Novo lar

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Me chamo Lucas. Quero te contar minha história. Não é uma daquelas histórias que você vê por aí. Na verdade você talvez se identifique com a minha história, principalmente se você já sentiu saudades de alguém que você amava muito. Ah, a saudade! Sentimento tão necessário, e ao mesmo tempo, tão doloroso... Mas enfim, vou começar a história antes que eu comece a vaguear entre assuntos aleatórios. Faço muito isso. Enfim, vamos começar do começo, pra fazer mais sentido. Pra isso, temos que voltar há 13 anos atrás, quando eu tinha apenas 8 anos de idade - Pois é, a idade chega pra todos... mas minha barba e cabelo ainda não estão brancos!

Meus pais, meu irmão James e eu morávamos numa pequena casinha no nordeste do Brasil, no estado da Bahia. Levávamos uma vida bem precária, devido a nossa situação financeira. Meu pai trabalhava numa fábrica de mandioca como funcionário, e minha mãe costurava, às vezes. Apesar de todo o estresse financeiro, lembro-me bem que éramos uma família feliz e bem unida. Meu pai sempre fazia questão de passar um tempo com a família, e organizava atividades divertidas.

Porém o ano de 2008 chegou, e algo estava prestes a mudar nossas vidas para sempre. Meu tio materno, Tiago e sua esposa Suelen, moram na Nova Zelândia desde que nasci. Eles mudaram para lá em 1996, assim que casaram. Eu sempre gostei muito de praia, mas me dá certa aflição o alto mar. Pensar na profundidade do oceano me tira o fôlego, sei lá. Talvez eu tenha fobia do mar... Como chama isso mesmo? Enfim, não sei se você sabe, mas a Nova Zelândia é uma ilha, parecida com o Japão. Oceano, oceano... Por todos os lados! Mas voltando à minha história... Assim que se mudaram pra lá, meu tio conseguiu um ótimo emprego em uma indústria de pesca. Com o tempo ele foi crescendo na empresa, e se tornou gerente. Acho que você deve ter entendido onde quero chegar.

Em 2008, meu pai foi demitido da padaria onde trabalhava, e ficamos sem rumo. O tio Tiaguinho - pois é, assim que o chamamos - ficou sabendo que meu pai estava desempregado e de nossa humilde situação. Então ele conversou com o seu chefe, e telefonou para minha mãe, para lhes fazer uma proposta. Ele tinha conseguido uma vaga para meu pai na empresa de pesca! Meus pais ficaram muito gratos, mas a preocupação veio logo em seguida. "Como vamos chegar até lá? Como vamos nos acostumar a toda cultura e idioma de um outro país?" Claro, suas preocupações eram totalmente aceitáveis. Mas meus tios os confortaram dizendo que iam cuidar de tudo. Eles moravam próximo a praia, e tinham construído uma casa a mais no seu enorme terreno, para acomodar turistas que iam visitar e conhecer as belas paisagens da Nova Zelândia, inclusive as praias.

Depois de muita conversa, meus pais decidiram se mudar. Eu estava super empolgado. Um novo país, tudo novo! Pra mim só o fato de viajar de avião era o máximo! Eu ainda ia morar perto da praia... Sim, eu fui uma criança muito feliz nesse momento. Aliás, depois que nos mudamos, estávamos muito felizes. Eu vi meus pais sorrindo, como já não via há muito tempo.

Mas como nem tudo é flores, um grande desastre estava prestes a tirar a alegria de toda a nossa família.

Até O FimOnde histórias criam vida. Descubra agora