𝟬𝟬𝟮

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ANGIE WISLLY

— Que droga! — grito batendo as mãos no meu volante. Quero chorar, mas as lágrimas não saem. — Justo hoje e agora essa porra de pneu me resolve furar, sério? Caralho só pode ter algo conspirando contra mim! — exclamo sozinha em meu carro.

Cansada, já fora do carro, me encosto nele e fico ali pensativa por um tempo. Com os braços cruzados esperando o tempo passar, tentei ligar pra que alguém me ajudasse, mas nada.

Pra que serve o pneu de step se não sei trocar?

Observo o lugar onde estou, as luzes dos postes iluminando toda essa rua desconhecida por mim. Eu sempre acho que conheço toda minha cidade até me encontrar estacionada numa rua em que sempre passo mas nem dou atenção aos detalhes. Os carros passando freneticamente. Essa rua é estranhamente movimentada.

Havia um bar ali na frente, juntei o útil ao agradável, por que não? Já tá tudo uma merda mesmo.

Pego minha carteira e entro no bar. De fora não parece ser tão glamuroso quanto realmente é, e eu estou aqui, com essa blusa manchada feita uma idiota.

Me sento em frente o balcão e lá se foram 3 rodadas, minha mente já estava começando a ficar embaraçada, infelizmente sou fraca pra bebida, e além disso, ao invés de ficar o tipo de bêbada divertida, eu fico mais extrovertida e falante que o normal, oque meus amigos acham um saco.

— Boa noite moça, posso ajudar em algo? — uma voz rouca e sexy me pergunta, era como num encanto da sereia, e caso eu estivesse um pouco mais bêbada e esse cara fosse um pervertido...

— Olá querido, na verdade, sim. Você trabalha aqui? — Pergunto com a voz um pouco falha.

— Por enquanto, sim. — Ele responde educadamente.

— hmm. — resmungo. — Não tem cara de barman.

— Obrigada, eu acho! — o moreno a minha frente passa a mão pelos cabelos e sorri, ele pega mais uma bebida pra mim e sai de trás do balcão pra servir outras mesas.

Depois de mais um drink e dois shots, ja não sinto meu cérebro funcionar de forma coerente.

Percebo meu celular vibrando, e haviam duas mensagens de pessoas diferentes.

Uma, do meu ex ficante, e óbvio que vou ignorar.
Já a outra, era do meu irmão, Steve. Que diabos tinha na cabeça de minha mãe ao dar um celular pra uma criança de 8 anos?

Abro a mensagem e vejo que era um video, coloco pra carregar e demora um pouco mais já que estou usando 3g.

Abro o vídeo e era um vídeo dele cantando parabéns pra mim e comendo a merda do meu bolo. Achei fofo, porém nessas condições, não tô afim de um parabéns.

Um pouco alterada começo a gravar um áudio pra ele:

— Ei meu doce, muito obrigada, não gostei de ter comido meu bolo! — digo com a voz embargada, bem alterada. — mas a irmã fez uma versão melhor, veja só: "Parabéns para mim, nessa data fo-di-da, eu perdi meu emprego, e o controle da minha vida, eeeeeeeh." Comemoro sem ânimo e desligo o celular o jogando na bolsa novamente.

Nem percebi que o barman estava na minha frente preparando alguma bebida pra alguém que não sou eu.

— Foi criativa. — ele diz sorrindo. — É seu aniversário? Parabéns! — ele diz e dou um sorriso fraco. — Mas pelo visto não quer comemorar né.

— Não mesmo! Foi tudo uma merda hoje, queria poder dizer: "pior que ta não dá pra ficar", mas disse mais cedo e perdi a merda do emprego.

— Nossa, que merda!

— Pois é, sai de casa atrasada, manchei a porra da blusa de café, e provavelmente nunca mais vai sair. Eu amava essa blusa! — digo apontando pra mesma.

Percebo o moreno a minha frente se sentando, provavelmente num banquinho como o meu, só que do outro lado.

— Se não fosse minha família fazendo uma surpresa no meu horário de saída, talvez eu não me atrasasse tanto e meu chefe não iria me despedir. Bom, meu antigo chefe.

