerem cada vez mais exemplos, demandam aprendizados para entenderem e saberem como lidar com os problemas reais da vida.
É quando os conflitos começam a aparecer — e não é mais sobre emprestar ou não o balde do parquinho — que eles vão colocar a prova tudo o que aprenderam conosco.
É quando eles não souberem o que fazer diante de uma situação que vão olhar pra nós e ver como lidamos com as nossas próprias batalhas do dia a dia.
E isso não se ensina com horas de sermões, é com o exemplo, porque não há melhores alunos e professores do que nossos filhos. Eles não nos deixam fingir, não há como falar uma coisa se agimos de outra maneira na vida. Não há pompas ou apresentações nessa aula. Eles estão ali, desde o começo absorvendo tudo, observando tudo e aprendendo tudo, conosco.
Somos desnuados e colocados à prova a todo momento. E nessa jornada de criar crianças do bem, de deixar filhos melhores para o mundo, é quando nos encontramos com nossas próprias falhas. Damos de cara com nosso melhor e também com nosso pior. A busca por autoconhecimento e aprendizado são constantes, melhorando a nós, ensinaremos melhores formas de viver.
É quando a gente percebe que a maternidade tem muito mais a ver com a gente do que a gente pensava no começo. É uma trilha de transformações sem volta, sem tréguas. É preciso sabedoria para reconhecer nossas falhas, esforço para buscar as melhorias, paciência e amor nesse processo. E principalmente humildade para mostrar que, conscientes disso, mesmo longe da perfeição, somos o melhor que podemos ser hoje.
E isso cansa, muito! E mexe com a gente, demais! E lembramos das noites mal dormidas por causa das mamadas e entendemos agora seu valor.
Mas, quando vemos nossos passarinhos alçando seus voos lidando com as diversas situações da vida, quando vemos que podemos ter falado muito sobre um assunto e ensinado de todas as formas e pareciam não escutar, mas quando chegou a hora tomaram a decisão certa, vemos que estávamos o tempo todo ensinando e eles estavam o tempo todo aprendendo. E vice-versa.
Quando vemos que nosso esforço está valendo a pena, que sensação maravilhosa que dá. Dá medo enfrentar o chefão das fases do vídeo game, mas quando a gente vence, vemos o quanto valeu a pena.
Mãe de duas, jornalista, escritora aspirante, apaixonada por literatura, café, séries e pela escrita.
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Crônicas de uma mãe
RandomA maternidade é cheia de emoção, aprendizados, medos, incertezas, certezas, dúvidas, alegrias... e poemas, poesias e crônicas.