O sinal ensurdecedor soava intensamente anunciando o terceiro tempo. Michele já estava entediada, não aguentava mais explicações sobre novos assuntos daquele bimestre e estava rezando para não surtar dentro da sala de aula. No entanto, manteve a sensatez, pensou na hora do intervalo, que já estava próximo, e em breve, finalmente, degustaria seu sanduíche de bacon que havia preparado antes de ir para a escola.
Imediatamente, Anderson, o professor de Sociologia, emergiu dentro da sala de aula saudando uma boa tarde aos alunos, logo colocando seu equipamento didático na mesa, iniciando o novo conteúdo de algum capítulo do livro.
Enquanto o educador explicava sobre as teorias de Max Weber, Michele, que sequer prestava atenção na aula, olhava intensamente (de soslaio) para Gabriel Fontana, o admirando secretamente, soltando suspiros e dizendo mentalmente a si mesma o quanto ele era lindo e como ela deveria tomar coragem para se aproximar mais dele. Bem, não é como se não tivessem se falado antes. Às vezes trocavam algumas palavras e outras, no entanto não era nada comparado a ter aquela certa intimidade que amigos tendem a ter. Eles nem sequer eram amigos, o que a deixava extremamente chateada.
O garoto de pele negra, dono dos olhos cor-de-mel cintilantes e dos mais belos invejáveis cachos da escola, o mesmo cujo o qual não fazia a mínima ideia de que estava sendo observado por sua admiradora secreta, fazia parte da típica turma do fundão, e agora debatia com os amigos sobre a Champions League no meio das explicações teóricas da aula.
Entre um bate boca e outro, o professor pausando a sua explicação pela décima quarta vez parou no meio da sala e mirou seu par de olhos para os alunos do fundão. O restante da turma, entretida, observava a cena , enquanto o típico grupo da zueira ainda discutia sobre o mesmo assunto idiota de minutos atrás.
— Gabriel , Guilherme e Bruno, essa já é a milésima vez que eu paro minha aula por causa de vocês. Já que vocês gostam tanto de debater sobre futebol, suponho então que saibam do assunto de hoje melhor do que eu, então por que não venham aqui pra frente explicar o conteúdo pra gente? Adoraríamos escutar o que vocês têm a dizer — o professor, mostrando sua expressão impaciente, supôs, em um tom desafiador.
Os garotos alarmados, entre olharam-se, enquanto Gabriel, que não parecia nada preocupado, soltou um sorriso sarcástico.
— Desculpe, mas eu não me formei em sociologia. — respondeu, debochado.
Anderson observando o comportamento do garoto, fungou, causando um clima tenso na sala. Por mais que estivesse furioso, apenas lançou um sorriso amargurado de deboche e encarou seu aluno fixamente, causando um arrepio no rapaz.
— Então acho que não se importaria de dizer isso pra orientadora. — por fim, disse, sentando-se à mesa fazendo uma ficha sobre os três alunos petulantes.
— Ah, qual é, professor! A gente não tá fazendo nada! — exclamou o rapaz, insatisfeito.
O professor ignorando o aluno apenas atravessou o outro lado da sala, abriu a porta e chamou dona Maria, uma das inspetoras do colégio, para que pudesse acompanhar os três até a orientação.
A turma murmurava um "Iiih" fazendo Michele revirar os olhos impacientemente, no entanto ainda achando graça da situação.
Por fim, com a saída do trio, o mais velho recompou-se e voltou a lecionar a aula.
— Bem, onde estávamos? — Anderson questionou, fazendo uma pausa — Ah, sim. Então, a ação social é…
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A CULPA É DOS CRUSHS
Teen FictionMichele Alexandre era apenas mais uma adolescente comum tentando sobreviver no Ensino Médio e apesar de algumas dificuldades tudo estava indo bem, quando começou a se apaixonar por seu colega de classe, Gabriel Fontana, o carinha charmoso que fazia...