— Como dizem, família é uma benção! — ele diz de forma sarcástica me fazendo rir.

— E pra melhorar, quando eu estava saindo da editora, um ex ficante me mandou mensagem com um típico "não é você, sou eu" terminando oque nós tínhamos. Ele era um chato mesmo, nem queria mais, mas tinha um p.. — coloco a mão na boca corando levemente com o que eu estava prestes a dizer. O garoto na minha frente ri de forma sarcástica.

— Nao digo que trabalhar naquela editora era um sonho, mas trabalhar em uma editora era meu sonho. Apesar do chefe de merda, eu aprendi muita coisa lá. Agora como vou pagar a faculdade e seguir meu sonho de ser escritora? Eu só precisava de mais esse ano lá, mas esse merda tinha que me demitir logo agora. — digo passando a mão pelo cabelo.

— Sei como é, também trabalho aqui pra pagar umas dívidas da faculdade, eu já terminei, mas fiquei devendo algumas coisas.

— Sério? Tem quantos anos?

— 24. E você, agora tem quantos? — ele diz apoiando os cotovelos no balcão e o queixo nas mãos.

— 22, e talvez não de tempo de completar 23 já que o dia de hoje tá sendo tão merda, estou com medo de morrer!

— Não exagera! — Ele ri saindo da posição anterior pegando um borrifador ao seu lado.

— É pecado dever, sabia? — digo voltando ao assunto de sua faculdade.

— Ei, não me julgue, eu estou pagando! — ele diz rindo e eu também.

— Inclusive, qual seu nome? — Reuno todas as minhas forças pra falar, estava começando a ficar com sono.

— Timotheé Chalamet, prazer!

— Angie Wislly. — Dou um sorriso e só depois de uns minutos eu percebo que ele estava arrumando as coisas pra fechar o bar. — eu tô te prendendo aqui né? Sorry.

— Relaxa. — ele sorri borrifando algo no balcão e passando um paninho logo após.

— Eu preciso ir embora, não estou bem. — Digo esfregando os olhos pelo sono causado pelo álcool.

— Percebi. — ele da os ombros sorrindo de lado e dou um leve tapa no mesmo.

— ei, não fale assim de mim! — faço um bico e ele ri mais ainda. — foi ótimo te conhecer Timmy, até minha próxima demissão. — digo tentando me levantar e percebendo que o chamei por um apelido, patético.

Nessa tentativa falha de me levantar eu quase caio e ele me segura no braço a tempo.

— Acho que vai precisar de ajuda. — Ele diz pegando o telefone com a mão que não me segurava ligando pra um uber. Resmungo um "é" e ele sorri pela milésima vez na noite, não que eu não goste.

Depois de ter ligado pro uber ele termina de arrumar algumas mesas e eu fico sentada o observando já que não tenho condição de ajudar.

Conversamos sobre algumas coisas, mas ele mais falou do que eu, oque é impressionante já que a faladeira sou eu, mas estava com tanto sono que quase dormi em cima do balcão.

Escuto uma buzina e Timothée me chama pelo nome, logo depois vindo até mim, ele coloca meu braço esquerdo em volta de seu pescoço e segura respeitosamente em meu quadril para me apoiar.

— Seu tarado! — Digo ironicamente e ele me mostra a língua.

— Esse carro é seu? — Ele diz apontando pro meu carro que estava estacionado em frente ao bar.

— Sim! Por favor não deixe ninguém roubar! — Faço beicinho e ele acente com a cabeça.

— Não deixarei. — Ele diz me colocando dentro do uber logo após abrir a porta. — Chegue bem em casa Angie, não faça nada de errado, e tome sua bolsa.

— Oh meu Deus, você é um anjo, quase que literalmente! Tchauzinho! — aceno e ele sorri fechando a porta do carro.

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To cagada com medo de repetir no EAD. Como vocês estão?

𝐻𝐴𝑃𝑃𝑌 𝐵𝐼𝑅𝑇𝐻𝐷𝐴𝑌 | T. CHALAMETOnde histórias criam vida. Descubra agora