Capítulo Um

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10 de dezembro de 2005

Faz um ano que em que eu e minha família havia se mudado para um sítio no interior de Minas Gerais. Vovô havia falecido e decidiu deixar minha mãe como a dona do lugar, já que ela era sua filha mais velha.

    O lugar era grande e bastante agradável. O tipo de lugar aonde você encontra uma cadeira de balanço na varanda, celeiro, varios cercados para os animais e plantações. Havia também enorme lago nos fundos da casa, perto da clareira. O serviço de minha mãe ficava a 45 min da Fazenda e na semana passada ela havia ganhado uma promoção a qual ela ocuparia um cargo melhor.
Quando minha avó Cecília disse que o sítio seria da minha nossa familia ela ficou empolgada, afinal ela planejou a reconstrução do lugar. Mas sua empolgação acabou logo na primeira semana.
Os galos cacarejavam cedo acordando todo mundo as 5h da manhã, levando minha mãe a loucura. Ela não gostou nenhum pouco de ter que acordar cedo pra cuidar dos animais, então pediu para que papai contratasse uma empregado nos dias da semana, enquanto eu cuidaria dos animais e ela fazia fazia os serviços de domésticos. Quando eu tinha completado 12 anos meu avô Pedro tinha me presenteado com um cavalo. Minha mãe não gostou nem um pouco disso, ela morria de medo de cavalo. Meu pai disse que eu poderia aceitar o presente mas so iria montar depois que fizesse 15 anos, então nomeei o cavalo de Alasão, um verdadeiro Puro-Sangue. Ainda não havia me acostumado com o calor extremo do interior de Minas.
Era sábado de manhã e eu ainda não havia me acostumado com o calor extremo do interior. Havia acordado cedo e pegado alguns ovos no galinheiro, tirado leite de uma de nossas vacas e alimentado os porcos. Quando acabei o serviço entrei pro banheiro pra tomar um banho gelado!

Não havia se passado 5 minutos e papai já havia batido na porta 2° vezes! Leonardo era um cara de meia idade, com um sorriso bem cansado no rosto. Quem o conhecia nunca entendia o porque ele trabalhar tanto, ele dizia que quando era mais novo seu pai havia deixado sua mãe então ele teve que virar homem cedo, talvez por isso seja marrento do jeito que é!

Quando terminei meu banho sai do banheiro o encontrei na mesa da cozinha bebericando seu café enquanto lia alguma notícia no jornal, minha mãe apareceu logo em seguida segurando uma forma de bolo de fubá que Dona Geralda havia feito na noite anterior antes de voltar para sua casa. Dona Geralda era uma mulata de 49 anos, bastante simpática e uma ótima dona de casa, que vivia sempre passando as receitas culinárias e extremamente deliciosas para minha mãe que parecia esquecer tudo quando ia prepara-las.

-Vou precisar ir no centro da cidade e você vai ter que vir comigo, Arthur. Tenho que buscar Katarina na rodoviária e comprar rações para os animais. - Disse meu pai antes de dar mais de dar mais alguns gole em seu café

Katarina era a irmã mais nova de mamãe e quando eramos mais novos ela me ensinava a tocar violão e a estudar matemática, já que eu odiava a materia! Quando morávamos em em nosso apartamento em Florianópolis ela sempre ficava comigo nos finais de semana.
Sempre era foi difícil comemorar as festas de finais de ano com toda a família, o apartamento ficava pequeno sempre que os parentes de papai e mamãe se juntavam ali oque me causava bastante fobia e no final a festa sempre acabava em briga, na maioria das vezes era o irmão de meu pai, Cleaber com Alejandro o esposo da minha tia Marcia, irmã de minha mãe. O assunto sempre era a existência de Deus e os modos de como a Igreja Católica são mais tradicionais que os da Evangélica. Talvez tenha sido esse o motivos de Katarina ter largado da igreja cedo se tornado uma grande professora de filosofia. Sempre que a discussão começava ela saia pra varanda e acendia um cigarro, uma vez perguntei a ela oque achava das igrejas ele respondeu que era uma "BABOSEIRA" deu mais algumas tratadas no seu cigarro e disse que minha avó estava nos chamanos!

