Na Ilha

Capítulo 1

Jimin

Junho de 2014

Eu tinha trinta anos quando o hidroavião no qual Jeon Jungkook e eu estávamos viajando caiu no oceano Índico. Jk tinha dezesseis e estava havia três meses em remissão de um linfoma de Hodgkin. O nome do piloto era Johnny, mas ele morreu antes de atingirmos a água.

 
Meu namorado, Jongin, me levou até o aeroporto, embora ele fosse o terceiro na lista das pessoas que eu gostaria que me levassem, atrás da minha mãe e do meu irmão, Jihyun. Atravessamos a multidão, puxando malas pesadas com rodinhas, e fiquei pensando se todos Busan tinham decidido voar para algum lugar naquele dia. Quando finalmente chegamos ao guichê da Air Busan, o atendente do check-in sorriu, etiquetou minha bagagem e me entregou o cartão de embarque.

--- Obrigado, Sr. Park. Já fiz seu check-in para Malé. Tenha uma boa viagem.

Enfiei meu cartão de embarque na bolsa e virei para me despedir de Jongin.

--- Obrigado por me trazer.

--- Eu acompanho você, Jimin.

--- Não precisa --- falei, balançando a cabeça.

Ele hesitou.

--- Mas eu quero.

Arrastamos os pés em silêncio, seguindo a turba de passageiros que avançava lentamente. No portão, Jongin perguntou:

--- Como ele é?

--- Magro e careca.

Esquadrinhei a multidão e sorri  quando avistei Jungkook, porque agora sua cabeça estava coberta por cabelos castanhos escuros curtos. Acenei, e ele me respondeu com um movimento de cabeça enquanto o garoto sentado ao lado dele o cutucava nas costas com o cotovelo.

--- Quem é o outro? --- perguntou Jongin.

--- Acho que é um amigo dele, Taehyung.

Esparramados nas cadeiras, os dois vestiam-se como a maioria dos garotos de dezesseis anos: Camisetas largas, shorts e tênis com cadarços desamarrados. Uma mochila azul-marinho estava no chão as pés de Jungkook.

--- Tem certeza de que quer fazer isso? --- perguntou Jongin.

Ele enfiou as mãos nos bolsos de trás e tirou o carpete surtado do aeroporto.

Bem, um de nós tem que fazer alguma coisa.

--- Tenho.

--- Por favor, não tome nenhuma decisão antes de voltar.

Vindo da parte dele, era um pedido no mínimo irônico, mas achei melhor não tocar no assunto.

--- Eu disse que não ia tomar.

Mas, na verdade, só havia uma opção. Eu só decidira adia-la até o fim do verão.

Jongin colocou os braços em volta da minha cintura e me beijou, por muitos segundos a mais do que deveria fazê-lo em público. Constrangido, me afastei.