Capítulo 1

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Ela corria.

Corria tanto que seus pés descalços já estavam feridos pela rua asfaltada, mas não podia parar; não até sair dali, não até ao menos passar pela fronteira.

Para realizar o último pedido de seu pai.

"Corra até a fronteira, como se o mundo dependesse disso. Procure o homem ruivo, e diga que tem uma mensagem do Cervo-prateado."

Uma lágrima escorreu, e ela rapidamente à enxugou. Não poderia chorar. Não agora, quando tudo estava em jogo. Deixaria isso para depois. Mesmo sabendo que se odiaria por isso; por ter fugido. Por ter deixado seu pai se entregar à morte, para que vivesse.

Ela cerrou os punhos.

Nunca se esqueceria daquela noite. Do último sorriso de seu pai ao se despedir, da sua impotência diante da situação, se fosse mais forte... Seu corpo começou a tremer. Não...ela não se esqueceria. Mas de nada valeria o sacrifício de seu pai se falhasse, se morresse no caminho.

Ela parou.

O barulho do esgoto fluindo e de sua respiração ofegante preencheram o beco.

A jovem fechou os olhos, controlou a respiração; e não se preocupou em rezar para quaisquer forças sobrenaturais que existissem, pois ao abrir os olhos verdes faiscando, os próprios Deuses se encolheram.

Ela já corria á horas, e finalmente conseguia ver as luzes da vigília noturna na estalagem fronteiriça

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Ela já corria á horas, e finalmente conseguia ver as luzes da vigília noturna na estalagem fronteiriça. A jovem virou no beco a sua direita adentrando no coração da cidade. Ela esperava ouvir músicas alegres e pessoas bêbadas comemorando o solstício de verão, porém...

Estava vazio, as tavernas estavam fechadas, e as ruas desérticas, sem nenhuma decoração.

Algo estava errado. Muito errado. Seu coração batia freneticamente enquanto corria desesperada para dentro da floresta em direção a vigília.

Não, Não, Não...

A jovem já podia enxergar as pedras da estalagem e as silhuetas dançando sob a luz do fogo.

Tomara eu estejam bem, tomara que est...

Antes que pudesse sequer piscar, um corpo rígido se chocou contra o dela os jogando no chão e rolando sem parar até se chocarem contra um enorme carvalho.

Uma voz masculina xingou.Ela conhecia o dono.

-Cedric? -Perguntou com a voz falhando. Ainda deitado com os braços fortes a envolvendo ele respondeu:

-O que você está fazendo aqui? -Grunhiu o jovem se levantando. Ela se sentou e agarrou as graminhas do chão com força entre os dedos.

Ele engoliu seco.

-Daena?

Um par de olhos azuis a encarava.Ela virou o rosto trincando os dentes; E o jovem cambaleou para trás, se apoiando com dificuldade no carvalho.

Lágrimas de cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora