dancer' ⁘ jikook

༶ uma noite

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Jungkook havia segurado o cartão entre seus dedos por vários e vários minutos em momentos distintos. Era um cartão simples, branco, com uma logo que consistia de um P dentro de um C, escritos em dourado e um nome que explicava as letras "Corporação Park". Virando o cartão, era possível ler dois números de telefone, mas o que interessava a Jungkook estava escrito a mão em uma caligrafia elegante, "Park Jimin" juntamente com um terceiro número de telefone.

Seus lábios se curvavam em sorrisos, pois ele ainda se lembrava daquela noite, três semanas atrás, tinha usado preto e couro daquela vez e embora ele raramente prestasse atenção aos rostos de quem o assistia, foi impossível não reparar no homem engravatado que observava sua performance como se estivesse assistindo a uma palestra importante, o olhar atento mas impassível, muito diferente do tipo de olhar que ostentava os outros dois homens que o acompanhavam aquela noite.

O cartão que recebeu quando estava se trocando depois de sua apresentação, também não era uma novidade para ele, desde que começara a trabalhar naquela boate, tinha recebido inúmeras propostas e inúmeros cartões e aquela tinha sido uma das poucas vezes em que digitara o número em seu celular.

Primeiro ele falou com uma mulher que se identificara como "secretária Kim" e quando disse seu nome, a ligação foi passada ao dono do cartão, Jungkook ficou impressionado em como a voz dele era firme e um pouco grave, era uma voz séria para quem tinha entregue seu contato a alguém como Jungkook, não que ele se considerasse um qualquer ou que não tinha atributos suficientes para recebê-lo, mas era de se pensar que um CEO com aquele timbre, não fosse o tipo que pagasse por aquele tipo de diversão, normalmente eles tinham uma fala mais mansa. De todo modo, também não era tão surpreendente.

Depois do contato, houveram ajustes e acertos ao longo daqueles dias, para que as coisas funcionassem como deveriam para as duas partes. Ele não fazia isso com frequência, até porquê, não era um acompanhante profissional, mas também não era um idiota que deixava passar uma boa oportunidade de fazer dinheiro e se ele fosse ser sincero, o fato daquele homem ser muito bonito e atraente, tinha tido sua parcela de peso na decisão.

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Assim que chegou a casa, se é que podia chamar assim - já que era tão grande que ele mal podia acreditar que ainda estava na mesma cidade -, foi conduzido a um quarto que chamaram de camarim e onde poderia se arrumar. Jungkook tirou a mochila das costas e olhou cada parte do aposento, tentando não se chocar demais em como era bonito e confortável, quase maior que seu apartamento todo, tinha tudo que ele precisaria ali e mais, havia comida e Jungkook reparou que tinha um banheiro, mas ele estava mais ansioso para ver a roupa que vestiria. Não chegou a pensar profundamente sobre isso, apenas quis aproveitar a oportunidade quando o homem lhe perguntou sobre o figurino e enviou um de seus designs. Na realidade, era isso que gostaria de estar fazendo de sua vida, porém, o universo tinha outros planos para ele.

Ao andar até o armário, o abriu sem cerimônia e sorriu ao ver seu desenho que havia ganhado vida e estava em tamanho natural. Ele mordeu o lábio passando a ponta dos dedos pelo tecido, era leve e gostoso. Jungkook suspirou se afastando ainda com aquele sorriso e comeu um pouco, antes de entrar no banheiro, pois obviamente, mesmo que tivesse tomado banho em casa e se preparado, ele ia encher aquela banheira, tinha apenas que descobrir como, o que ele fez depois de alguns minutos na internet.

Quando saiu, embolado em um roupão macio e confortável, deitou um pouco, apreciando a cama macia, antes de finalmente começar a se arrumar, tomando um pouco da bebida que estava disponível para si no quarto - sempre bebia um pouco antes de se apresentar, o ajudava a relaxar. Fez a maquiagem como tinha aprendido em seus anos trabalhando naquele lugar, que não tinham sido muitos, mas suficientes, ajeitou o cabelo da forma que gostaria, diferente da vez em que o homem o tinha visto, melhor, afinal, ele tinha pagado muito bem por aquilo. Colocou um pouco de seu perfume que tinha trazido na mochila e finalmente vestiu a roupa, novamente sorrindo, um sorriso orgulhoso e genuíno, que logo morreu ao se lembrar de que aquela seria possivelmente a primeira e última vez que um de seus desenhos ganharia vida daquela forma.