Capítulo 1

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New Hampshire – Estados Unidos da América, 25/03/1951, 10:25

Grace Bennett tamborilava os dedos impacientemente na sala de espera do Quartel General de New Hampshire. Gotas de suor eram perceptíveis nas laterais de seu rosto pálido. Todo esse nervosismo era resultado do comunicado de seu superior, o capitão da terceira divisão do exército americano, David Carter. O capitão tinha mandado chamar Grace para uma pequena reunião confidencial e importante. Bom, reuniões confidenciais e importantes deixavam a morena com uma ansiedade inexplicável... "E se eu fosse transferida? E se eu tivesse feito algo de errado?", ela pensava descontroladamente.

Desde nova, Grace sonhava em entrar para o exército - um sonho incomum para uma garotinha risonha. A ideia de ajudar as pessoas com sua lealdade e honra a fascinava. Aos 18 entrou na Academia de Formação de Enfermagem Militar, e se formou com sucesso, ajudando, inclusive, soldados feridos em pequenas guerrilhas internas. Com 23, decidiu elevar seu posto e além de enfermeira, agora é subtenente formada – ou seja, além de "remendar" os combatentes, ela também é encarregada da parte burocrática do Quartel. Um trabalho gratificante, segundo a mesma.

- Senhorita Bennett? O capitão a espera em sua sala.

A voz da Sra. Willians interrompeu seus dedos nervosos. Grace assentiu sorrindo para a secretária, com um leve cumprimento. Ao caminho da sala principal, ela enxugou suas palmas na saia marrom e endireitou a postura. Bateu três vezes na porta e a voz grave falou:

- Entre, subtenente.

Ela adentrou a sala revestidas de tons neutros, um tanto melancólica. Retratos de antecessores do cargo e medalhas de honra eram esbanjadas nas paredes sem dó. Grace sentou na cadeira a frente do capitão e cruzou as pernas, curiosa.

- Acho que nós já sabemos o porquê de você estar aqui.

"Sabíamos?"

- Seu desempenho nesses últimos anos foi espetacular. Ajudou o grupo oficial das enfermeiras na guerrilha do Maine e contribuiu com o planejamento de fuga dos cadetes do Sul, além de ter conquistado a patente de subtenente em um pequeno espaço de tempo... Você sempre me fascinou. - O capitão Carter disse lendo a ficha da moça, que agora estava aliviada em saber que, ao que parecia, não estava metida em nenhuma encrenca. - Com certeza você é uma das melhores oficiais que fazem parte da minha divisão. - Ele a fitou.

- Obrigada, senhor. Sempre irei fazer o máximo para ajudar as pessoas e o país.

- Sabe que não precisamos de formalidades, Grace... - Ele franziu o cenho. - Nós sabemos que sempre te admirei como pessoa e profissional.

Grace suspirou e assentiu. Desde que tinha entrado para a terceira divisão, David tentava uma oportunidade de se aproximar dela. No começo tiveram um pequeno romance, mas depois se tornaram grandes amigos e confidentes. Um caso com um capitão 20 anos mais velho não parecia uma boa ideia, mas ambos ainda se amavam, como irmãos. Desde então, se ajudavam dentro daquele Quartel frio e bucólico.

- Desculpe-me... Você sabe que é difícil administrar quando eu devo te chamar de "David" ou "Senhor". - Ela disse com um sorriso.

- Aqui eu sou o David, Grace. - Uma risada descontraída foi ouvida. - Mas se eu precisasse chamar sua atenção, digamos que o "capitão" entraria em cena.

- Entendido, senhor.

Carter revirou os olhos.

- Bom, irei explicar o motivo dessa conversa. Como já havia dito, seu desempenho a coloca em uma posição confortável, digamos...

Ela o fitou com mais interesse.

- Descobrimos que os soviéticos fizeram um grande roubo de armas e bombas em nossa base polonesa, além de executarem grande parte dos soldados responsáveis. Com certeza, isso não foi tolerado pelo general. - Ele cruzou os braços.

Doomed to Love (Condenados ao Amor)Onde histórias criam vida. Descubra agora