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O primeiro grau do heroísmo é vencer o medo.

G. Bona

Maratona 3/3

Julia 

      O que eu faço com você?...- essa pergunta rondava a minha mente, na minha casa não tinha nada de criança.

       Desde muito cedo eu sabia que era praticamente nula as chances  de eu gerar um filho. Com quinze anos eu descobri que tinha endometriose e sabia que essa doença não tinha cura. Lembro-me  de ficar desolada quando o médico me deu essa notícia, o sonho de algumas mulheres é poder gerar o próprio  filho, comigo não era diferente.

         Me sentia insuficiente, por causa disso. Com o tempo eu aprendi a lidar com esse sentimento.

         Agora quando eu menos espero, encontro um bebê praticamente jogado no lixo. Meu coração se aperta em saber que ele foi abandonado e que já tão novinho sofreu um abandono deste tamanho. Me pego pensando, e se eu não tivesse ido ao mercado, é bem provável que ele ainda estaria lá com frio e sozinho.

         Observo ele dormir calamente, percebo que a chuva já acalmou. Decido ligar na famacia e pedir coisa de bebê, pelo menos para a higiene e alimentação dele.

         Depois de fazer o pedido das coisas para ele resolvo ligar para Gabi, quem sabe ela não pode me socorrer.

        Ligação On

      Oi mona- falou assim que atendeu.

      Oi, preciso de ajuda...

      O que você fez?

      Nada, só resgatei um bebê que estava na caçamba de lixo- falei e a linha ficou muda - Gabi...

      Você fez o que?!- praticamente gritou.

      Resgatei um be...- me interrompeu.

      Estou indo ai

      Traz alguma roupa de bebê por favor, ele não tem nada - supliquei.

       Tá daqui a pouco eu chego ai 

Ligação Off

     Fui para a cozinha pegar uma água, mais fui interrompida pelo barulho do interfone. O porteiro me avisou que tinha chegado encomenda para mim, como ele já conhecia Gabi pedi para que ele lhe desse as coisas.

     Voltei para o meu quarto, precisava ver aquele pequeno. Ele ainda dormia calmamente, me peguei admirando ele tão pequeno e indefeso.  Me invadiu um sentimento de proteção, tinha vontade de pegar aquele serzinha e cuidar, proteger ele de todos os perigos. 

     Despertei dos meus pensamentos, com o chorinho dele. Peguei ele no colo e o ninei.

     - Calma pequeno - tentei acalmá-lo mais sem sucesso- Shii, calma pequeno - ninei ele até o mesmo parar de chorar.

     Ele me olhava, com aqueles olhinhos cheios de lágrimas, eu já estava quase chorando junto quando escutei a câmpainha. Abri a porta e Gabi entrou.

Meu Chefe Devasso ( Pausada temporariamente)Onde histórias criam vida. Descubra agora