Capítulo 1

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Ayla

Levantei. Mais um dia normal tinha começado. Confesso que essa rotina de confinamento, pandemia, ficar em casa, e tudo mais já estava me cansando. Eu sempre fui uma pessoa que gostava muito de sair, então vocês podem imaginar o quanto estava sofrendo. Porém, também não vou fingir ser santa e falar que não saí nenhuma vez, eu saí sim, porém foi com gente que eu conhecia e sabia que ia ser tudo tranquilo e não teria aglomeração, normalmente era na casa dos meus melhores amigos, ou então ficava sentada na calçada da minha casa com eles, ou seja, coisas nada demais. Quando eu não tinha aula online da faculdade, tirava o dia pra ver filmes e séries, ou ajudar os meus pais com as coisas em casa. Além disso, aproveitava pra procurar um emprego, porque meus pais não bancariam a burguesa que existia dentro de mim a vida toda, eu teria que me virar.

Fui até o banheiro, escovei os dentes, tomei um banho e voltei para o quarto quando terminei. Como eu não teria nada pra fazer de tarde, coloquei uma roupa confortável, e liguei o notebook para ver a aula. Eu estava no 2º semestre da faculdade de Enfermagem, demorei um pouco pra começar, mas quando comecei não me arrependi nem um pouco, era tudo o que eu imaginava. Eu teria 3 aulas no dia, então enquanto a professora não aparecia, eu fui pegar alguma coisa pra comer. Não conseguia ver a aula de estômago vazio. Peguei um pacote de bolacha e sentei em frente a escrivaninha. A aula começou e eu dediquei toda a minha atenção a ela, sempre fazendo as anotações necessárias e tirando as minhas dúvidas. Eu sentia muita falta da aula presencial, mas estava começando a me acostumar com a EaD.

Eu estava tão focada na aula, prestando atenção em cada palavra que nem percebi que a hora tinha passado tão rápido, e já estava no fim. Quando a professora terminou, eu desliguei o computador, coloquei-o para carregar e fui até a cozinha.

Minha mãe já havia preparado o café e meu pai já tinha saído para trabalhar. Como a empresa da minha mãe optou por fazer Home Office ela estava trabalhando em casa mesmo. E ela adorava, assim, podia fazer hora extra a vontade, e o salário vinha um pouco melhor, era vantagem para os dois lado, a empresa não perdia o funcionário e minha mãe não perdia o emprego né.

-Bom diaaa! -cantarolei

-Acordou animada, hein? Como foi a aula? -ela sorriu

-Tranquila, cada vez mais eu percebo que é isso o que eu quero pra mim.

-Que bom! Não vai cometer o mesmo erro que eu, sabe né?

-Eu sei. Não vou não, mãe.

Minha mãe tinha começado a faculdade aos 18 anos, assim que terminou o Ensino Médio, porém quando estava no segundo ano da faculdade, ela trancou o curso porque tinha percebido que não era isso o que ela queria. Ficou mais um ano sem estudar, e voltou à faculdade aos 20. Porém, trancou novamente. Dessa vez ficou 2 anos sem estudar, aproveitou para focar em si mesma, e pensar sobre o que queria de verdade. Aos 22 ela finalmente se achou, e conseguiu terminar o curso. Agora ela é formada em Psicologia, e pós-graduada em Psicologia Criminal. Além disso, é o meu maior orgulho, uma pessoa em quem eu me inspiro muito.

Sentei para tomar o meu café enquanto minha mãe se preparava para trabalhar. Não comi muito, afinal, aquele pacote de bolacha havia me deixado satisfeita. Tirei as coisas da mesa, coloquei na pia, dobrei a toalha e guardei em uma das gavetas do armário. Depois lavei a pequena louça que tinha. Minha mãe já estava concentrada então fui para o meu quarto e peguei o celular. Como sempre, já haviam algumas mensagens dos meus melhores amigos. Abri a da Alice primeiro.

"Oi, lindaa! Bom dia! Quer vir aqui em

casa mais tarde? Chama o Leo também!"

"Bom diaaa! Eu vou ver se minha mãe não

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