A garota dos olhos negros

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      Todos já estavam no salão principal, era de manhã, a maioria dos alunos tomava seu café da manhã, outros conversavam, alguns estudavam feitiços. Enquanto isso acontecia, Leonora estava passeando pelos corredores antes das aulas começarem, estava sem fome, haviam várias dúvidas em seus pensamentos, na noite passada teve um pequeno pesadelo que estava a assombrando. Uma mulher cantando uma bela canção, seu rosto estava embaçado, não dava para reconhecer, mas ela emanava um sentimento aconchegante, era familiar, logo tudo começou a escurecer, sentiu um gosto de sangue na boca, um choramingo de longe, era de um homem, estava segurando nos braços um corpo, uma mulher, de cabelos negros, pele pálida. Olhou atentamente, não era a mesma mulher que estava cantando a pouco, mas eram muito parecida, de repente ouviu um choro, era de um bebê, ele estava caído no chão de mármore frio, chorava aos berros. Seu corpo era miúdo, pela tão clara que podia ver suas veias, seus cabelos curtos eram negros, parecidos com os do garoto que estava ao lado, ele soltou o corpo já sem vida, e pegou a criança no colo, fez carinho em sua cabeça, logo o bebê parou de chorar, abriu seus pequenos olhos que eram no tom de esmeralda, e encarou o garoto.
-Não se preocupe pequena, você vai ficar segura, mas longe de mim.- Caminhou com o bebê ainda nos braços, estava indo em direção para longe de Leonora, que não conseguia se mexer, só podia observar -Não quero perder você, sua mãe falaria a mesma coisa.
     E logo desapareceu, Leonora sentia um sufoco, não conseguia respirar, sua cabeça latejava, quando acordou percebeu que todos ainda estava dormindo, se levantou silenciosamente, colocou seu uniforme, limpou seu rosto, foi em direção a saída do dormitório feminino, e saiu da sala comunal da sonserina.
      E lá estava ela, andando por horas pelos corredores, conversando com os fantasmas, e observando os corredores se encher de alunos, a única coisa que ela queria era faltar às aulas da manhã, e ficar perambulando pelo castelo, mas não podia, não sendo filha de um professor, tinha que manter sua reputação intacta. Logo ouviu o sinal do relógio, estava na hora da primeira aula, como era uma aluna do quarto ano, sua primeira aula era de poções juntos com alguns alunos da grifinória, aquilo era irritante, os sonserinos não se davam bem com os grifinórios, era uma tolice ainda tentar dar uma aula com essas duas casas juntas. E mesmo assim insistiam, já dava pra imaginar seu pai quase arrancando seus cabelos de tanta raiva, ele que sempre sofria com essas grades de aula, mas nunca discordava das ordens de Dumbledore.
     Estava indo em direção a sala de aula quando foi puxada pela cintura, e sentiu um par de mãos sobre seus olhos, logo não conseguiu não ver mais nada.
-O que temos aqui?-falou uma voz que Leonora já conhecia há tempos.- A filha de Severo Snape, mas que honra.-puxou ainda mais a cintura de Leonora para trás.
-Haha você é tão engraçado.-falou em um tom sarcástico, ainda sem enxergar, Leonora ergueu suas mãos em direção aos seus olhos, tocou nas mãos do outro garoto, eram bem maiores do que as suas, eram magras, dava pra sentir os seus grossos ossos.-Deixe me adivinhar, se eu descobrir qual é qual, vocês me devem 10 galeões.
-Fechado.-afirmou os dois segurando ainda com mais força Leonora contra eles.
-Jorge está tampando meus olhos e Fred segurando minha cintura.-Logo sentiu as mãos sendo retiradas de seu corpo, tanto de seus olhos quanto de sua cintura.
-Francamente mulher, e ainda diz que é nossa melhor amiga.-bufou Jorge revirando os olhos, pegou 5 galeões do bolso e entregou a Leonora, Fred fez o mesmo.-Como que você sempre acerta?
-Chute.-sorriu e guardou o dinheiro dentro da saia.-O que estão fazendo aqui? Deveriam estar na aula de feitiços.
-A gente veio te ver, você não apareceu no salão principal.-Fred disse cruzando os braços.-O que aconteceu?
-Fiquei sem fome, e não queria olhar na cara do Malfoy.-revirou os olhos, Leonora já não suportava mais ficar perto de Draco Malfoy, ele era muito mesquinho, e sempre que podia arrumava briga com Leonora.-Acho que se vê-lo, não vou aguentar e jogar um flipendo nele.
-Adoraria ver essa cena, mas acho que seu pai te mataria.-gargalhou Fred.-Imagina se você fosse processada por isso, ano passado o Bicusso quase morreu porque o Draco foi um arrogante com o animal.
-Nem me diga, meu coração quase se partiu ao saber que o Bicusso iria morrer. Se isso acontecesse, eu juro que eu mesma ia matar o Draco Malfoy.- cruzou os braços, e virou o rosto de lado.
    O sinal tocou mais uma vez, avisando que as aulas estavam prestes acontecer, Leonora ficou tensa, seu pai já devia estar prestes a começar a aula, ele a mataria se não chegasse no horário.
-Tô atrasada!-deu um abraço nos gêmeos e correu em direção a sala de aula.-Nos vemos no almoço!
-Nos vemos lá!-gritaram de volta, logo não conseguiram mais ver Leonora correndo pelos corredores.
Jorge de um tapa nas costas de Fred, Fred sentiu uma ardência e um calafrio percorrer seu corpo.
-O que deu em você!?-exclamou Fred pegando na gola da camisa de Jorge.-Por que me bateu!?
-Vou te bater até tomar coragem de chamar ela pra sair.-bufou se soltando de Fred e indo em direção para as escadas do segundo andar, Fred veio atrás.-Não te entendo, Fred, faz 5 anos que está apaixonado pela Leonora, e você não faz nada a respeito.
-Estou fazendo o meu máximo, Jorge.-desabafou caminhando junto de seu irmão.-É mais difícil do que eu imaginava, é fácil falar com as outras garotas, mas a Leonora, é como se ela me desse borboletas no estômago.
-Alguma hora terá que dizer, quanto mais Leonora envelhece, mais ela fica bonita.-colocou seu braço no ombro de Fred enquanto caminhavam para a aula de feitiços.-Algum dia, até mesmo Draco Malfoy vai se interessar por ela.
-Mas nem fudendo!-retrucou Fred entrando na sala de aula.
-Se tu continuar medroso como está, até Draco terá coragem pra isso.-seguiu para dentro da sala.-Então se apruma, se não alguém vai.
-Entendi, não precisa jogar na cara.-franziu o cenho se sentando na cadeira. Jorge se sentou ao seu lado.-Vou chamar ela, eu juro.
Jorge deu de ombros, e se debruçou na mesa. Fred estava prestes a dizer algo, porém o professor Flitwick começou sua aula, o garoto se endireitou na cadeira, tentou se interessar na aula, mas sem resultado, só pensava em uma coisa, não uma coisa, mas alguém, alguém que fez ele ficar perdido entre os pensamentos durante 5 anos.

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