Hoje, poderia ser mais um dia comum. Entre tantos outros que tenho vivido na rotina árdua que estou habituada, mas estou com um pressentimento de que algo vai acontecer. Desde que consegui juntar dinheiro suficiente para dar entrada no meu loft venho trabalhando feito doida, das 09:00 as 15:30 na Biblioteca Pública Municipal e das 18:00 a 00:00 no Panorama Beer. Apesar da rotina exaustiva, eu me sinto nas nuvens ao pagar cada parcela do meu sonho. Todo esforço digno por um dinheirinho extra se fazia necessário, pretendia uma vida mais desacelerada no futuro, mas pra isso preciso me esforçar agora.
Sinto falta de quando tinha mais momentos livres para visitar minha avó, Rachel. É um habito que tenho desde a infância e que me faz muitíssimo bem, todas as coisas que eu sei fazer aprendi com ela, desde os doces que vendi na adolescência para tirar um extra, as receitas milagrosas da fazenda, mas principalmente meu amor por livros.
O movimento na biblioteca se da por conta do grande número de campus e escolas que a cidade possuí, mas em épocas como essa, de férias estudantis tudo fica mais tranquilo, e de certa forma tedioso. Nesses dias de calmaria, eu aproveito para dar baixa em livros devolvidos e devolver as prateleiras corretas os espalhados por entre as mesas. Mas quando realmente fico sem nada pra fazer, me ponho a ler os enigmáticos livros da Agatha Christie ou mais e mais romances que fazem meu coração bater esperançoso de que um dia, seja eu a protagonista.
Por outro lado, no turno da noite as coisas vão de vento em polpa, anotando e servindo pedidos a cada minuto. No começo foi difícil, mas com a ajuda de Alex, fui conseguindo pegar o jeito da coisa. Tirando as cantadas de alguns bêbados que passam da conta, é um trabalho digno e que aprendi a amar de todo coração, tenho uma gerente maravilhosa, sem falar nas gorjetas sempre generosas. Hoje tem um jogo importante, por isso provavelmente fecharemos mais tarde do que de habitual, a minha sorte é que amanhã estarei de folga durante o dia, a biblioteca não abre aos finais de semana.
Depois de horas andando pra lá e pra cá com uma bandeja nas mãos, servindo grandes copos de cerveja e drinks bem elaborados, finalmente encerramos e expediente. Eu morava a poucos quarteirões do PUB, então fazia o caminho de volta sozinha diariamente. Como eu disse, hoje poderia ser apenas mais um dia comum, mas assim como eu pressentia, não era. Faltando duas quadras pra chegar em casa, ouvi o barulho de tiros, amedrontada tive a reação que me pareceu mais logica no momento e me escondi, por sorte a tempo dos homens que saiam do beco correndo não conseguirem me ver.
Não sei quanto tempo fiquei escondida, totalmente atordoada, até ouvir o que parecia um pedido de ajuda. Juntei toda a coragem que eu tinha e andei pé ante pé ate o beco mal iluminado. Foi quando vi um homem no chão, com um corte na barriga e o braço esquerdo sangrando demais, sentado no chão sujo, escorando seu peso em uma parede. Conforme cheguei mais perto, pude notar o quão forte e grande ele era, suas roupas que de baratas não tinham nada, e como apesar do perigo eminente estampado na sua cara, ele estava vulnerável. Eu não podia ver aquilo e não fazer nada, e se ele morresse sem que eu tivesse ajudado? Não conseguiria dormir por semanas me culpando.
Resolvi fazer de vez o que minha mente e meu coração tanto pediam. Me ajoelhei na frente do homem, sem me importar em sujar meus jeans surrados desde que fizesse o certo.
-Moço, meu nome é Eva. consegue falar comigo? - Fitei seus olhos semicerrados, provavelmente pela dor que estava sentindo enquanto esperava uma resposta - Estava indo pra casa quando ouvir o barulho dos tiros e me escondi, depois ouvi você e cheguei aqui.
Assim que terminei de falar, ele me lançou um olhar analítico e profundo, que me deixou totalmente presa, como em um transe. Depois de tomar algumas lufadas de ar profundamente ele me respondeu como uma voz firme, porém com dificuldade clara por conta da situação em que se encontrava.