***

Já era quase 11:00 e estávamos nos preparando para ir ao centro da cidade, meus pais estavam em uma conversa eufórica enquanto eu tentava pentear meu cabelo cacheado, numa tentativa que não estava dando muito certo. Meu cabelo nunca ficará do jeito em que eu o arrumo, não importa oque eu faça! "Rebelde" pensei. Enquanto bagunçava ele novamente. Meus pais sempre falaram pra mim cortar o cabelo, mas como um bom adolescente não dei muita ideia, depois de alguns anos eles pararam de me perturbar e me deixaram em paz. Minha mãe apareceu na porta a alguns segundos atrás e me olhava enquanto me arrumava.

- Oque foi? Perguntei. Enquanto ela andava até mim e ajeitava minha a gola de minha camisa.

- Sei que o trabalho aqui na fazenda é duro e que você ainda sente saudade da sua antiga vida em Florianópolis, Arthur. Mas não podemos mais voltar, nossa vida agora é aqui. - Fiquei esperando ela terminar o discurso de sempre. Havia quase quatro meses que eu não conversava mais com meus amigos, não sabia nem se ainda tinha amigos naquele lugar. Minha mãe tinha 38 anos era uma mulher baixinha mas acabou pegando um bronzeado depois que nos mudamos pra cá, vivia com um óculos sempre enfiado entre o nariz oque dava uma charme a mais nela. Quem a olhava nem imaginaria que ela passou anos trancada dentro de uma sala de Arquitetura planejando cada detalhe reconstrução desse lugar lugar. Ela disse que tenho que me preocupar apenas em passar no vestibular e conseguir uma bolsa para alguma faculdade da cidade.

Quando finalmente terminei de me arrumar meu pai já estava me esperando dentro da caminhonete. Pedi para ele destrancar a porta e entrei. O caminho da cidade foi tranquilo, meu pai nunca foi de falar muito. As vezes quebrava o silêncio me perguntando se eu ja escolhi aonde vou cursar meu ultimo ano. Se já pensei no que fazer depois do vestibular. Apenas respondi que as aulas iam começar daqui a 3 meses e que havia muito oque pensar! Na verdade eu nem sabia se ia passar no Vestibular

***

Enquanto esperamos a chegada de Katarina na rodoviária, a banda Pedro The Lion está tocando alto no rádio da caminhonete e o som preenche meus ouvidos vejo muitas pessoas passando ali, algumas apressadas outras ainda perdidas. Meu pai pega o telefone e liga pra ela e avisa que estamos esperando no estacionamento. Alguns minutos depois ela aparece descendo de um onibus de viagem olhando de um lado para o outro até nos encontrar e caminhar lentamente em nossa direção. Katarina tinha 25 anos. Ela está com o visual diferente da última vez que a vi, parece que ela tingiu algumas mechas do cabelo de rosa e fez mais algumas tatuagens pelo corpo! Ela realmente sempre foi linda, se não fosse a nossa diferença de idade...

"THUR" disse dando um beijo em minhas bochechas. "Que saudade eu estava de você seu lindo". logo em seguida dando um aceno para meu pai que estava no banco do motorista. Desci do carro para ajudar ela com as bagagens. Ela pareceu agradecida.

-E então, vamos? Estou morrendo de saudade de Agnes! Ela diz se referindo a minha mãe.

Ela senta com as pernas cruzadas no assento do passageiro de trás, a bonita voz dela é escondida pelo volume de uma música americana. Ela comenta que a música tem uma tradução linda e que Aerosmith é sua banda favorita.

- Diga a eles para olhar pra cima. Diga a eles que se lembrem das estrelas." Ela fala traduzindo a letra da música!

Meu pai e eu trocamos um rapido olhar e rimos da situação, eu havia esquecido o quão maluca ela era!

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⏰ Última atualização: Mar 24, 2021 ⏰

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