OCEAN

décimo terceiro

Ainda bem que tenho você. Obrigada pela sua amizade." –mandei uma mensagem logo quando cheguei em casa, depois de um dos nossos passeios é claro.

"Amizades de muitos anos" – ele disse, com certeza, afirmando que a nossa amizade repentina ia durar muitos anos, porque né (a gente se conheceu a alguns meses).

"Você é a minha alegria depois de um dia chato e entediante" – ele falou.

"Eu ainda não sei porquê a gente faz isso. Mas tudo bem. Hahaha!" – eu, sinceramente, não entendia o porquê em tão pouco tempo eu já tinha vivido tantas coisas com alguém que nunca imaginei viver em anos com outras pessoas.

"Não queira saber, nem eu quero entender. Deixa desentendido mesmo. Ou você acha errado?"

"Eu não acho nada errado. Eu só acho que a gente deveria ir para outros lugares, tudo bem. Eu sei que aqui não tem muitos lugares para ir" –eu não escondia que estava "viciada" em estar com ele e sentir toda aquela adrenalina que ele transmitia.

"Podemos ir naquele lugar cheio de árvores e pessoas que te levei naquele dia, só que podemos ir a noite"

"Vamos! Podemos ir na estrada também a noite"

"Fala sério, você não se garante!" –ele disse debochando da minha cara.

"Vamos ver então. Não tem nada lá, você que tá com medo"

"Só tem a luz das estrelas lá, de lá algumas constelações ficam mais visíveis. Vamos amanhã então, mas vamos só até um certo pedaço. Também não quero quebrar a moto, né." –ele disse, e eu fiquei cheia de animação. Mas para falar a verdade, eu não acreditava que íamos parar na única estrada da cidade, que não levava a lugar nenhum, deserta, no meio da noite, só pra fazer absolutamente nada? Só pela "amizade" mesmo? E observar as estrelas? Tá bom, eu tenho que admitir que era INCRÍVEL. Mas, eu, cética. Não estava crendo em tal loucura. – "então vamos? Essas loucuras eu só faço com você."

Fiquei pensando em como era difícil chegar na estrada, tinha que passar por uma rua de terra e muitos buracos. (Bem vindos a minha cidade. Que nunca melhora, só piora). -"se aventurar é legal, mas nas ruas ruins já é demais."

"Hahahaha! Nós temos escolha?"

"Você quer mesmo ir na estrada? Hahahaha. É muita loucura!"

"Vamos, apenas até um certo pedaço. Depois podemos parar em algum lugar pra fazer um lanche. Vamos?"

Não tinha como não negar que eu queria muito ir, mesmo descrente e tudo.

Não faz mal sonhar, né?

"Bora!" –falei cheia de empolgação.

"Beleza! Sai cedo do trabalho, hein. Haha. Vou rezar para ser um dia ensolarado e bom."

"Mano, vai ser bom!"

"Vaaaai. É bom para sair da rotina, de maneira louca. Eu gosto disso."

"Eu gosto de você." –MANDEI E LITERALMENTE DESLIGUEI O CELULAR. Fui dormir com um sorriso bobo no rosto.

O que estava acontecendo? Eu não sei. Mas gostava da sensação.