-Por favor, pegue meu telefone no bolso do paletó, do lado direito e ligue para o primeiro contato da lista, diga aonde estamos e que estou ferido.
Eva sem querer correr o risco dos mesmos caras que saíram do beco, voltassem para confirmar se haviam feito corretamente o serviço, serviu de apoio ao homem para que fossem ao Loft, ficar em segurança. Mesmo sem saber se ele fazia parte dos vilões ou mocinhos, algo naquele olhar a hipnotizara e fizera com que ela considerasse que sim, ele era de confiança.
As duas quadras pareceram dobrar de tamanho com todo o esforço que ela fez para apoiar o homem muito grande comparado a si, ela se quer sabia o nome dele mas o ajudará a ficar em pé e estava disposta a leva-lo para segurança de seu lar. Quando eles por fim entraram, o cara simplesmente apagou, e ela sem mais a quem recorrer, uma vez em sua casa fez o que ele havia pedido. Minutos depois, já ditava o endereço a quem quer que fosse do outro lado da linha, pondo-se a esperar e orar que fosse quem fosse chegasse em breve.
Não demorou muito para que o desconhecido acordasse gemendo de dor, Eva correu ao seu auxilio com seu kit de primeiros socorros em mãos. Ao se sentar em frente ao homem, ele mais uma vez a fitou com seus incríveis olhos encantadores.
-Eva, não sei em quanto tempo minha equipe chegará aqui, a dor que estou sentindo no braço esta me enlouquecendo, por favor, retire a bala e faça um curativo.
Ela nunca havia feito isso, pelo menos não em um ser humano, ajudar animais na fazenda de seus avós era uma coisa, lavar e tratar de seus próprios joelhos ralados nem se comparava com fazer esse tipo de procedimento. Mesmo receosa, ela tomou coragem, lavou as mãos, pegou uma pinça longa, respirou fundo e cutucou o buraco que o tiro havia deixado no braço do homem a sua frente.
Enquanto ele tentava não demonstrar o quanto estava doendo, ela tentava terminar aquilo de uma vez, e assim que de fato acabou, passou um pouco da pomada caseira que obviamente era uma receita que vinha de sua avó e que segundo ela fazia milagres e enfaixou. Com o homem um pouco mais calmo e aparentemente sofrendo menos, ela conseguiu relaxar e sentiu seu coração bater no ritimo de sempre.
-Sabe, eu jamais pensei que viveria algo assim um dia. Achava que esse tipo de coisa so acontecia em filme de ação. - Disse Eva depois de algum tempo pensativa. -A propósito, qual seu nome?
Ela não sabia se estava querendo saber algo que não era da sua conta, afinal, o cara tinha sido baleado, o celular e o relógio caro que ele usava, não haviam sido levados, então algo de errado havia em toda a situação. Mas ainda sim ela preferiu ignorar o lado racional que gritava isso na sua mente, dando ouvidos apenas ao lado que dizia que ela tinha direito de saber pelo menos isso, já que o havia ajudado.
- Ravi, meu nome é Ravi. Saiba, Eva que apesar de ser uma atitude imprudente a sua me trazendo aqui, serei grato eternamente por salvar a minha vida.- Enquanto ele falava, eu só conseguia notar o quão bonito ele era, mesmo estando na situação em que esta. Por Deus, Eva, isso não é hora de medir beleza. Sua mente trabalhava a mil por hora, pensando em mil perguntas que gostaria de fazer, mas foi interrompida com a frase pronta na ponta da língua ao tocarem sua campainha.
GENTEEEEE, 1348 PALAVRAS!! TO A ALGUNS DIAS PENSANDO EM ESCREVER ESSA FIC, MESMO SEM SABER DIREITO QUE RUMO ELA VAI SEGUIR, ME SENTI SATISFEITA EM CONSEGUIR DAR ESSE PASSINHO GIGANTE, OBRIGADA A QUEM LER, SE PUDEREM DEIXEM UM VOTINHO <3
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Feiche de Luz
ChickLitEva, foi criada em um lar feliz. Com pais amorosos e carinhosos, que sempre mostraram a filha como ver o lado positivo das adversidades. Quando criança era delicada e bondosa, procurando sempre ajudar quando necessário. Desde de alimentar os animai...